segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A Bíblia, livro sagrado ou simplesmente humano? (1)

Comecemos por lembrar que a Bíblia cristã se divide em Antigo Testamento e Novo Testamento, tendo o AT 46 livros (5 de leis – o Pentateuco, 16 históricos, 7 sapienciais e 18 proféticos) e o NT, 27 (Evangelhos, Actos dos Apóstolos, Cartas e Apocalipse). Posto isto, citemos:

«A Bíblia terá nascido da poeira levantada pelos pés dos que caminharam no deserto – o deserto do Sinai – durante dezenas, centenas de anos, homens e animais a viverem, primeiro, no cativeiro do Egipto, depois no mesmo deserto, até chegarem à “Terra Prometida” – terra que tiveram de conquistar/roubar aos de Canaã, para ali se instalarem e proliferarem. “Ai da mulher estéril! Era anátema de Javé!” O povo, o povo hebraico; o Libertador, o “enviado de Javé”, Moisés!
O exílio e o deserto são propícios a alucinações, à meditação, à contemplação! As privações de toda a sorte, nelas incluindo água e alimentos, suportadas por homens e animais, e sobretudo a aridez do deserto, facilmente fariam pensar, mesmo que em sonhos, num paraíso onde corresse o leite e o mel... Então, a autores “inspirados”, aquando retidos no cativeiro da Babilónia, no tempo de Nabucodonosor (séc.VI a.C.), conhecedores da História contada de pais para filhos, fácil lhes foi inventar ou fantasiar um “pecado original”, um paraíso perdido, uma mulher a tentar o homem, na “boa” tradição egípcia e da própria cultura judaica..., compilando histórias tradicionais, caldeando-as com não pouca fantasia e inspiração. Ter-se-á iniciado, assim, a Bíblia, este tão fantástico quão problemático livro que iria estar na origem das três religiões monoteístas actuais.
Como as religiões nascem da inexplicabilidade de o Homem ter em si os dois princípios - o do Bem e o do Mal - o que é bem evidente no dia-a-dia e ao longo da História..., foi fácil àqueles escritores-compiladores “inventar” um Deus com seu Céu e anjos - princípio do Bem - e um diabo - princípio do Mal. Mas… como tudo vem desse Deus-Criador, teria que haver um livre arbítrio para justificar um inferno e mandar para lá Lúcifer, o anjo mais brilhante e mais sábio do Céu, anjo que cometeu o grande pecado de querer ser igual a Deus, acompanhado dos anjos seus seguidores; bem como justificar a expulsão de Adão e Eva do Paraíso terreal, porque quiseram provar o fruto proibido da árvore do Bem e do mal... – o chamado pecado original – para irem comer o pão com o suor do seu rosto, gerando na dor e nas lágrimas. E, com eles, toda a humanidade!... »
(Extracto do meu livro inédito “O Homem perdeu os seus Mitos”)
A Bíblia! A Bíblia terá realmente nascido da poeira deixada no tempo por aqueles que, andando de exílio em exílio, penosamente caminharam pelo deserto, carregando sua cultura, suas lendas, suas frustrações...

domingo, 23 de janeiro de 2011

“Em Janeiro, faz planos para o ano inteiro!”

Eis, pois, passadas que foram as festas natalícias, comemorando um Natal inexistente..., a nossa Ordem de Trabalhos (OT):

Primeiro, falaremos da sacralidade ou não do “livro dos livros”, a Bíblia, começando pelo AT (Antigo Testamento) e indo até ao NT (Novo Testamento), designações que, logo de si, podem ser contestadas, já que não houve testamento nenhum: apenas uma compilação de textos, muitos deles contendo mensagens, edificantes umas, outras nem tanto...

Depois, falaremos das igrejas cristãs e da Igreja Católica em particular, seus fundamentos, sua credibilidade, seus dogmas, sua hierarquia, sua história, sua imposição ao mundo; a sua Virgem, o seu Cristo, os seus santos.

Ainda, sobre a impossibilidade da existência do Deus apregoado por qualquer das religiões até agora aparecidas à face da Terra, o de Jesus Cristo incluído, obviamente.

Ainda, das várias religiões dominantes no mundo, mormente o maometismo, o hinduísmo, o budismo.

Ainda, de todos os fenómenos paranormais, sobretudo a astrologia, com pretensões a cientifica, aconselhando o livro do cientista Carl Sagan “Um Mundo Infestado de Demónios”.

Ainda, sobre a impossível imortalidade e consequente eternidade da alma humana.

Enfim, de uma Nova Religião, a Religião baseada na Ciência e no Conhecimento, com o Deus da Harmonia universal, a única credível face à razão humana. (Veja-se o meu livro “Um Mundo Liderado por Mulheres”, Esfera do Caos, visível na Net).

Pelo meio, referir-nos-emos a “factos” que afectam a humanidade crente e não crente, porque todos estamos dentro da dita civilização ocidental ou judaico-cristã que impôs as suas directivas em matéria não só de fé, mas também de costumes a nível social. Dois desses factos serão particularmente relevantes: a Páscoa em que se comemora a morte e a suposta ressurreição de Cristo, e as estranhas aparições de Fátima, conhecidas em todo o mundo e que anualmente atraem àquele santuário centenas de milhares de peregrinos e de crentes, vindos de todas as partes do Globo.

Bom programa, não é? E que não se esgotará em um só ano. Em nome da Ciência! Na incessante procura da VERDADE!

Quando acabarmos, entraremos pela Filosofia Existencial, apoiados no meu livro “O Eu Cósmico”.

A vossa presença será um forte alento a continuar. Os comentários contundentes que deixarem serão um desafio a que jamais me furtarei. Tenham a certeza.

Religiosamente, às segundas-feiras.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Uma verdadeira história de Natal

Aconteceu neste Natal de 2010. Uma amiga profundamente católica. A crise instalou-se nos seus ouvidos através das massacrantes vozes dos Media, crise que está lançando centenas de milhar para o desemprego e para a fome. E resolveu: se era católica – melhor, cristã! – deveria seguir a Cristo em que acredita. E seguindo-O, não deu prendas a ninguém, substituindo-as por um cartãozinho apenas, com os dizeres: “O dinheiro do teu presente foi para...”. E não se ficou pelo Natal: abdicou da passagem de ano com os amigos – duas noites num qualquer hotel – onde iria gastar a “módica” – módica para ela, enorme para quem tem ordenados ou reformas de miséria ou, simplesmente, não tem nem uma coisa nem outra! – quantia de 255,00 Euros. “Muito dinheiro desperdiçado em risos e bebedeiras quando ao meu lado há gente a sofrer e a passar fome!” – disse. E não foi. E repartiu aquele dinheiro por vários cheques, entregando-os, depois, a este e aquele que lhes pareceu deles necessitarem para suprirem necessidades básicas.
Dá que pensar, não dá? Esta e outros que praticam acções semelhantes são os verdadeiros santos! Não os da Igreja, mas os de Cristo! Para a Igreja, santo tem de fazer milagres para provar – afirma pela voz da todo-poderosa Congregação para a Causa dos Santos – que está junto de Deus! Ora, “milagres” desses por aí não faltam! Basta querer encontrá-los! Mas, como já dissemos, os milagres não existem: são apenas fenómenos ainda não explicados pela Ciência. Portanto, os santos da Igreja também não existem...
Só aqui há uma pena: a minha amiga – alienada pelas teorias catequéticas que, desde pequenina, lhe incutiram no corpo e na alma – fez aquilo não só por solidariedade e para sentir-se bem consigo própria e a própria consciência, mas porque pensa que, assim, ganha o Céu junto de Deus para todo o sempre: a almejada e tão cobiçada vida eterna que a religião lhe promete. Que pena que se engane já que não há Céu nem Deus nele, nem vida eterna nenhuma, sendo tudo apenas da Fé! E o que é da Fé não pode merecer qualquer credibilidade... Ao que ela me responde: “Tem de existir: eu sinto-o, eu desejo-o, eu quero-o! Tão ardente desejo, tão forte querer não poderão ficar sem resposta!”
Enfim, de um lado a Ciência, do outro, a Fé! Que deverá o Homem aceitar? Qual delas o fará mais feliz, nesta vida que é a única certa porque sentida, vivida aqui e agora?...
No entanto, não há dúvida: haverá muitos santos e santas – verdadeiros! – que ficarão para sempre desconhecidos!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O Natal: origem de todos os mitos cristãos

O Natal é, pois, o mito dos mitos! Inicia-se na Bíblia do A.T., com supostas profecias sobre um suposto Messias que haveria de nascer da estirpe de David, e é-lhe dado corpo pelos evangelhos, primeiro de Mateus, depois, de Lucas (nada sendo dito por Marcos ou João), com o aparecimento do Anjo a Maria, fazendo-a Virgem e mãe pela Força do Espírito Santo, a visita a sua prima Santa Isabel, o nascimento do menino numa gruta em Belém, acompanhado de todos os fenómenos celestiais já mencionados e de todos conhecidos.
Repetir-nos-emos se dissermos que tudo o que foi narrado não tem qualquer credibilidade histórica, já não falando na credibilidade racional e lógica, assunto que abordaremos mais tarde.
Comecemos pela Bíblia do AT: não aceitar que é apenas um livro de compilação de textos literários, uns, aglutinando heranças das culturas locais, ali do Médio Oriente, outros, da pura história do povo de Israel cujos líderes, para melhor dominarem o seu povo inventaram um Javé que ordenaria as leis que eles queriam impor..., e dizer que ela é palavra de Deus e palavra revelada aos Homens em ordem a preparar a vinda de um Messias salvador e redentor, Filho de Deus, é a mais completa efabulação que já se fez na História conhecida do Homem. E uma efabulação que teve as mais interessantes, por um lado, por outro, as mais dramáticas consequências.
O evangelho de Lucas, como aliás os outros evangelhos canónicos, e mesmo os apócrifos, não tiveram outro objectivo senão dar bases textuais a uma religião nascente, naquele viveiro de seitas religiosas que era o meio judaico da altura, todas ansiando por um Messias salvador que os libertasse do jugo romano sob o qual viviam. Portanto, sem qualquer intuito de credibilidade histórica!
Provaremos o que acabamos de afirmar sob dois pontos de vista: o filosófico, pela impossibilidade de um Deus, a um dado momento do tempo – apenas dois mil anos, quando o Homem já leva vários milhões de existência! – se ter lembrado de enviar um salvador ao Homem; o histórico, pela falta de credibilidade de toda a Bíblia quer do AT quer do NT.
Enfim: o Natal não existiu, o Menino Jesus do catecismo também não e muito menos o Menino Deus! Segundo reza a História, o Natal começou a celebrar-se no s. IV, na Igreja Ocidental (25 de Dezembro – calendário Gregoriano) e no s. V, na Oriental (7 de Janeiro – calendário Juliano), datas que ainda hoje perduram.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Natal: O Menino Jesus existiu? (3/3)

“Sendo tudo fantasia – nascimento do Menino Deus, a gruta com os seus animais, a Virgem, os anjos, os cânticos, os pastores, os magos, a estrela... – perdemos o nosso querido Natal?”, perguntou-se, com não pouca angústia, ao finalizar o texto anterior. Para uma resposta adequada, socorramo-nos do livro “Um Mundo Liderado por Mulheres”, último capítulo:
«(...) E ninguém perderá o seu Natal cheio de canções ao “Menino-Deus”, com todas as ternuras tão próprias das crianças! Ninguém perderá nenhuma das Carols Christmas como o Silent Night, o We wish you a merry Cristmas, o O come, all ye faithful – tradução para inglês do Adeste fideles atribuído ao rei D. João IV de Portugal – todos os Gloria in excelsis Deo que se quiserem cantar! Ninguém perderá prendas, compras, azáfamas stressantes da volúpia do escolher, do adivinhar, do comprar, do oferecer, continuando todos a serem levados, quer queiram quer não, na onda-avalanche que invadiu como tsunami as sociedades modernas de consumo, a todos se desejando, tantas vezes apenas por dever de ofício, “Boas Festas!”, abarrotando as crianças de prendas, os adultos de comezainas e bebedeiras, chorando lágrimas de crocodilo mas nada ou pouco fazendo pelos muitos milhões que morrem de fome por esse mundo fora, sobretudo exactamente as que mais perto estão do Natal: as crianças! Mas certamente com a nova religião tais escândalos não se produzirão nas consciências e todas as festas serão cheias de significado social, genuíno e fraterno, festas sempre esfuziantes, cheias de luz, calor e som, inundadas de gloriosas orações. O Natal continuará, assim, a ser a festa das festas! Comemorando, claro, não o nascimento de um menino a quem se chamou Jesus Cristo, nascido numa suposta gruta em Belém de Judá, mas um Natal de toda a gente, com um presépio em forma de berçário, um pai universal, uma mãe universal, um menino universal, decorações de brinquedos que bem poderão ser as forças e as belezas da Natureza representadas em animais, estrelas, árvores, sementes e flores, todos sendo filhos de Deus – nelas, o Sol que é apenas uma pequena estrela com os dias contados como qualquer mortal, embora vivendo os seus quinze mil milhões de anos – um Natal da própria VIDA que renasce em cada morte, seja aqui na Terra que conhecemos, seja nos totalmente desconhecidos confins do Universo!...»
A “Nova Religião” referida é a da Ciência e do Conhecimento, com o Deus da Harmonia Universal, preconizada no mesmo livro como indispensável para que o Homem se realize totalmente na sua especificidade.