Agradecemos a narrativa dos “acontecimentos” ao Reverendo Cónego Sebastião Martins dos Reis. Nesta última aparição, os fenómenos atmosféricos de origem aparentemente divina continuam. A Virgem aparece no meio deles. Diz ser a Senhora do Rosário. Pede que façam ali uma capela. Que rezem o terço. Que Deus Nosso Senhor está muito ofendido. Que curará alguns doentes. Prevê o fim da guerra. E, enquanto por ali “anda” a Virgem, sempre portadora de mensagens deprimentes, seguem-se os três quadros celestiais presenciados por Lúcia, referenciando certamente as imagens existentes na Igreja local frequentada pela devota família dos “videntes”. Não menos deprimentes que o anterior cenário! Depois, já partindo a Virgem para o Firmamento, o Milagre do Sol, misturando-se, em glória, milagrosas mudanças atmosféricas! Aqui, a narrativa do Reverendo – ou de Lúcia? – torna-se empolgante, magnífica, por momentos aterradora, mas... divina, como divino era o cenário em que tudo decorria. E... fim da “divina comédia”! – desabafariam os cépticos. Claro que os crentes não duvidarão um cêntimo de que tudo foi ou fora de origem celestial! Os outros, os que pensando que o divino, para ser credível, tem de ser inteligente, não acreditam em tanta fantasia mais ou menos espectacular que de inteligente nada tem. Um divino que quisesse enviar uma mensagem à humanidade, escolheria de certeza formas mais convincentes e racionais do que pôr um sol a rodar e a aquecer as pessoas presentes... Aliás, o Sol rodar? Lembram-se de quando Josué pediu a Javé para parar o Sol e poder terminar a batalha, exterminando o inimigo? Ora este “nosso” Sol rodou tanto como o de Josué parou: não mais que imaginação pura, alucinação colectiva ou pura fantasia literária! Obviamente que o Sol não se move do seu lugar por qualquer capricho divino ou... fantasia humana! Se tal fosse possível, seria a ridicularização completa de algum divino que porventura existisse lá no “Alto”!
No entanto, nem sequer pesquisando dados para aquilatar da veracidade do acontecimento de tais fenómenos, certamente referenciados em grandes parangonas pela imprensa da época, temos de repetir o que importa: Fátima torna-se desacreditável de dentro para fora e não de fora para dentro, isto é, não pelos fenómenos atmosféricos aduzidos como milagre para comprovar a vinda do divino – Maria Virgem, outras figuras da Virgem, S. José e o Menino, o próprio Jesus Cristo, já não falando no anjo do princípio das aparições – mas pela crueldade, insensatez e irracionalidade da mensagem transmitida a umas pobres e incultas crianças, facilmente manipuláveis, havendo ainda a lamentar o facto de uma poder ver tudo – certamente a mais dada a visões! – e as outras, apenas uma parte.
Fim da “divina comédia”? – Não! Houve ainda outras aparições-visões, todas datadas, que contemplaram as crianças, não as três, mas apenas Jacinta e Lúcia. O Francisco não foi tão afortunado...
Para não nos alongarmos, delas falaremos no próximo e último texto.