segunda-feira, 26 de março de 2012

O inacreditável Credo Católico (3/5)

«Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação desceu dos Céus. E encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado.» Que afirmação é essa? Com que prova se afirma que, por Ele, o Jesus mitificado no Cristo, todas as coisas foram feitas? Se é que alguma coisa foi feita!... Muito mais lógica é a visão da Ciência, já aqui repetida, de que as coisas – neste caso, todos os seres – apenas evoluem e se transformam e não foram feitas, parecendo ter existido desde sempre, em acto ou em potência. Não estava tudo em potência, do átomo às estrelas, às galáxias, ao Universo naquela matéria inicial que, pelo Big Bang, originou tudo o existente? (Isto não quer dizer que a Ciência tenha desvendado o mistério que é o próprio Universo, não se sabendo, por exemplo, se este Universo conhecido e ao qual pertencemos é único ou se há outros e quantos e que configuração têm no Tempo e no Espaço, nem os limites nesse mesmo Tempo nesse mesmo espaço. Infinito? Enterno?!!!) E desceu dos Céus para vir salvar o Homem? Desceu? Mas donde se apenas há espaço infinito? Que concepção tão aceitável aos olhos dos antigos e medievais, mas não mais aos olhos do Homem actual, que desvendou estes poucos mistérios do Universo! Então, porque se mantém essa concepção num Credo de Fé? E salvar o Homem de quê? Ainda se o salvasse da sua selvajaria em que perpetua o seu viver... Aliás, na linha do sábio Jesus que pregou a Fraternidade Universal! Agora, outra salvação para uma suposta eternidade, num suposto Céu, na companhia de um suposto Pai?! – Isso é demais! Tanta fantasia ultrapassa qualquer filme de ficção! O problema é que a Igreja faz acreditar nisto os seus fiéis sob ameaça de excomunhão e de perdição eterna no Inferno... Surge, agora, outro problema da Fé: o Jesus, como Filho de Deus, para tomar a forma de homem, encarnou pelo Espírito Santo no seio de Maria Virgem. Temos mais um Deus: o Espírito Santo, um Deus para perfazer, com o Pai e o Filho, a Santíssima Trindade, dogma-mistério - Deus uno e trino ao mesmo tempo! - que os fiéis têm de aceitar sem questionar! E foi essa 3ª pessoa divina que fecundou a Virgem para que ela gerasse um Jesus que, à partida, era Filho de Deus! É dramático para a razão de qualquer humano que se questiona, como tanta imaginação foi possível! Mais dramático ainda pensar que a Igreja, passados dois mil anos, continua a impor aos seus fiéis, tanta aberração junta ou, se quiserem, tanto mistério junto! E já não falamos na inconcebível virgindade de Maria que, obviamente, não existiu, tendo sido inventada por Lucas, já que o divino que preconizava e queria impor aos primeiros crentes não poderia ser inferior ao dos deuses antigos, pois todos nasciam de virgens... Como, aliás, imitando histórias antigas acerca daqueles deuses, deuses solares, inventou todo aquele cenário do nascimento de Jesus, com gruta, anjos e pastores a cantarem hinos de louvor, perseguições, etc. Para aceitar isto, ou aceitar tudo o que não se entende na religião católica – que é quase tudo, porque quase tudo é milagre ou sai do humano! – os fiéis são convidados, perante a dúvida, a interiorizarem a máxima: “A Deus nada é impossível!”. Que ingénua – ou pérfida? – explicação, Santo Deus de todos os deuses! Da paixão e morte de Jesus, para remissão dos pecados dos Homens apenas dizemos que, já nas religiões antigas, se celebrava o Deus redentor que carregava, qual cordeiro que ia para o matadouro, com as culpas dos Homens, libertando estes da condenação à maldição. Mais uma coincidência interessante quando se constata que as religiões se foram copiando umas às outras, em ritos e crenças, ao longo da História do Homem. As religiões cristãs, isto é, derivadas da mitificação de Jesus em Cristo, não são excepção. Do mistério da Santíssima Trindade, um Deus uno e trino em pessoas: Pai, Filho e Espirito Santo, havemos de falar aqui, em breve.

segunda-feira, 19 de março de 2012

O inacreditável Credo Católico (2/5)

«Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai» Ao não admitirmos, por aberração, um Deus-Pai-Criador como o afirmam as religiões, mormente a católica ou as cristãs, mais aberrante se torna a ideia de esse Deus ter tido um Filho, Filho unigénito, nascido dele, Pai (e qual a mãe?!!!) antes de todos os séculos, isto é, antes do Tempo, sendo portanto eterno como o seu Pai. Depois, são, no mínimo, mórbidas, religiosamente falando, as designações de “Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”; ou repetitivas, se quiserem, após se ter dito “unigénito” e “nascido do Pai”. Mais aberrante ainda e mais repetitivo, o “gerado, não criado, consubstancial ao Pai”. Aliás, há alguma razão para se diferenciar “gerado” de “criado”? Objectivamente, nenhuma. Neste sentido, gerar e criar são absolutos sinónimos. Quem gera, cria, dá à luz, faz aparecer. Se é da mesma substância do Pai (consubstancial) também deriva logicamente de ser filho unigénito. Portanto, mais uma repetição que ronda o maquiavélico desta afirmação de Fé. Compreende-se: aqui foi a grande questão levantada no Concílio de Niceia, sendo, aliás, excluídos e excomungados todos os bispos – e eram muitos! – que se opunham à manutenção no Credo de tal consubstancialidade. No conceito do Deus da Harmonia Universal, todos os seres são filhos de Deus. Deus único e eterno ter um Filho é mesmo a invenção religiosa mais prodigiosa que se poderia imaginar. Para que quereria Deus ter um filho? Não lhe basta a sua própria essência de infinito e de eterno? Aliás, por ser infinito e eterno tem de ser único. É a forçosa unicidade de Deus. Foi isso que os judeus, já do séc. XII a.C., “descobriram”, por oposição aos politeísmos reinantes na altura e que ainda se prolongaram por mais um milénio, sendo notórios os greco-romanos com os seus fantásticos Olimpos onde deuses e deusas se divertiam a brincar com os humanos, ora amando-os e defendendo-os (Venus), ora odiando-os e levando-os à guerra (Marte!). Mais aberrante ainda é a afirmação de que esse suposto Filho de Deus é Jesus a quem, para tanto, mitificaram em Cristo e o disseram “Nosso Senhor”. Já explicámos aqui, com argumentos incontestáveis, como é que se deu tal mitificação. (Ver os seis textos publicados com o título “Quem foi Jesus Cristo?”, Out-Nov, 2011). Depois, já se deram conta? Já repararam que este Jesus Cristo, Filho unigénito de Deus, apenas apareceu há dois mil anos, quando o Homem leva de História uns quatro milhões? Isto não prova nada? Não prova à saciedade que Deus – a inteligência por antonomásia! – não se ia lembrar, apenas há dois mil anos, que tinha de intervir na História humana para salvar o Homem da sua perdição eterna, anunciando-lhe ao mesmo tempo a existência de um Céu, um Inferno, um Juízo Final, etc., etc., etc.? Brada a todos os Céus tal invenção! Incompreensível é que haja cerca de mil milhões – haverá?! – de crentes que continuam a recitar, em todas as missas, tal aberração, sem se questionar da sua veracidade ou logicidade. Lógica humana? – Nenhuma! Divina? – Obviamente, que também não!

segunda-feira, 12 de março de 2012

O inacreditável Credo Católico (1/5)

O Credo católico, também chamado Credo niceno ou niceno-constantinopolitano, por ter sido fixado no Concílio de Niceia, em 325, e alterado no de Constantinopla, em 381, apresenta-se actualmente com várias versões. Eis a da Conferência Episcopal Portuguesa: Creio em um só Deus, Pai todo poderoso, Criador do Céu e da Terra, De todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação desceu dos Céus. E encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria. e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai. De novo há-de vir em sua glória para julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos Profetas. Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica. Professo um só baptismo para a remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos e vida do mundo que há-de vir. Amém. Dissequemos, então, ponto por ponto, as afirmações em que um crente tem de fazer fé: «Creio em um só Deus, Pai todo poderoso, Criador do Céu e da Terra, De todas as coisas visíveis e invisíveis.» Que tenha de haver um só Deus, já que é infinito e dois infinitos forçosamente se conteriam um ao outro, aceite-se. Agora, porquê “Pai todo poderoso”?, porquê “Criador do Céu e da Terra e de todas as coisas visíveis e invisíveis”? Ainda está por provar – alguém o conseguirá? – que no início dos Tempos – quando? e o que havia antes do início? – houve um Criador que se lembrou – dizem os teófanos, “por amor” – então, por um acto de amor que lhe deu naquele momento (sendo Ele eterno, que incongruência, santo Deus!), de criar Céus e Terra, melhor, o Universo visível e invisível. Aliás, pelo que conhecemos, haverá apenas tempo para os seres que, por evolução, ora vão sendo uma coisa ora outra, ora animal, ora planta, ora pedra... e que tudo seja eterno, nada se perdendo, no rodopiar do Tempo “eterno”, mas tudo continuamente se transformando, do átomo às estrelas, às galáxias, ao próprio Universo; obviamente, passando pelo Homem, nós, cada um de nós, grão de poeira nesta colossal engrenagem! A admitir um Criador, melhor, um transformador, esse teria, terá de ser o próprio TODO em que tudo se move e evolui. Nunca um Deus-Pai... Nunca um ser antropomórfico ou à maneira de Homem ou da sua natureza organizacional, chamando-se de Pai, estando fora do sistema, sentado no seu pedestal num lugar inexistente... Será este TODO que, filosoficamente - e teologicamente também, se quisermos ter uma ideia de Teologia não partidarizada, não inerente a uma determinada religião, mas como o estudo da história religiosa do Homem - nos vai levar à proposta do tal Deus da Harmonia Universal, Deus baseado na Ciência e no Conhecimento, aceitável e compreensível aos olhos da razão – a única capaz de aquilatar da veracidade de tudo o que rodeia o Homem, obviamente também a sua religião – assunto de que nos ocuparemos em breve, aqui. Uma religião que todos compreenderão, pois sem mistérios, sem fundamentalismos ou radicalismos exclusivistas e que, portanto, todos – a humanidade inteira! – poderá e deverá seguir. Grande Religião!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Do Inferno e Céu, dos Anjos e Demónios (2/2)

No Céu, o cenário é de gritos! Todos os Paraísos de todas as religiões são fantásticos! Mas todos, concebidos ou imaginados à maneira humana: Deus, de aspecto venerando, certamente sempre com sorriso de felicidade, feito Rei sentado no seu trono, tendo à sua direita os predilectos e os mais santos, e todos os anjos, todos sorrindo de felicidade, entoando hossanas de louvor perene... (Quem estará à sua esquerda?!!! Com que boca sorrirão, com que voz cantarão os da direita?!!! Haverá disputas de lugares?!!!) Não nos esqueçamos que quer o prémio de um Céu, por boas obras, quer o castigo no Inferno, por obras más ou pecados mortais (é que há os veniais, etc...) são prémios ou castigos eternos, portanto a merecer ou a sofrer por toda a eternidade. Esta, a ser Verdade, isto é, se não fosse tudo invenção e uma grande falsidade, seria a maior prova de um Deus injusto – logo impossível! – pois castigava ou premiava por toda a eternidade, actos cometidos no tempo. E que tempo, santo Deus! Quase insignificante face ao tempo universal, vivendo o Homem dele apenas uns 80 ou 90 anos, se é que não morreu pelos caminhos da vida... E, sem nos alongarmos mais, deduzamos conclusões: 1 – Não há nenhuma prova credível de que as almas ou os espíritos prevaleçam para além do corpo que os susteve (numa simbiose indivisível, pois um só existia com o outro, logo, faltando um, o outro deixava de ter sentido). Repito Carl Sagan, de cor, no seu livro “Um Mundo infestado de Demónios”: “Não há fenómeno paranormal que resista à aplicação do método científico”. Portanto, todas as “visões” e falas com os espíritos post mortem de que se arrogam os mediums são puras falsidades ou, mais cientificamente, arquitectações dos seus cérebros, dizendo aquilo que acham que os espíritos lhes diriam. Pese embora alguns casos que parecem mesmo reais... (O mesmo se passa com o aparecimento de seres celestiais ou infernais, como a Virgem, os Santos, os demónios, etc., bem como as chagas de Cristo que apareceram em algumas mãos de indivíduos mais devotos e que foram santificados). Tudo fruto dos cérebros, em parte doentios ou afectados, dos intervenientes em tais fenómenos paranormais. 2 – O Céu e o Inferno só teriam sentido se se provasse o primeiro ponto. E o Homem anda morrendo há pelo menos uns quatro milhões de anos (um tempo insignificante face ao Tempo Universal e a outros eventos conhecidos da Ciência: os dinossauros, há duzentos milhões, o aparecimento da Vida na Terra, há c. de três mil e quinhentos milhões!) ou uns quarenta mil para o sapiens sapiens! Embora fossem lugares “necessários” para se fazer alguma justiça, a divina, já que a humana é tão fraca e tão frágil – e... tão injusta! – não passam de meras quimeras ou efabulações, sem qualquer suporte factual ou documental à sua existência. Logo, sem qualquer credibilidade, custe-nos o que nos custar ter de admitir que os que cometem crimes durante a vida na Terra passam quase sempre incólumes aos castigos que bem mereciam. Única solução: aperfeiçoar o sistema judicial humano. Inventar uma justiça divina não o é, com certeza. 3 – Se Céu e Inferno não existem, também anjos e santos demónios são puras efabulações dos indivíduos que, ao longo da História, se dedicaram a estas invenções, invenções, a maior parte das vezes – sempre?! – com interesses bem mundanos, como a invenção do Purgatório. Os bem intencionados, como o Jesus de Nazaré, quereriam dar sentido futuro às suas vidas post mortem, dando cabimento a este inexplicável desejo de eternidade que avassala o espírito humano sem qualquer explicação racional, além do natural instinto de conservação da vida e da espécie. Mas, por ser inexplicável e profundo e forte, não quer dizer que tenha de ser colmatado em algum lugar inventado, contra todas as evidências, para o efeito. Encontrei um livro que, embora faccioso por querer defender a sua tese espirita, apresenta alguns dados documentais sobre o assunto e, por isso, será interessante folhear. Está todo na Internet. Chama-se “O Céu e o Inferno no Espiritismo”. Acesso: 1 – Net; 2 – Google; 3 – Digitar: Céu e Inferno; 4 – Abrir o site da Wikipedia com o título do livro; 5 – No final do artigo, clicar em «livro».