segunda-feira, 29 de novembro de 2010

“Sou o homem mais religioso do mundo...” (1/3)

Que homem ou mulher poderá afirmar-se de tal modo? – Aquele ou aquela que optar por uma Religião capaz de satisfazer a sua espiritualidade, respeitando ao mesmo tempo a sua racionalidade, capaz, pois, de dar resposta racionalmente credível às carismáticas perguntas que englobam toda a sua angústia existencial: "De onde venho, o que faço aqui e para onde vou?". E essa só pode ser uma Religião que tenha por base a Ciência e o Conhecimento, e não o mito e a fantasia que são apanágio das religiões – todas as religiões! – antigas ou actuais, apregoando deuses ou um Deus impossível de existir. O seu Deus será o Deus da Harmonia Universal, infinito e eterno, contendo, por isso, tudo o existente no espaço e em todo o tempo, tempo que só existe para os seres que um dia começam e noutro se acabam, tal como nós! Assim sendo, tudo o que existe, existe nesse Deus, faz parte d’Ele, enquanto se manifesta em vida, para os seres vivos, ou simplesmente enquanto existe com esta ou aquela forma, para os não vivos. Teremos, pois, um moderno panteísmo universal, retomando-se as ideias dos racionalistas do séc.s XVII e XVIII, tais como Hobbes, Descartes, Pascal, Spinoza, Leibniz, opondo-o ao panteísmo antigo sempre eivado de politeísmo.
    Veremos, na próxima mensagem, como satisfaz essa religião a espiritualidade e, ao mesmo tempo, a racionalidade do Homem.
(Uma proposta resumidamente estruturada desta singular Religião encontra-se no final do livro, disponível na Net e livrarias, “Um Mundo Liderado por Mulheres”)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Madre Teresa de Calcutá, uma santa! (2/2)

Madre Teresa dizia que “A maior força do mundo é a Fé”, mas também que “O maior mistério é a morte”. Realmente um crente não diz que a morte é mistério, diz, sim que é libertação, libertação da vida terrena para ir ao encontro da Pátria Celeste! E Madre Teresa representa um problema para a Igreja: as Cartas publicadas com o título “Come Be My Light”. Nelas, revela as suas profundas dúvidas sobre a Fé em Deus, assumindo uma posição agnóstica, ao não sentir as respostas de Deus para as suas angústias existenciais. É a denominada “noite escura”. Eis algumas frases emblemáticas de tal agnosticismo:
“Na minha própria alma, sinto a terrível dor da Sua perda. Sinto que Deus não me quer, que Deus não é Deus e que Ele não existe realmente”.
“Quanto a mim, o silêncio e o vazio são tão grandes que olho e não vejo, escuto e não oiço”.
“Falo como se o meu coração estivesse apaixonado por Deus. Se estivesses lá, dirias: Que hipocrisia!”.
“Se não houver Deus, não pode haver alma; se não houver alma, então, Jesus, Tu também não és real!”
“O sorriso é uma máscara ou um manto que cobre uma multitude de dores”.
Basta! Madre Teresa é santa pela sua vida, aos olhos dos Homens. Os de Deus não vêem nada. É que este Deus que as religiões, mormente a religião católica, apregoam não existe! Simplesmente porque não pode existir.
(Prová-lo-emos em próximas mensagens. Leia-se, entretanto, o final do cap. II do meu livro “Um Mundo Liderado por Mulheres”, onde o assunto é clarificado.)
Não posso “despedir-me” de Madre Teresa sem referir uma das suas frases mais realistas: “Vou passar pela vida uma só vez; por isso, qualquer coisa boa que eu possa fazer, ou alguma amabilidade que eu possa ter com um ser humano, devo fazê-lo agora porque não passarei de novo por aqui.”
Esta, a única VERDADE insofismável e inexorável de que temos a absoluta certeza. Tudo o mais é... fantasia! Obrigado, Madre Teresa! Viverás para sempre na memória dos que não te esquecem. Depois, serás nada, pois, depois da morte, só somos enquanto de nós houver memória. Faremos parte do Todo Universal que é TUDO para todos os seres que tiveram o privilégio de ter vindo participar na saga da Vida – nós, obviamente, também! – mas que é NADA para quem já teve tal divino, fantástico privilégio. Privilégio irrepetível, não se esqueçam: “não passarei de novo por aqui”!...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Madre Teresa de Calcutá, uma santa! (1/2)

Falemos ainda de santos e milagres!
Que Madre Teresa é uma santa, toda a gente concordará, olhando a sua vida e a sua obra. Toda a gente? – Não! A Igreja não concorda! É que qualquer ser humano, mesmo que se tenha destacado pela sua solidariedade social, tentando criar a verdadeira fraternidade entre os Homens – sendo, portanto, santo, pois seguiu a mensagem genuína de Jesus Cristo! – tem de passar pelo crivo dos milagres exigidos pela Igreja, milagres que comprovem “sem qualquer sombra de dúvida” que esse ser humano está no Céu, face a face com Deus do qual obtém as graças pedidas pelos devotos: normalmente, curas ditas “impossíveis, incríveis ou inexplicáveis”. E são necessários milagres para a beatificação e novamente milagres para a canonização. Sem isso, não há santo nenhum! Ora, para Madre Teresa, já se encontrou um: uma indiana que, tendo invocado a “santa”, ficou curada inexplicavelmente de um tumor no estômago. Este “milagre” deu-lhe direito à beatificação em 19 de Outubro de 2003. Para a canonização, certamente encontrar-se-ão rapidamente mais milagres do mesmo jaez, pois curas ainda não explicáveis há muitas, estando a Ciência em contínuo processo de descoberta. Mas..., quando é que a Igreja deixa de se agarrar a esta farsa que são os milagres para valorizar a pessoa humana? Quando é que deixa de apregoar, de forma totalmente desonesta, para não dizer hipócrita, que um facto por ser ainda inexplicável tem de ser de origem divina? Não lhe bastam as vezes em que a Ciência já desmentiu “verdades inquestionáveis” como, por exemplo, a teoria geocêntrica? Que fraude, Santo Deus, que fraude! E é uma fraude que todos os fiéis pagam, submissamente, ao contribuírem, quantas vezes tirando do que lhes faz falta, para alimentar o rico Vaticano onde todas as normas a utilizar na “Causa dos Santos” são inteligentemente "cozinhadas"...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Se milagres desejais...

Este, o início de uma devota litania a Santo António que, em crianças, rezávamos para recuperarmos algo que houvéramos perdido:
“Se milagres desejais, recorrei a Santo António,
Vereis fugir o demónio e as tentações infernais.
Recupera-se o perdido, rompe-se a dura prisão,
E, no auge do furacão, cede o mar embravecido.”
Miagres! Milagres, há-os todos os dias no suplantar provações, na força de vontade em vencê-las, na fé que o doente coloca na sua cura, seja pela determinação, seja pela coragem em enfrentar a doença, com a ajuda obviamente de medicamentos naturais ou químicos. Os crentes recorrem aos santos. E, se a cura acontece, até dizem ter sido milagre do santo da sua devoção. Se não acontece, sobretudo se se "fiaram" apenas no santo e desprezaram os medicamentos “auxiliares” da fé, tendo como desfecho a morte, a razão é porque não seria do agrado de Deus que a cura acontecesse! Esta, a pregação da Igreja, esta a crença dos fiéis! Mas... não é um logro, um engano, um embuste? Não seria muito mais honesto da parte da Igreja deixar esta capa de hipocrisia, abusando da ingenuidade dos crentes, normalmente pobres e ignorantes e dar um passo em ordem a humanizar o que é humano, deixando o divino para a fantasia? "A fé é que nos salva!", afirma-se. Ora do muito de verdade que esta máxima encerra, não se pode inferir que não seja uma fé esclarecida, uma fé que não leve os crentes a arrastarem-se perante santos e altares mas a creditarem nas suas próprias forças e nas próprias capacidades de, em caso de doença, vencerem a morte, adiando a sua vinda, para que esta fantástica saga da vida, para cada um de nós única e irrepetível, se encerre o mais tarde possível!...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os santos existem?

 
“Claro!” – dirão todos. “Basta entrar numa qualquer igreja, ermida ou santuário para vermos, deles cheios, nichos e altares!” Depois, há o 1 de Novembro, Dia de todos os Santos, logo seguido, em 2, do Dia de finados, dos mortos ou dos fiéis defuntos! E, mais do que comemorar os santos, os cemitérios enchem-se de crentes a chorar os entes queridos que se foram, cobrindo de flores as campas e as cruzes que as encimam, quando não acendendo velas em invocação do patrocínio do Além desconhecido para melhor se aguentarem nas agruras da vida.
Ora, os santos! Realmente, as igrejas católicas estão cheias de imagens deles, forjadas quase todas pela imaginação dos artesãos que as moldaram, geralmente, em pedra, madeira ou barro, desde a Virgem, sob inúmeros nomes, inúmeros rostos, passando pelos apóstolos, até ao mais humilde deles (pois, em santos, também há os mais importantes e os menos, aliás, como nos anjos com as suas hierarquias!...), talvez um S. Francisco de Assis ou um S. Pancrácio, cuja desbeleza de nome não cativará muitos devotos... E, pelo menos no "seu" dia, reza-se, nas igrejas, a “Litania Sanctorum”, ladainha de todos os santos: “Sancta Maria, ora pro nobis!”, invocando, no entanto, apenas os mais notáveis...
No Vaticano, dito “Santa Sé”, há a Congregação Para a Causa dos Santos, dirigida por um cardeal, congregação que deve ocupar inúmeros eclesiásticos porque há por aí muitos santos a descobrir, a beatificar, a canonizar, erigindo-lhe um altar com a sua imagem! Contra a Bíblia, claro: “Não prestareis culto a qualquer tipo de imagens mas só a mim, Javé, que sou um Deus ciumento.”(Ex 20,3-5)
Nem a diferença imposta pela Igreja de dulia (veneração dos anjos e santos), hiperdulia (veneração da Virgem) e latria (adoração a Deus), evita que os crentes confundam umas e outra. Em Portugal, veja-se o que se passa com Fátima: veneração ou adoração da Virgem?!
Se o processo de canonização de um santo é longo, tendo de passar pela fase de beatificação, a que acede com um ou dois milagres, para só depois, com mais outros tantos confirmar que, sem qualquer dúvida, está no Céu face a face com Deus, quanto “trabalho” não será necessário para descobrir tais “milagres”! Ora, toda a gente sabe - ou devia saber - que os milagres não existem: simplesmente a Ciência ainda não conseguiu explicação para muitos fenómenos, sobretudo os que se passam ao nível do cérebro humano, e a sua capacidade de influenciar mazelas que atormentem o corpo. De qualquer modo, uma coisa é certa: não há forma alguma de se provar que este ou aquele fenómeno aconteceu por intervenção divina. Tal intervenção só se tornaria credível se actuasse ao nível do físico e do palpável; por exemplo, aparecer uma perna a um coxo que rezasse ou um olho em órbita ocular vazia. Não sendo assim... Facilmente se conclui, pois, que nenhum dos milagres atribuídos aos santos para os canonizar tem fundamento! E, sem fundamento, os santos, "feitos" daquele modo, não podem existir, façam ou não parte do nosso imaginário...
Voltaremos mais vezes a este assunto, já que a não existência de milagres afecta irremediavelmente os fundamentos da Igreja.