sábado, 16 de março de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 398/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo 

Primeira Carta aos Coríntios – 6

 – “Vós sois o corpo de Cristo e sois seus membros, cada um no seu lugar que Deus lhe estabeleceu na sua Igreja, sendo por ordem: Apóstolos, profetas, mestres, os que têm o dom dos milagres, das curas, da assistência, da direcção, o dom de falar línguas. (12, 27-28)

– Como mentor a que se arvorou e arauto do Cristianismo, Paulo inventa todas aquelas categorias que formariam o corpo da Igreja nascente. Mas – com franqueza! – tendo sido ele que inventariou aquelas funções, como diz que foi Deus que lhes estabeleceu um lugar na sua Igreja? E Deus tem uma Igreja?

Aliás, Deus, para Paulo, era o tradicional Javé dos judeus, agora vestido de roupagem nova, como sendo Deus do Amor e não o guerreiro do AT que lutava sempre ao lado do povo hebreu, protegendo-o e favorecendo-o nas batalhas e conquistas, sempre de uma crueldade extrema e estúpida, pois, nelas – segundo a “Sagrada” Bíblia – passavam tudo a fio de espada: homens, mulheres, crianças e animais…, com o aplauso e conivência do mesmo Deus Javé! Grande Deus, aquele Javé sanguinário!

É, obviamente, uma visão de Deus muito mesquinha, por muito humana, nada tendo a ver com o Deus realmente existente, ETERNO e INFINITO que, por isso, “tem mais que fazer" do que andar preocupado com sua excelência o Homem! Que presunção, meu Deus, e que ignorância estupidificante, pensar Deus de tal modo!

Segue-se o conhecidíssimo poema de Paulo sobre o AMOR. Lindo! Inspirado aquele Paulo, naquele momento! Vale a pena transcrevê-lo na íntegra e… com poucos comentários.

– “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos,

Se não tivesse amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente.

Ainda que tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência,

Ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas,

Se não tivesse amor, nada seria.

Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos,

Ainda que eu entregasse o meus corpo às chamas,

Se não tivesse amor, nada disso me adiantaria.

O amor é paciente, o amor é prestativo.

Não é invejoso, não se ostenta não se incha de orgulho.

Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse,

Não se irrita, não guarda rancor.

Não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade.

Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais passará…” (13, 1-8)

– Aqui, perguntaríamos o que era para Paulo o Amor. É que sabemos que o AMOR tem muitas nuances e muitos graus, desde a amizade, à paixão, ao amor propriamente dito que será a entrega de dois seres um ao outro, com todos os predicados acima enunciados. Mas tudo ao nível do humano, da emoção, dos sentimentos, não sendo a religião nem Deus – o suposto amor de Deus pelos Homens – para aqui chamados.

E amar verdadeiramente não é tarefa humana fácil. É que isto de ser paciente, prestativo, não invejoso, não orgulhoso, não inconveniente, não procurando o seu interesse, não se irritando nem guardando rancor, alegrando-se apenas com a justiça e a Verdade, tudo desculpando, em tudo acreditando (sem se ser ingénuo, claro!), tudo esperando, tudo suportando…, exige muito de uma pessoa. E as pessoas têm os seus limites. Muitos limites mesmo...

Dizer que o amor jamais passará cremos que seja muito assertivo, pois, bem analisadas as coisas da vida quer privada, quer social, quer em política a nível mundial, é o amor – e o seu contrário: o ódio – que fazem mover o mundo…

sábado, 9 de março de 2024

Onde a Verdade da Bíbli? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 397/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo – 397/?

 Primeira Carta aos Coríntios - 5

– “O homem não deve cobrir a cabeça porque é imagem e glória de Deus; mas a mulher é a glória do homem. Pois o homem não foi tirado da mulher mas a mulher foi tirada do homem.” (11,7)

– Paulo continua a basear-se na Bíblia. Ora, sobre a credibilidade da Bíblia já dissemos tudo, quando fizemos aqui a análise crítica do AT.

Resumindo: a Bíblia do AT, nas suas duas partes – Livros de leis e históricos e livros sapienciais e proféticos – não é mais do que a história do povo hebreu, eivada de lendas e misticismos, por um lado, por outro, a recolha feita pelos sacerdotes, nos anos 500 AC, aquando no cativeiro da Babilónia que se prolongou por 80 anos, de orações ao seu deus Javé, histórias mais ou menos exemplares, profecias depois dos factos acontecerem…, mostrando a cultura da época e daquele povo, nada tendo a ver com ser a Palavra de Deus.

Por isso, não podemos dar qualquer credibilidade a Paulo, quando se baseia na Bíblia e suas histórias da "Carochinha" para provar o que está afirmando.

– “E o homem não foi criado para a mulher, mas a mulher foi criada para o homem. Sendo assim, a mulher deve trazer sobre a cabeça o sinal da sua dependência, por causa dos anjos.” (11, 8-10)

– Aqui, Paulo estragou por completo os laivos de equidade que atrás referiu na relação homem-mulher. E que sinal de dependência deve a mulher trazer sobre a cabeça? E… por causa dos anjos, personagens que não existem ou existem apenas no imaginário das pessoas que os inventaram? Temos vontade de exclamar: “Pobre Paulo e pobre religião que o tem por… Doutor!”

– “Recebi pessoalmente do Senhor aquilo que vos transmiti: Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu corpo que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim.» (11,23-24)”

– Aqui está a primeira vez que tal frase foi proferida na Igreja e que continua a proferir-se nas missas para os fiéis acreditarem que, àquelas palavras, por magia divina – seja lá isso o que for! – aquela hóstia se transforma no corpo do homem-deus – ou Filho de Deus! – de nome Jesus e a quem chamaram de Cristo, o Enviado do Pai, o Messias, o Salvador que, ao morrer na cruz, (coisa estapafúrdia totalmente contrária ao apregoado Deus de Amor) redimiu o Homem do pecado original – coisa que não existiu, pois os seus autores – Adão e Eva – também não existiram, e lhe ofereceu o Céu… por toda a eternidade. E foi a chamada EUCARISTIA! Temos também vontade de exclamar: “Viva a fantasia de alguns homens”! E também: “Viva a capacidade de milhões acreditarem nesse punhado de homens que tal inventaram!”

– “Por isso, todo aquele que comer do pão e beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor…, come e bebe a própria condenação.” (11,27-28)

– Mais uma afirmação que não faz qualquer sentido já que nem o pão é corpo nem o vinho é sangue do Senhor que não foi Senhor, mas apenas um judeu com ideias revolucionárias, ideias pelas quais veio a morrer por serem contrárias às politiquices religiosas da altura, digladiando-se sacerdotes, escribas e fariseus que foram chamados por Jesus de hipócritas e sepulcros caiados de branco…

E aquele “Recebi pessoalmente do Senhor” só revela que Paulo confundia sonhos ou fantasias com a realidade, querendo transformar aqueles nesta.

sexta-feira, 1 de março de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 396/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo 

 Primeira Carta aos Coríntios - 4

 – “Imorais, idólatras, adúlteros, depravados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, caluniadores, não irão herdar o Reino de Deus.” (6,9)

– Nós acrescentaríamos: “Nem na Terra, nem no Céu!” A Terra sabemos que existe. O Céu pertence à fantasia. Não sabemos onde fica nem o que realmente é, tal como não sabemos o que é realmente o Reino de Deus…

– “Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que está em vós e vos foi dado por Deus?” (6,19)

– Até é bonito. Mas não tem qualquer fundamento ou significado, pois o que é isso do Espírito Santo? E porque é que o nosso corpo é templo desse Espírito? O corpo é apenas o suporte da nossa parte espiritual, a que se convencionou chamar de alma – anima para os latinos, psiqué para os gregos – mas que não é mais do que o nosso cérebro, órgão onde toda a parte não-matéria de nós se processa: inteligência, vontade, consciência, desejos, sentimentos…

– “A esposa não é dona do seu próprio corpo, mas sim o marido. De igual modo, o marido não é dono do seu próprio corpo, mas sim a esposa.” (7,4)

– Equidade de direitos e deveres, o que é de louvar. E viva a reciprocidade! É pena que Paulo, mais à frente, não se fique por esta equidade.

– “Aos solteiros e às viúvas digo que seria melhor se ficassem como eu. Mas, se não são capazes de dominar os seus desejos, então casem-se…” (7,8-9)

– A apologia do celibato está na origem do celibato dos servidores das Igrejas e Congregações religiosas. Obviamente, não é de louvar. Assim, acabar-se-ia a espécie… Por outro lado, o celibato imposto pela cleresia, levou muitos desses servidores a cometerem crimes sexuais que, de outro modo, não teriam cometido. Quando é que a Igreja católica libertará, sabiamente, os clérigos de tal fardo anti-natura? Por quanto mais tempo continuará no obscurantismo retrógrado da imposição do celibato?

O capítulo 7 desta Epístola está todo eivado da apologia do celibato e da virgindade, com o falso pretexto de que, virgens, estão mais disponíveis para “servirem o Senhor”: “Considero boa a condição das pessoas virgens… Quem não tem esposa cuida das coisas do Senhor.” (7, 26 e 32). Enfim, acredite quem quiser! O que é certo é que muitos homens casados queixam-se de quanto trabalho dá “ter” uma mulher, seja ou não mãe de seus filhos e muitas mulheres se queixam do inverso, sendo elas as maiores vítimas da violência doméstica quando existe. Mas tudo isto se passa ao nível do humano e nada tem a ver com religião e a pregação dela.

– “Quero que saibais que a cabeça de todo o homem é Cristo, que a cabeça da mulher é o homem e a cabeça de Cristo é Deus. (11, 3).

– São afirmações sem nexo embora pareçam profundas de sentido. Claro que a palavra “cabeça” está em sentido figurado mas isso de Cristo ser a cabeça do homem e do homem ser a cabeça da mulher só apela para uma subordinação do homem à religião e da mulher ao homem. Laivos de machismo, com certeza, nesta segunda asserção.

– “Todo o homem que profetiza ou reza de cabeça coberta desonra a sua cabeça. Mas toda a mulher que reza ou profetiza de cabeça descoberta desonra a sua cabeça. Se a mulher não se cobre com o véu, mande cortar os cabelos.” (11, 4-6).

– Desculpa, Paulo, mas isso é um total disparate! E um pormenor sem qualquer interesse. Pior: ainda estás a pensar na Eva que deu a maçã ao Adão, introduzindo o pecado no mundo. O que também é uma bobagem completa, pois não passa de uma história infantil. Nem se percebe como a Igreja te eleva a Doutor, baseando tu as tuas teorias na Bíblia. Enfim, é o que tem…

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Do maravilhoso ao trágico!

 

A maravilha do corpo de um ser vivo: uma eloquente apoteose do Criador!

Mas… haverá um Criador?

 Ah, a glória do nascimento de um ser vivo! Que alegria, que espanto, que sonhos o acompanham no seu corpo todo, ali acabadinho de se formar: alma e sentidos, para os animais, ADN específico para plantas e cogumelos!

Foi, no início, apenas a mistura de duas moléculas, uma masculina, outra feminina – fantástica invenção da Natureza Criadora! – que se encontraram devido a um acto de amor, de ternura ou simplesmente se encontraram, voando pelo ar, como as flores que desabrocham num fruto, no ser vivo que é o seu suporte: a árvore.

Depois, é o crescimento, com maior ou menor consciência dele, mais ou menos lento, mais ou menos rápido, conforme o ADN de cada um, de cada espécie, da mais pequena bactéria ou vírus, da mais pequena planta, do mais pequeno cogumelo, aprimorando-se no ser humano, pela sua especificidade de possuir um intelecto capaz de abstracções…, até aos maiores exemplares que já existiram e que ainda existem na Terra, Terra que, banhada pelo calor do Sol, é a mãe de toda a VIDA.

E, seguindo o seu caminho, caminho inexorável porque o Tempo não pára para “respirar” ou “descansar”, vai envelhecendo, com mais ou menos glória, mais ou menos sucesso..., envelhecendo, envelhecendo, envelhecendo… quase disso não se apercebendo, na azáfama dos dias…, até ao momento final que é próprio de todo o ser vivo: integrar-se no donde veio – a Terra.

Mas, no seu início, sabendo-se que a origem da vida esteve num processo imparável ou numa feliz coincidência da junção de átomos e moléculas que, do inanimado passaram ao animado, i.é., a mover-se e a multiplicar-se…, qualquer ser vivo deixa um montão de perguntas para os que conseguem aperceber-se delas, tal o Homem:

- Já houve espécies que se extinguiram devido a factores estranhos. Haverá, enquanto a Terra existir, contínua evolução e renovação de espécies?

- Porquê a luta pela sobrevivência, normalmente à custa de outras espécies?

- Quem criou o poderoso ADN de cada espécie, ADN que determina tudo o que a espécie é, no corpo e na alma? Ah, como “dava jeito” que houvesse um Criador!

- E quem deu a forma e organizou os corpos em toda a sua complexidade de órgãos que têm de funcionar harmonicamente para que o todo viva?

- E porquê esta e mais aquela e mais aqueloutra, aos milhares ou milhões de variedades?

- E porquê estas e não outras?

- E porquê a umas a Natureza destina viver apenas 24 horas – tal a efémera - e outras, dois ou mais milhares de anos, como a oliveira?

- E como o ADN “obriga” a espécie a reproduzir-se, algumas inventando processos complexos e múltiplos para que a espécie não se extinga?

- E porquê cada espécie tenta proliferar sem ter em atenção, egoisticamente, as outras espécies, muitas sendo parasitas de outras?

Tantas perguntas sem resposta deixam-nos frustrados na nossa pequenez por, afinal, não entendermos a Vida à qual tivemos a sorte de aceder, sem nada termos feito para o merecermos. É que nós não somos mais que fruto de um puro acaso da Natureza!

Mas mesmo estas perguntas sem resposta fazem parte da apoteose gloriosa de um Ser que vem à Vida. Haverá lugar ao trágico?

 – Não sabemos se havemos de chamar tragédia ao desaparecimento a que qualquer ser vivo está fadado, nascendo com uma única certeza: desaparecer, tendo completado os dias que o seu ADN – ADN herdado dos antepassados, que não só dos pais directos – lhe determinou. Isto, claro, se não for vítima antecipada de qualquer acidente natural ou doença que se lhe atravesse no caminho. E um desaparecimento para sempre!...

Somos tentados a perguntar: «Então para que veio à vida um ser se era para desaparecer para sempre, depois de existir um pequeno lapso de tempo»? Na verdade, custa morrer! Custa aceitar a morte! Mesmo que não haja sofrimento. E não há dúvida de que todo o ser vivo tem horror à morte, embora, no caso dos humanos, sabendo-a certa! Animais ou plantas, todos lutam pela sobrevivência, fugindo aos perigos que lhes ameaçam a Vida. Então…

Então, fiquemo-nos com a pergunta-mistério:

«O que é realmente a VIDA? É apenas uma força, um impulso, um movimento, uma apetência para realizar coisas, enquanto houver espécies que se repliquem, já que os indivíduos, pertencendo ao Tempo, aparecem e desaparecem com o Tempo..., e enquanto a Terra tiver capacidade para ser o berço da mesma VIDA?»

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 365/?

 

À procura da Verdade nas Cartas de Paulo

 Primeira Carta aos Coríntios - 3

 – “Então vós não sabeis que os cristãos é que vão julgar o mundo? (…) Não sabeis que nós haveremos de julgar os anjos?... Quanto mais as coisas da vida quotidiana.” (6, 2-3)

– Onde é que Paulo terá ido buscar esta inspiração para dizer tal “barbaridade”? – Só para, mais uma vez, afirmar a supremacia dos cristãos em relação ao resto do mundo. Presunção não lhe falta! Embora a realidade seja bem diferente: nem haverá julgamento, nem há anjos. O conceito de julgamento foi inventado pelas Escrituras, referido por Jesus, consolidado pelos primeiros crentes e pregadores que o utilizaram para criarem os medos do inferno e levarem as pessoas para os conventos: era o temor do Juízo Final presidido por Cristo às portas do Paraíso, sob o olhar justiceiro de Deus!...

Nada disto faz qualquer sentido. Nada disto tem o mínimo de fundamento. Tudo inventado por cabeças pensadoras, para darem resposta à inevitável morte e ao inevitável desaparecimento do ser humano, acenando-lhe com a eternidade num Céu inexistente, com um Deus inexistente, um Cristo inexistente, anjos inexistentes… Uma formulação totalmente conceptual sem qualquer base na realidade nua e crua: o Homem nasce do NADA e integra-se no NADA, tendo-se alimentado na Terra que lhe permitiu viver um certo tempo, o tempo determinado pelo ADN. NADA MAIS! O resto é exploração da “razão” emocional humana que realmente não é razão PORQUE NÃO RACIOCINA. Acredita, tem fé, mas não questiona. Aliás, quando começa a questionar, deixa de ser emocional e torna-se racional, levando à perca de fé.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Da necessidade de um Criador - 2

 


Criador da Terra, do Universo e, neles, a VIDA

 (Continuação)

- Sabemos que Deus, a existir, não pode ser concebido como um humanoide superior que, estando fora do sistema, criou o sistema para seu divertimento… Aliás, ao falarmos de um tal Deus, queiramos ou não, atribuímos-Lhe logo características humanas: quer, pensa, diverte-se…

Repetimos: Deus não pode ser um SER! Deus tem de ser o TUDO ONDE TUDO SE INTEGRA: ESPAÇO E TEMPO, MATÉRIA E ENERGIA, tudo evoluindo dentro d’Ele e por Ele, porque ELE é TUDO! Desde sempre e para sempre – sendo ETERNO – tudo contendo e sendo, porque é INFINITO.

Portanto, Deus não precisou de criar nada porque TUDO existiu desde sempre e existirá para sempre, sendo esse TUDO Ele mesmo!

O mesmo se passará com o aparecimento da Vida na Terra. Não foi criada ou, se quisermos, não foi directamente criada. Ela apareceu pela feliz conjugação, num ambiente atmosférico-terreno favorável, de átomos de carbono, com oxigénio e outros elementos químicos, não sendo a Vida mais do que o fruto de reacções químicas dentro do ser vivo. Diríamos que um ser vivo é pura química em movimento… Apelar para um Deus que quis/decidiu/se lembrou, a um dado momento do Tempo da vida da Terra – cerca de mil milhões de anos após a sua existência, tendo a vida aparecido há cerca de 3.5 mil milhões de anos – e andou a brincar a formar seres, desde os vírus, às bactérias, aos seres unicelulares, aos enormes animais, às enormes plantas, numa variedade de espécies que espanta pela sua variedade…, é, no mínimo, desonestidade intelectual. Melhor: não passa o pequeno patamar da Fé!

Assim, os argumentos para defender a existência de um SER Criador têm de ser considerados nitidamente menores, não passando o nível do humano, face a toda esta honesta argumentação baseada em dados científicos!

E nunca será demais lembrar que o Homem, apesar de ser composto por milhares de biliões de átomos, e apesar de ser um ser pensante, é apenas um pontinho na Terra (e durante um limitadíssimo período de tempo), Terra que é um pontinho na Galáxia, Galáxia que é um pontinho no Universo, Universo que será um pontinho no ESPAÇO INFINITO! E tudo isto apelando para dimensões de que o limitadíssimo cérebro humano não consegue minimamente aperceber-se. Pois, se ainda conseguimos percepcionar o que é um ano-luz (cerca de 9 triliões de kms) quem pode perceber ou percepcionar mil, um milhão, biliões de anos-luz, dimensões onde “labora” o “nosso” Universo?

Basta dizer, por exemplo, que a Galáxia Andrómeda – a mais próxima da nossa Via Láctea – se encontra a 2 milhões de anos-luz e que o diâmetro da Via Láctea são 500.000, tal é a sua grandeza, nos mais de 100 mil milhões de estrelas que a compõem…

Verdade/certeza absoluta: a Terra morrerá na agonia do Sol que a engolirá antes de morrer, restando um calhau incandescente disforme e sem vida. Então, a pergunta é inevitável: “O Criador é tão inteligente e tão poderoso para criar tudo o que existe e não consegue controlar as forças que Ele próprio criou e regulou de forma a evitar a destruição da Sua criação?”

Facilmente se conclui que a ideia de um Criador é mais um dos delírios da fantasiosa mente humana…, mente que tende a guiar-se mais pela Fé do que pela CIÊNCIA e pela REALIDADE que nos é dado conhecer!

 

 

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Da necessidade ou não de um Criador

 

Da necessidade ou não de um Deus Criador - 1

Criador da Terra, do Universo e, neles, a VIDA

 Os defensores de um Deus Criador, quaisquer que sejam os seus argumentos, esbarram sempre contra o inevitável: a falta de conhecimento do Homem acerca da Realidade universal, realidade que permanece – e presume-se que permanecerá para sempre, dadas as limitações do mesmo Homem, face às inimagináveis colossais dimensões do Universo – um quase total mistério. As perguntas são muitas:

- O que é o Espaço? É finito ou infinito? E é eterno porque infinito?

- O que é a matéria? É também eterna, apesar de finita, porque mensurável?

- O que é a energia?

-O que é a força gravítica sentida na atracção/repulsão dos astros uns pelos outros?

- Há apenas este Universo – do qual desconhecemos quase tudo! – ou há muitos Universos, no Espaço Infinito?

Ora, vamos ver o que sabemos, com maior ou menor certeza, mas sem qualquer certeza absoluta:

- Sabemos que este Universo parece ter começado há 13.5 mil milhões de anos, no Big Bang, uma enorme explosão de uma enorme massa de matéria energizada. A admitir que tal seja a sua origem, há perguntas irresistíveis como: 1 – O que havia antes dele? 2 – Em que parcela do Espaço se encontrava a tal massa que lhe deu origem? 3 – Como se formou tal gigantesca bola de massa? Foi o resultado de um velho Big Crunch? 4 – Para onde caminha e como será o seu fim, pois tudo o que começa no Tempo acaba no Tempo? Caminhará para o tal Big Crunch, o que dará origem a um novo e renovado Universo, utilizando a mesma massa, mas sob formas diferentes, já que da matéria nada se perdeu, tudo se transformou, no perene movimento que a animou?

- Sabemos que o Universo é formado por Nebulosas e Galáxias, sendo numas Matéria e Energia dispersas, nas outras, Matéria e Energia organizadas em estrelas.

- Sabemos a composição das estrelas e que, tendo-se formado um dia pela acumulação de matéria energizada, irão desaparecer um dia mais à frente, quando o seu carburante – o hidrogénio – se acabar: uns bons milhares de milhões de anos- (Para o nosso Sol, dada a sua massa ardente, estimam-se uns dez mil milhões, encontrando-se no meio da sua existência).

- Sabemos que tudo está em movimento, desde o átomo, às estrelas, ao próprio Universo, passando pelos seres vivos e não vivos que habitam/compõem todos os astros do mesmo Universo.

Aliás, é aqui que os defensores de um Criador se fundamentam, já desde o medieval S. Tomás de Aquino: “Se tudo está em movimento, quem, senão o Criador, deu o primeiro impulso?” Ora, a resposta nem é difícil: basta conceber a matéria como eterna, i.é, sempre existente, e sempre em movimento ou em transformação, nada se perdendo porque não tinha/tem para onde perder-se… (Cont.)