domingo, 26 de fevereiro de 2012

Do Inferno e Céu, dos Anjos e Demónios (1/2)

O assunto dava para livros. Mas vamos resumir ideias! As quatro entidades estão ligadas ao divino, desde a antiguidade clássica e pagã, antes mesmo dos monoteísmos, cantando poetas e escritores religiosos ou profanos as suas prerrogativas: o Céu ou Reino Celestial, lugar de suprema felicidade habitado por Deus, ou deuses, com os seus anjos alados, lugar para onde iriam os santos ou eleitos de Deus, como os heróis, também chamado Paraíso, Olimpo, etc.; e o Inferno, lugar de penas e sofrimento para os maus e os condenados por nesta vida terrestre terem cometido loucuras ou atrocidades, habitado pelos demónios ou espíritos malignos, também chamado de Hades ou Lugares Inferiores, entre outros nomes. (Veja-se o que escrevi a propósito, nos 12 textos sobre a fraude de Fátima, (Maio a Setembro de 2011). As religiões cristãs aproveitaram do paganismo e requintaram, a seu belo prazer, as características de tais entidades sobrenaturais. Do Inferno, disseram “lugar onde havia choro e ranger de dentes, lugar de fogo que nunca se apaga, reino dos demónios”, etc. E, na Idade Média, fértil em imaginação doentia, inventaram-se os demónios com chifres e rabo, capa vermelha, forquilhas e outros apetrechos para martirizarem, divertindo-se, os condenados. Lembremos que Jesus, a quem mitificaram em Cristo (o primeiro foi Paulo), falou na geena, como lugar onde deveriam ser lançados os maus e corruptos (fariseus, por exemplo). Ora a geena era o local perto de Jerusalém onde se queimavam os lixos produzidos na cidade... Outras referências de Jesus podem ser aduzidas, como a sua tentação pelo diabo aquando da vinda do deserto, a parábola do rico e do pobre que morreram, o juízo final (“Vinde, benditos de meu Pai...”), “Eu poderia pedir a meu Pai uma legião de anjos para me socorrer” (durante a paixão), “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”, (na cruz, dirigindo-se ao bom ladrão), etc., mas Jesus, como grande homem que foi, integrou-se na mentalidade da época e não lhe convinha, até para sossego da sua própria alma, não acreditar ou não fazer acreditar nesse outro mundo de Anjos e Demónios, mundo que ele também gostaria que existisse... (Claro que temos de admitir o erro em Jesus, não acreditando que ele fosse infalível como Filho de Deus in stricto sensu - Ver meus textos (6) de Out. e Nov. 2011) O aproveitamento dessas quatro entidades pelas igrejas cristãs tem a sua lógica: explicavam, quase na perfeição, a justiça divina. Os maus finalmente eram castigados, os bons recompensados. Puseram-se vários problemas, ao longo do processo de aceitação: os que morriam com pequenos pecados, as crianças e os dementes. Então, vai de inventar o Purgatório para os primeiros, o Limbo para os outros. O Purgatório – lugar de expiação ou purificação final, antes da entrada no Reino Celestial – deu origem à maior fonte de receitas da Igreja Católica (ignoro o que se passa ou passou com as ortodoxas, protestantes, arménias), vendendo-se indulgências por fortunas, missas de desagravo, orações para livrar depressa as almas daquele lugar. (Lembremos as tristes orações “ensinadas” pela Virgem aos pastorinhos de Fátima e que ainda se rezam hoje por essas igrejas onde se dedilham avé marias, no terço ou rosário!...). Tal escândalo conduziu à revolta de Lutero, dando-se a separação da Igreja, originando o Protestantismo. Afora o Limbo (nem importa a explicação para a sua extinção pela igreja católica, há poucas décadas), tudo o resto: Inferno, pecado, demónios, purgatório, Céu, anjos..., continuam a ser ensinados nas aulas de catecismo às nossas crianças. Um crime mental, não tenho pejo em o afirmar! Tudo isto sancionado em Concílios e por Papas e bispos ao longo da História. Outras invenções mirabolantes ocorreram. De um lado, a divisão dos anjos em Querubins, Serafins e Potestades, tendo-se dado nome a alguns deles, como Rafael e Gabriel, inventando-se os Anjos da Guarda para os seres humanos...; do outro, os diabos comandados pelo seu chefe, Lúcifer, o anjo mais inteligente e brilhante do Céu que se revoltou contra Deus e, por isso, foi precipitado no Inferno criado por Deus naquele preciso momento... (Ai, tantas perguntas a fazer, santo Deus! 1 – Porque se revoltou Lúcifer, se tinha tudo e era o mais inteligente e brilhante? A felicidade celestial não lhe chegava?... 2 - Quantos anjos – logo ali transformados em demónios! – arrastou consigo no acto de rebelião? 3 – Que acto foi esse? 4 – Porque teve tantos seguidores, já que, não sendo os mais brilhantes, eram na mesma anjos a quem nada faltava? 5 – Em que momento da eternidade se deu tal acontecimento, se não há tempo na eternidade?... 6 – E porque andam agora pela Terra a tentar os Homens levando-os para a perdição, ganhando o quê com isso? Mais companhias? Para quê?!..., Etc, Etc.)

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O meu Deus é o de Espinoza e o teu?

Antes de falarmos do Deus da Harmonia Universal, concepção de Deus em que nos basearemos para propor uma nova religião de cariz abrangente de crentes e não crentes, apresentemos o Deus de Baruch Espinoza. Espinoza, nascido em 1632 em Amsterdão, falecido em Haia em 21 de fevereiro de 1677, foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Era de família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. Em pleno Século XVII, escreveu “DEUS, falando com você”: «Pára de ficar rezando e batendo no peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti. Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti. Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer. Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho? Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso? Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia. Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas. Eu te fiz absolutamente livre. Não há prémios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registo. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste? Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar. Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar. Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti.» Einstein, quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Espinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas acções dos homens”.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A impossível imortalidade da alma humana (2/2)

Permitindo-nos, agora, voar um pouco nas asas da filosofia, temos forçosamente de nos embrenhar na controvérsia de saber se aquilo a que chamamos alma é ou não a expressão do nosso cérebro, repositório de todas as prerrogativas atribuídas à alma, questionando, portanto, a sua imaterialidade. Afinal, o que é a alma humana? – Quer no sentido clássico, quer no religioso, a alma humana é, além do “sopro vital” comum a todos os seres vivos – a anima dos latinos – a “entidade” que se manifesta na inteligência e capacidade de raciocinar, nas emoções, no carácter, na capacidade percepcional da informação que os sentidos lhe fornecem, na capacidade de querer e de decidir, na consciência de cada um, havendo, desde a antiguidade, a discussão em torno de saber se ela é autónoma e subsiste por si – a psyké dos gregos. Mas basta ler os estudos dos neurologistas – citemos, por exemplo, Damásio nos seus livros “O Erro de Descartes” e “O Sentimento de Si” – para nos apercebermos de que todas as componentes atribuídas à alma estão no cérebro e que, quando qualquer função do cérebro é afectada por trauma ou doenças, lá se vão as respectivas prerrogativas da alma... A dicotomia alma-corpo torna-se mais evidente na morte: corpo sem vida para um lado, a alma para outro. Ou morreu com o corpo que a sustinha, deixando de “soprar” vida, de manifestar-se em vida no corpo com o qual foi una e indivisível? Como sopro vital, ninguém duvida de que deixou de vivificar o corpo; mas sempre dependeu, mesmo na sua essência, do bom funcionamento dele: “Que me importa o mundo se a digestão me pesa?” Inteligência e emoções, o carácter, a vontade ou o livre arbítrio, as capacidades de perceber e de decidir e até a consciência de si podem soçobrar perante um abuso gastronómico! Quando alguém sofreu morte cerebral – situação diferente da do estado de coma ou da de vida puramente vegetativa – perdeu todas as capacidades que se manifestam com e pela alma: tem activas simplesmente as funções vegetativas se se mantiver ligado a uma máquina que respire por ele. Afinal, há um corpo que funciona sem... alma! No entanto, estes estados de “quase” morte ainda apaixonam muitos estudiosos, curiosos por saber o que se passará nesse tremendo limiar em que todos os seres vivos um dia forçosamente se encontrarão. A clássica dicotomia corpo-alma, tanto do agrado dos muitos que, ao longo já de milénios, se dedicaram ao estudo da alma: Platão, Aristóteles, S.to Agostinho, S. Tomás de Aquino, Descartes – para citar apenas os mais importantes – sendo esta a forma daquele, torna-se difícil de explicar à luz da Ciência actual; realmente, cada um tem o corpo e a alma que a genética lhe deu; os genes determinaram um e outro no acto primordial da vida do novo ser. Ao humano juntou-se-lhe a racionalidade que teve o condão de refinar a expressão das emoções e do carácter, suplantando todos os outros animais. Parece que só na memória o elefante lhe levará vantagem, não falando, claro, no campo sensorial!... Comparando tal dicotomia com a realidade, lembra-nos o caracol que não vive sem a sua carapaça, nem esta interessa sem que aquele exista e se movimente dentro dela e com ela. Sendo assim, a “forma” – a alma – só é possível visualizar-se, activar-se, ou seja, existir e subsistir, através de e com o seu suporte – o corpo. Quebraremos de uma vez por todas, quebrará a Ciência a velha dicotomia: alma-corpo, para abraçar o dígrafo: cérebro-corpo, como definidor da realidade Homem? Pouco ou nada lhes importando a Filosofia, as religiões aproveitaram esta clássica dicotomia – alma/corpo – para criarem a sua eternidade e a sua imortalidade, fantasiando céus e infernos, paraísos com anjos e santos e, para os muçulmanos – cúmulo da imaginação sensitiva!!! – com centenas de virgens formosas e de grandes olhos para os mancebos que, cá na Terra, combatessem pela causa de Alá! Fantástico, não é? E não é que disso convencem milhões!!! Resta a tremenda pergunta que todos nos fazemos: “Afinal, para onde vou?” A resposta já aqui a demos, mas repito-a: “Não vamos para lado nenhum, pois não viemos de lado nenhum. Tendo emergido da matéria viva, num dado momento do Tempo, fizemos parte, durante algum tempo – tão pouco, santo Deus! – ocupando um certo espaço, deste Todo que é o Infindável Universo, Universo Infindável a que podemos chamar DEUS, o Deus da Harmonia Universal que todo o Universo é! E n’Ele nos integraremos, logo que, inexoravelmente, o nosso pouco tempo se acabar. Para sempre! Esta, a única Eternidade - ou imortalidade! - que nos é possível!...”

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A impossível imortalidade da alma humana (1/2)

A alma humana não pode ser imortal nem... eterna Razões lógicas, ontológicas, históricas e... racionais São incontáveis as páginas que filósofos de todos os tempos dedicaram à alma humana, tentando encontrar-lhe o âmago e a essência sem jamais o conseguir, vindo as religiões a apropriarem-se de algumas dessas ideias e a defenderem a sua imortalidade com a consequente eternidade. Mas, como veremos, muito sintecticamente, mais uma vez as religiões criaram apenas mitos ou efabulações. Vejamos! 1 – Lógicas: Qualquer ser provido de alma – definindo-se alma como “O sopro vital”, pertencente ao reino do invisível, do espiritual e que, por isso, não se sente, não se vê, não se apalpa, mas apenas se percebe pelos seus efeitos, quer intelectuais, quer emocionais, distinguindo-se ainda a racional da animal e da vegetal – adquiriu essa alma no acto de nascer ou de ser concebido. Logicamente, esse ser possui um “sopro vital” aparecido num dado momento do tempo. E é indubitável que o facto de começar um dia tem acoplado a si, impreterivelmente, inexoravelmente, o reverso: acabar num outro dia mais distante. Se quisermos, ao acto de nascer está indelevelmente ligado o acto de morrer. Pensar eterno um ser começado no tempo, seria admitir o impossível: uma meia eternidade, o que forçosamente se perderá nas fronteiras do mito e da fantasia... 2 – Ontológicas: O “sopro vital de um ser” só existe enquanto é suporte do mesmo ser que o contém. Quando este deixa de existir, o sopro desaparece com o mesmo encantamento como apareceu no acto de ser. Seria absurdo que subsistisse para além dele! Ou, dito de outro modo: um corpo vivo que morre arrasta forçosamente consigo o sopro vital que o animava: a alma. Mesmo que se considere espiritual! Mesmo que se saiba que o cérebro – todo ele matéria a ter de estar em pleno desempenho para que a alma “funcione” – produza ideias, emoções, sentimentos que nos aparecem revestidos de imaterialidade! 3 – Históricas: Quando falamos em “as almas dos antepassados, as almas dos nossos entes queridos, as almas do outro mundo”, etc., etc., sentimo-las como que realidades bem distintas, bem vivas e, por isso, realmente existentes, independentes dos corpos que as sustiveram, vivendo algures no etéreo, na fantasia, no pensamento individual ou colectivo, figurando-se-nos, com facilidade, aqueles corpos. Mas essas almas não passam disso mesmo: figurações, fantasias, evocações, memórias que existirão apenas enquanto perdurarem na mente de alguém. Depois, esfumar-se-ão, desaparecerão inexoravelmente no... nada, como aconteceu com as almas dos muitos biliões de seres inteligentes que já viveram a sua saga de vida na Terra, desde que o Homem é Homem, dos milhões que diariamente vão desaparecendo. Então, se nada delas resta e apenas permanece a recordação de algumas delas na memória individual ou colectiva – e apenas por um pouco de tempo – será totalmente insensato decidirmo-nos pela imortalidade e consequente eternidade da alma humana. 4 – Racionais: Sejamos racionais, pois a razão é a nossa máxima prerrogativa, a característica que nos distingue dos outros animais, animais que apelidamos, por isso, de irracionais – por enquanto, pois com a evolução, não sabemos quantos animais terão atingido tal estado, por exemplo, daqui a um milhão ou mil milhões de anos! Ora, raciocinando, olhando o mundo e as circunstâncias que nos rodeiam e que o Tempo consolida, constatamos uma Verdade insofismável, indiscutível, sem qualquer possibilidade de ser posta em causa. E é esta: desde que o Homem tem consciência de si, e portanto tem consciência da sua morte, não há nenhuma prova de que qualquer dos muitos milhares de milhões que já morreram tenha dado qualquer sinal da existência de outra vida – chame-se eterna ou imortal! – em que a alma humana que, por uns tempos habitou um corpo como suporte para se manifestar como um diabo ou um santo, continue a existir, seja sob que forma ou em estado for. Logo, afirmar que a alma sobrevive para além do corpo que a suportou é uma total falácia ou, se quiserem, é uma total efabulação. Isto não impede que milhões creditem em tal suposto facto: é que cada um é livre de acreditar naquilo que quiser. Eu diria, naquilo que lhe der mais jeito para ser mais feliz aqui nesta vida, a única que sabemos absolutamente certa porque nos apalpamos, nos sentimos viventes a cada dia que passa, a cada manhã que se levanta. Até um da, em que, acabado que foi o tempo, já não haverá mais manhãs nem dias, tudo se perdendo para sempre para esse ser que um dia foi...