segunda-feira, 27 de junho de 2011

A (in)verdade de Fátima (5)

Para esta terceira “aparição”, pela sua importância em conteúdo de mensagens, vale a pena reproduzir a narrativa feita, na Wikipédia, pelo reverendo Cónego Sebastião Martins dos Reis, citando os escritos de Lúcia (1937): «Ao dar-se a terceira aparição, uma nuvenzinha acinzentada pairou sobre a azinheira, o Sol ofuscou-se e uma aragem fresca soprou sobre a serra, embora se estivesse em pleno Verão. O Sr. Manuel Marto, pai da Jacinta e do Francisco, diz que também ouviu um sussurro, como o de moscas num cântaro vazio. Os videntes viram o reflexo da costumada luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
Lúcia: - Vossemecê que me quer? Nossa Senhora: - Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer. Lúcia: - Queria pedir-lhe para nos dizer quem é e para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece. Nossa Senhora: - Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver para acreditarem.
Lúcia apresenta então uma série de pedidos de conversões, curas e outras graças. Nossa Senhora responde recomendando sempre a prática do terço, que assim alcançariam as graças durante o ano. Um dos pedidos foi a cura do filho paralítico de Maria Carreira (que seria desde o início uma devota de Fátima). Nossa Senhora respondeu que não o curaria nem o tiraria da sua pobreza, mas que rezasse o terço todos os dias em família e dar-lhe-ia os meios de ganhar a vida. Outro enfermo pedia para ir em breve para o Céu. Nossa Senhora respondeu que não tivesse pressa, que bem sabia quando o havia de vir buscar. Depois, prosseguiu Nossa Senhora: - Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes e em especial quando fizerdes algum sacrifício: “Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.” E Lúcia narra: “Ao dizer estas últimas palavras, abriu de novo as mãos, como nos dois meses passados. O reflexo de luz que delas expedia pareceu penetrar a terra e (primeira parte do segredo - A Visão do Inferno) mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados nesse fogo, os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que delas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das fagulhas nos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição), se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor”.»
Guardaremos os comentários, obviamente de severa crítica, para o fim desta narrativa empolgante pelo seu desassombro, pelos seus segredos... (Cont.)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A (in)verdade de Fátima (4)

De 13 de Maio, mensalmente, no mesmo dia e à hora aprazada, até 13 de Outubro, desenrolaram-se as supostas aparições da Virgem. Debrucemo-nos sobre as Suas palavras e atitudes, referidas por Lúcia nos seus escritos datados de 1937, seguindo o livro supra citado.
Primeira aparição: “Não tenhais medo. Eu não vos faço mal. Sou do Céu. Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero.” Disse ainda que Lúcia e Jacinta iriam para o Céu e o Francisco também, mas teria de rezar muitos terços; e que a Amélia iria estar no purgatório até ao fim do mundo! E, antes de voltar ao Céu: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?” E, a um sim das crianças: “Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.”
Constatamos que a Virgem continua na peugada do Anjo, tendo este percursor, tal João Baptista para Jesus, dito o Cristo, anunciado o sofrimento dos crentes para conversão dos pecadores. Também com linguagem semelhante. E igualmente cruel! Cruel com o Francisco que teria – pobre criança! – de rezar muitos terços para ir para o Céu; cruel igualmente ao pôr na alma das crianças a árdua tarefa da conversão dos pecadores através do sofrimento deles; cruel ainda para com a Amélia que iria ficar no purgatório até ao fim do mundo, um purgatório teorizado em 593 pelo papa Gregório I, aprovado em 1439 no Concílio de Florença e confirmado em 1563 no Concílio de Trento, com muitos proventos para a Igreja Católica, segundo reza largamente a História...
Ora, digam-me, não bastaria a mensagem desta suposta primeira aparição para a declarar como impossível, por, tal como dissemos para a mensagem do Anjo, ser cruel e desumana? Como é que ninguém sensato dentro da Igreja, Igreja que tudo parece aprovar desde que para suas conveniências, se revolta? Este silêncio ou este aproveitamento brada a todos os Céus e a todos os Infernos!
Segunda aparição: “Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que aprendam a ler. Depois, direi o que quero. O doente (indicado por Lúcia), se se converter, curar-se-á durante o ano. A Jacinta e o Francisco, levo-os, em breve, (para o Céu). Mas tu ficarás cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação e serão queridas de Deus estas almas como flores postas por Mim a adornar o Seu trono. Mas não vais ficar sozinha. Quando sofreres muito, não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.”
É, nitidamente, uma “aparição” com intuito claro de consolidar a mensagem da primeira. Sem grandes novidades além de oferecer a salvação a quem lhe fosse devoto bem como a protecção à sua interlocutora, a "vidente" Lúcia. A suposta profecia de “levar, em breve, Francisco e Jacinta para o Céu”, por ser escrita em 1937, assemelha-se às dos profetas bíblicos que “profetizavam” o que já havia acontecido... Sobre o rezar do terço, desfiando avé-marias e pai-nossos, entrecortando cada dezena com aquela paradigmática oração "Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno e levai as almas todas para o céu principalmente as mais abandonadas", falaremos mais à frente. (Cont.)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A (in)verdade de Fátima (3)

«Tomai e bebei o corpo e o sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.»” – disse o anjo aos pastorinhos, concluindo a sua terceira aparição.
Reportando-nos a estas, e às outras palavras do Anjo referidas no texto anterior, perguntaríamos: “Como pode alguém, pensando na infinita bondade de Deus, aceitar como credível uma tal mensagem trazida do mesmo Deus, por um anjo, até umas pobres crianças? Como? É que brada a todos os Céus e a todos os deuses tamanha crueldade! E já nem falamos na linguagem, certamente obscura para crianças tão jovens, como: “súplica, acto de reparação, desígnio, ultraje, sacrilégio, indiferença, profundamente”. Pois que Deus é aquele invocado pelo anjo, que Altíssimo aquele que necessita de ser consolado e reparado dos crimes contra Ele cometidos pelos ingratos homens? E que carga emocional é aquela posta nos ombros de tais crianças de “salvarem a Pátria” e de “converterem os pobres pecadores”? Ah, como nos parece impossível que tal tenha vindo do Céu e que tenha havido pessoas “responsáveis” que, assim, o tenham propalado aos quatro ventos! Como parece impossível! – Mas não: Fátima aí está como o santuário mais visitado do mundo, bem aproveitado pelos agentes da religião, do comércio e do turismo, os papas fazendo gala em virem de vez em quando rezar no santuário para, com o seu beneplácito e anuência, sacralizarem o lugar e afirmarem, perante o mundo, a “veracidade” de tais aparições! E perguntaríamos, sem qualquer intenção maldosa, apenas curiosidade científica: “Em que céu poderemos contabilizar os pecadores convertidos por Deus mediante as muitas orações e sacrifícios feitos por aquelas três crianças?” Será pergunta para a qual deveria haver uma resposta para que a Verdade de tais incumbências celestiais, “sem dúvida” vindas do Céu, fosse aceite universalmente e não apenas por uns tantos que, nela crendo-não-crendo, a impõem aos outros.
Não podemos “deixar” este Anjo, sem constatar a sua actuação como se fora sacerdote rezando a missa, e, se fossem vivos, perguntaríamos a Lúcia a que lhe soube aquela hóstia e, aos pequenos, a que lhe soube aquele “sangue”, sem dúvida celestial, do cálice... E ainda: “Como é que a Igreja avaliza este anjo que ali apareceu qual sacerdote com uma hóstia e um cálice, certamente já transformados, por intervenção divina, – a intervenção humana de sacerdote não é mencionada – a hóstia no corpo e o conteúdo do cálice no sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo?” Não é estranho um tal abuso por parte do anjo? Aliás, muito há a dizer sobre a eucaristia, símbolo máximo da religião católica, com Cristo a tornar-se presente, de corpo e sangue, em todas as missas que se celebram todos os dias por esse mundo, permanecendo, depois, presente em todos os sacrários da Terra!... Disso, falaremos em próximos textos. Por agora, limitamo-nos a Fátima. (Cont.)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A (in)verdade de Fátima (2)

Antes das aparições da Virgem, em 1917, já nos anos de 1915 e 1916, tinha aparecido às crianças um Anjo, revelação feita por Lúcia apenas nos seus escritos, em 1937, indo ela já nos trinta anos de idade, tendo os “factos” ocorrido cerca de 20 anos antes. (O que não deixa de ser sumamente “interessante”, sumamente significativo, tendo há muito falecido Francisco e Jacinta que teriam uma palavra a dizer sobre o assunto, apesar da tão tenra idade!...) E basta ler essas “Memórias” de Lúcia para ficarmos estarrecidos com tal divino que desce à Terra para tão maltratar três pobres crianças, na altura, com apenas 8-9, 7-8 e 5-6 anos, respectivamente. Eis as palavras do Anjo na primeira de três aparições: «Não temais. Sou o anjo da paz. Orai comigo: “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço-vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam”.» E acrescentou: «Orai assim. Os corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas». Segunda aparição: «Que fazeis? Orai! Orai muito! Os corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo, orações e sacrifícios. De tudo o que puderdes, oferecei um sacrifício em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar». Terceira aparição, 1916 – O anjo aparece de cálice na mão encimado por uma hóstia da qual caem gotas de sangue para o cálice, e, prostrando-se, reza: «Santíssima Trindade, Padre, Filho Espírito santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores». E conta Lúcia: «Depois, levantando-se, tomou de novo na mão o cálice e a hóstia e deu-me a hóstia a mim e o que continha o cálice deu-o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo ao mesmo tempo: “Tomai e bebei o corpo e o sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus”.»
Arrepiante, não é? Chocante! Inacreditável! Como avaliar tais palavras, tal mensagem? (Cont.)