segunda-feira, 30 de abril de 2012

Ah, se eu fosse crente! (2/2)

E chegamos à páscoa da ressurreição! Aí sim! Aí, os crentes católicos – ou cristãos?! – cantam aleluias e celebram a festa das festas: “Cristo ressuscitou, aleluia, aleluia!”! E dizem ter a certeza de, no post-mortem, não se perderem no NADA – como afirmam os não-crentes – mas recuperarem, ressuscitando, a vida perdida num corpo perecível que não numa alma imortal! "Creio na ressurreição dos mortos" - afirmaram no Credo. Ah, a imortalidade! Ah, a eternidade! Que sonho, santo Deus, que sonho! Que desejo tão nonsense, mas tão incontido!... Então, que a missa nunca mais seja “a oferta do sacrifício incruento de Jesus ao Pai em remissão dos nossos pecados” – como incongruentemente se afirma por essas igrejas fora, sem que ninguém entenda tal mistério, mistério fruto de mentes mais dementes que sãs do passado primitivo cristão – mas a celebração contínua da páscoa, da ressurreição de Cristo como penhor da nossa própria ressurreição. Não acham que, sempre em festa, tanto na vida como na morte, tanto na Páscoa como no Natal, o crente não teria uma vida muito mais feliz? Muito mais consentânea com a sua racionalidade? – De certeza que sim! É uma proposta que aqui fica para que todos os crentes católicos ou cristãos lutem pela mudança já que as hierarquias que lhes anestesiam as mentes nunca serão capazes de o fazer. A começar e a acabar no papa a quem convém que tudo continue no mistério, em celebrações apenas apelando à emoção irracional do Homem... Então, crentes, rejubilai! Vivei sempre em festa! Aceitai tudo em nome de Deus, pois, serdes pobres ou doentes ou terdes um acidente..., é tudo por vontade de Deus! E quanto mais cedo partirdes para o Pai, mais cedo estareis com Ele, na Luz perpétua, na Paz eterna, na comunhão dos hossanas que miríades de anjos entoam sem cessar no Paraíso... Ah, que festa permanente, que permanente gozo, que prazer do espírito que nunca se cansará de gozar e de sentir prazer num eterno e permanente renovar, pois tudo Deus oferece, dá gratuitamente e proporciona aos seus eleitos... Mas..., que eleitos! “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos!”... “A porta do Céu é estreita e larga a que conduz às profundezas do Inferno, o Reino do demónios” (Mt 7,14). Então, quantos terão direito à salvação?!!! Vocês, ricos, vós não tereis tal direito, vós não tereis lugar no reino dos céus! É que vós já escolhestes e escolhestes ter toda a recompensa na Terra. Se não, teríeis distribuído o vosso pão com os pobres e não os teríeis explorado até à medula, nada vos importando que morressem à fome, se isso vos trazia benesses, prazeres e riquezas muitas... Por isso, para vós, é o Inferno! E bem o mereceis!!! “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus” (Mt 19,24) (Ah, quanto não haveria a dizer sobre esses ricos que se dizem católicos e que até pertencem a seitas que promovem a riqueza dos seus membros, como o Opus Dei, indo à missa, batendo no peito, com medo das penas do Inferno, mas não abdicando de um tostão dos milhões com que se banqueteiam no mundo real!...) Portanto, impossível um rico realmente rico ser crente: uma atitude nega a outra: “Ou és por mim ou és contra mim!” “Não podeis servir a dois senhores: a Deus e ao Dinheiro”!. Aliás, o vosso Deus é o vosso Dinheiro! E o dinheiro só vos dá direito à felicidade – dará?! – cá na Terra, pois partireis nus da Terra como nus à Terra viestes! (Felizmente, para vós, e infelizmente para os pobres, nada nos prova que o vosso Inferno exista nem tão pouco o nosso/vosso Paraíso! A vontade é de exclamar que isto está tudo muito mal feito! E também de perguntar: “Quando é que teremos certezas absolutas de um Inferno para os maus e ricos e corruptos, e um Paraíso para os bons e pobres e desgraçados, para que, enfim, se faça real justiça em algum lugar?!!!”) Quando este parêntese se desfizer, eu serei fervoroso crente!...

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Ah, se eu fosse crente! (1/2)

Se o fosse, dançaria em todas as festas de santos, percorreria todas as romarias de santuários, alegraria todas as missas com cânticos e danças de louvor ao Senhor-Deus (a missa não seria mais a oferta do sacrifício incruento de Jesus a Deus, conceito desastrado elaborado pelos teólogos católicos, ao longo de séculos de obscurantismo medieval, e incutido aos crentes!), oferecer-me-ia para tratar os doentes e auxiliar os pobres, distribuindo com eles o meu pão, e, sobretudo, não choraria quando algum ente querido me abandonasse e partisse para o Pai! O quê? – perguntarão. Nem uma lágrima? Nem uma manifestação de pesar? – Uma lágrima de saudade, talvez, mas lágrima logo transformada em sorrisos, em cânticos de júbilo porque aquele ente querido não se perderia para sempre no NADA, mas iria para um mundo muito melhor, uma vida sem angústias nem tristezas, nem incertezas nem stress nem amarguras, nem decepções de desejos tão aguados e não concretizados: o Paraíso! E ali, tinha tudo, sendo Deus omnipotente a satisfazer fossem que desejos fossem das suas criaturas, sendo Ele próprio essa satisfação, nada mais havendo a desejar senão Ele e a sua permanente presença avassaladora... Então, PARA QUÊ LÁGRIMAS? É: os crentes que choram os seus mortos não são crentes, pelo menos não o são em plenitude ou convictamente... O mesmo se passa na Quaresma e na Semana Santa, com a paixão e morte de Jesus, o Cristo, o Filho de Deus... Deveria comemorar-se, sim, mas sempre com alegria, esquecendo sofrimentos que o Jesus sofreu, mas que deveria ter sofrido sorrindo à dor...; aliás, como Deus encarnado em humano, poderia ou deveria ter abdicado perfeitamente da dor real para apenas fingir que sofria. (Esqueçam-se aquelas incompreensíveis frases de JC: “Pai, se é possível, afasta de mim este cálice, mas faça-se a tua vontade e não a minha” e: “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste?” – aliás, distanciando-se aqui Pai e Filho, sendo eles um com o outro o mesmo Deus Uno, embora trino, o que é uma gafe teológica absolutamente inexplicável e tremendamente polémica para não dizer descredibilizadora de tudo o que se afirma acerca da divindade de Jesus e o ele ser Filho de Deus encarnado...). E, segundo as Escrituras, como o próprio Jesus ressuscitado afirma, não era essa paixão necessária para que Ele morresse e ressuscitasse, como penhor da ressurreição de todos os Homens? Então, porquê o luto? Porquê o roxo a tapar as imagens nas igrejas? Porquê as matracas e as procissões chorosas, o enterro do Senhor Jesus (ou do Senhor-Deus?!!!) e outras tradições macabras, como a reconstrução da morte de Cristo no calvário? Para um crente, tudo deveria ser festa: tanto a vida como a morte, não sendo esta o fim mas o início de uma vida muito melhor! Asim, estndo tudo invertido, o crente deveria lutar para que e apenas se festejasse, o ano inteiro, com aleluias e hossanas e não mais lágrimas, lutos ou vividos dramas dentro e fora das igrejas! Mas... nada! Oiçamos as igrejas e seus mandantes por esse mundo de Cristo fora! Tudo celebrado medievalescamente, chamando ao sentimento e à emoção de um Cristo sofredor para... para..., bem, nem sei bem para quê! Não tinha Ele que sofrer, repito, tudo aquilo – nas suas próprias palavras, citando Escrituras antigas – para que entrasse triunfante da morte na glória de Deus-Pai?! E é esta filosofia da tristeza nonsense que é celebrada em cada missa, missa a que chamam de sacrifício incruento de Filho ao Pai! Exactamente ao modo do paganismo antigo em que se ofereciam crianças, imolando-as para apaziguar a ira dos deuses. Aqui, é para desagravar Deus das ofensas que contra ele cometem os desregrados Homens...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O inacreditável Credo Católico (corolário)

Afinal, no Credo Católico, falta um elemento essencial de crença dos fiéis: a crença na Sagrada Eucaristia. E esta falha é tanto mais inconcebível quanto a Eucaristia é a base de todas as celebrações importantes que acontecem nas igrejas, a começar no Vaticano e propagadas por esse mundo fora, onde houver um sacerdote que use os seus supostos poderes de trazer Jesus à Terra, em cada celebração através da consagração do pão e do vinho, dizendo as mágicas palavras: “Abençoai, Senhor Deus, estes dons que para nós se vão transformar no corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, ele que, na hora em que se entregava, para voluntariamente sofrer a morte, pegou no pão e disse «Tomai e comei, pois isto é o meu corpo entregue por vós.» De igual modo pegando no cálice, disse: «Tomai e bebei pois este é o cálice do meu sangue, o sangue da Nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por muitos, em remissão dos pecados... Fazei isto em memória de mim.» E ali, está, por milagre – “Mistério da Fé!”, brada o sacerdote, após se ter ajoelhado diante do suposto corpo e do suposto sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo; ao que os assistentes respondem: “Celebramos, Senhor, a Vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição; vinde, Senhor Jesus!” Portanto, mais um mistério! Portanto, mais algo de essencial em que o crente tem de acreditar. Portanto, algo de importante que deveria estar consignado no Credo, por exemplo, antes do “Creio na Igreja una...”. Assim: “Creio no mistério da Sagrada Eucaristia, em que, pela força e poder das palavras do sacerdote, Cristo desce dos Céus à Terra, em cada missa, o pão transformando-se na sua carne e o vinho no seu sangue, renovando-se, assim, perpetuamente, o sacrifício agradável a Deus-Pai do seu Filho que redimiu o Homem do pecado.” “Per omnia secula seculorum” (Pelos séculos dos séculos), poderíamos acrescentar! Para provar a inconsistência dos argumentos apresentados pela Igreja para que a Eucaristia seja algo de Verdade (claro que escuda-se, como sempre faz, nestas coisas que não consegue provar, apenas afirmar, no mistério...), remeto para os sete textos aqui publicados sobre o assunto, em Novembro-Dezembro, 2011. Juntemos apenas que, aquele “Fazei isto em memória de mim”, apenas quis dizer Jesus que, sempre que se reunissem para comer, se lembrassem dele e daquele último banquete facilmente perceptível como último, dados os acontecimentos recentes do Templo: os sumos sacerdotes, escribas e fariseus não lhe iriam perdoar tal afrontamento à autoridade religiosa instituída. Também hoje, a Igreja, com o seu papa à cabeça, não perdoa a teólogos que não alinham nos inconcebíveis dogmas em que faz acreditar os fiéis, excomungando-os, dogmas como os do pecado original e o da imaculada concepção de Maria (portanto concebida, no seio de sua mãe, Sta Ana, sem o terrível pecado original, pecado que, obviamente, é mais um mistério e, por isso, inexplicável, tanto na sua concepção como na sua transmissão de Adão e Eva aos seus descendentes; isto, claro, a fazer fé em outro mistério, o de o Homem ser descendente de tais simpáticos seres, mistério já desvendado, pois todos sabemos, depois de Darwin, que Adão e Eva são pura fantasia bíblica...) Outras crenças importantes fazem-se ainda notar no Credo. Uma das mais notórias é a falta de referência ao Céu, Inferno e Purgatório. Assim, deveria estar consignado: “Creio no Céu onde está sentado Deus-Pai, rodeado de anjos e santos; creio no Inferno, morada eterna dos demónios e dos condenados por terem morrido em pecado mortal; creio no Purgatório para onde vão as almas dos que morreram com pecados veniais e necessitam de se purificar para entrar no Reino dos Céus.” Interessante que uma destas falhas foi colmatada, dando voz a tradições medievais de rezar pelo desagravamento das penas do Purgatório – donde as indulgências e as promessas, em vida, da classe nobre e rica, o que gerou uma tremenda riqueza para a Igreja católica e que levou Lutero a insurgir-se contra tal desregramento, tal roubo, tal mentira... – nas supostas aparições da Virgem em Fátima, 1917, (Vide 12 textos aqui publicados, Jun.-Set., 2011) introduzindo o terço que continua a rezar-se nas nossas igrejas, dizendo-se entre cada mistério evocativo da paixão de JC, e cada dezena de Avé- Marias, o que a Virgem supostamente ensinou às três pobres crianças, supostamente videntes: “Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno e levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem.” Haverá palavras para avalizar tudo o que fica dito? Não é de bradar a todos os céus, a todos os deuses, nesta nossa era da Ciência, contra tanta (in)verdade em que se faz acreditar os tementes fiéis? Pudera: com tanto terror do Inferno, terror do Juízo Final e com tanto temor do pecado!... Enfim, que cada um ajuíze e se decida pela Fé ou pela Ciência. Mas, de certeza que haverá outros caminhos que não estes da (in)verdade católica para se dignificar e “salvar” o Homem!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O inacreditável Credo Católico (5/5)

Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos Profetas. Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica. Professo um só baptismo para a remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir. Amen.' O Espírito Santo, juntamente com o Pai e o Filho, era o elemento necessário para formar a trilogia divina, o mistério dos três serem apenas um, imitando, outras trilogias divinas mais antigas, como a hindu, com Brama, Vixnu e Shiva. Mas não deixa de ser uma invenção sofisticada. Mistério, claro! Agora, reparem bem no que se afirma dele: “Senhor que dá a vida”. Então, o Pai e o Filho não são igualmente senhores e não dão igualmente a vida? (Aliás, dar vida a quem? Só aos viventes da Terra ou em qualquer parte do Universo onde haja a possibilidade que houve na Terra da sua existência?) Bem, para ser uno com o Pai e o Filho tem, de algum modo, proceder deles. Como? – Mistério! (Mais um!) Os três são adorados e glorificados. Claro, subentende-se que seja no Céu, pelos anjos e santos, e por alguns crentes na Terra. Ora, como nem Céu, nem anjos nem santos existem (Alguém já teve a mínima prova credível da sua existência?), a Santíssima Trindade não é glorificada nem adorada em parte alguma, a não ser, o que resta de crentes na Terra. E foi o Espírito Santo que falou pelos profetas? Então, e os outros dois – Pai e Filho – que são um só com ele, onde estavam?!!! E, sejamos claros, a avaliar pelo que ele inspirou aos profetas, estava muito mal informado acerca da Vida, do Universo, da Terra, do Homem, fazendo-se a si próprio e à tríade de que faz parte, um Deus ignorante, sanguinolento, vingativo e ciumento, no AT, e um oposto Deus de Misericórdia – embora nem sempre, como acontece na paixão e morte a que os dois, Pai e Espírito Santo, sujeitam o Filho! – no NT. E isto tudo no espaço de um milhar de anos. Um Deus mutante! Então, qual a sua veracidade? Qual a credibilidade deste Espírito Santo? O que vem a seguir e no qual o crente deve fazer Fé é surreal! Quem é que acha que a Igreja é “una” e “santa”? Aliás, qual Igreja? A católica? E a ortodoxa? E a protestante? E as de todas as seitas derivadas destas três?! “Apostólica”, é-o realmente! Continua a pregar, pelo mundo, inverdades, todos sabendo que são inverdades, a começar pelo papa e a acabar no mais humilde – mas inteligente! – sacerdote! A razão é simples: nenhum deles quer perder o seu poder, quer temporal – não ganham bem a vida à custa de pregar estas inverdades? Então para quê dizer que tudo o que pregam é falso? – quer espiritual, sobre as consciências, poder que lhes trouxe muitas riquezas com que se têm banqueteado ao longo da História. E continuam. Veja-se o rico Papa no seu rico Vaticano. Só comparável ao asqueroso bispo brasileiro Macedo – porque é que não se chama papa?!!! – da Igreja Universal do Reino de Deus que se vangloria, escarnecendo dos que nele e na sua igreja acreditam e onde deixam chorudas esmolas, do lautíssimo luxo que ostenta! O baptismo, a remissão dos pecados, passemo-los à frente para nos debruçarmos sobre a crença na ressurreição dos mortos e na vida que há-de vir, logicamente A VIDA ETERNA. Se já provámos que a ressurreição de Jesus foi um mito, a de qualquer outro ser humano também o é. A começar e a acabar nas várias ressurreições que são narradas na Bíblia (duas ou três no AT, quatro ou cinco no NT, se não contabilizarmos aqueles milhares de mortos que, segundo Mateus, se levantaram dos túmulos e passearam pela ruas de Jerusalém, quando Jesus deu o último suspiro na cruz!...). Enfim, da VIDA ETERNA e da sua impossibilidade para o ser humano, já aqui falámos. Remeto para os textos anteriores sobre a “Impossibilidade da imortalidade da alma humana”.(2 textos, Fev. 2012). E, se a imortalidade é impossível, a eternidade também o é! Temos de nos conformar com a nossa dura realidade: somos seres passantes na Terra, seres que, por acaso da Natureza, viemos à vida. De um ponto de vista optimista, foi um privilégio, privilégio negado a biliões de biliões de outros que nunca passaram ou passarão da potência de ser; e, assim, aproveitar este grande momento o melhor possível para não perder pitada de Sol, de prazer legítimo, de sorriso... Se pessimistas, somos um fogo fátuo que mal se acende logo se apaga, dure esse fôlego, oitenta ou cem..., mil anos que fossem. A escolha é nossa! Enquanto temos vida... (Nota: Quem julgar que há algo de revanchismo ou de ataque gratuito às afirmações das religiões, neste caso, do Credo Católico, engana-se. Aqui, só procuramos a Verdade, questionando tudo o que, um dia, nos disseram ser essa Verdade. Em tal análise, constatamos que as lacunas são tantas que de modo algum merece credibilidade o que nos disseram ou o que nos fazem crer. Mas garanto: continuaremos à procura da Verdade da Vida e do Homem, da Verdade de Deus, questionando, até que a nossa inteligência e racionalidade no-lo permitam.)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O inacreditável Credo Católico (4/5)

«Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai. De novo há-de vir em sua glória para julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim.» Antes de falarmos do mito da ressurreição, e para fazermos jus à “Semana Santa” que se inicia com o “Domingo de Ramos” de ontem, refiramos a continuada afirmação da Igreja em chamar a todos aqueles factos de um suposto cariz divino, que ocorreram antes da Páscoa, em Jerusalém, de “mistérios”: “Celebremos os santos mistérios da paixão e morte do Divino Salvador”. É que, como em todos os outros inúmeros mistérios que inundam a religião católica, não se entende como é que Deus Eterno e Omnipotente tem um Filho, o envia à Terra para salvar o Homem e, para cumprir tão fácil missão por quanto Deus com o Pai, necessita que ele morra de uma maneira tão selvática e ignominiosa, como se fora um criminoso aos olhos do poder religioso judaico e do poder político romano. Apenas duas pertinentes perguntas: 1 - Um tal Deus é possível? 2 - Necessitaria que o seu próprio Filho morresse e morresse de tal modo para salvar o Homem da suposta perdição eterna, desagravando-O das muitas ofensas com que o Homem O havia ofendido? A resposta é obviamente “Não!” Tudo invenções, tenebrosas invenções, perversas invenções que fazem de um deus de bondade e de justiça – tal o Deus-Pai de Jesus mitificado em Cristo – um tirano sanguinário, imitando o seu homólogo do AT, Javé! Por isso, celebrem-se estes mistérios, façam-se inflamados sermões, encham-se as igrejas de trajes roxos e de luto, toquem-se matracas e encomendem-se as almas,... mas tudo não passa de encenações, de uma fé sem fundamento, pois as bases não têm qualquer credibilidade. Pelo contrário: são falsas, à luz destes argumentos que provêm da própria essência ontológica de Deus. Há que referir ainda as dramáticas quão bizarras narrativas dos quatro evangelistas, copiando-se, grosso modo, uns aos outros, havendo a destacar Mateus que enche a morte de Jesus com milagres e fenómenos terrestres, milagres que a ninguém passariam despercebidos se tivessem sido verdadeiros: o véu do Templo que se rasgou, a noite que veio em plena tarde de sol, os mortos que saíram dos túmulos e se passearam pela cidade, etc. Grande imaginação a de Mateus! Mas imaginação que deita por terra qualquer credibilidade que os seus escritos pretendessem ter, considerando-se, por isso, e com toda a propriedade, de pseudo-históricos (Aliás, estes mortos ressuscitaram antes de JC? – Inconcebível teologicamente: “a ressurreição de JC é o penhor da nossa própria ressurreição”, afirma-se na missa. Ou ressuscitaram por antecipação? E que lhes aconteceu depois?!!!) Do mito da ressurreição, já nos ocupámos, anteriormente, numa meia dúzia de textos (Vide os quatro textos publicados, aqui, em Abril de 2011). Mas vale a pena resumir as ideias principais: 1 - O mito da ressurreição dos deuses solares que em cada Inverno morriam para ressuscitar em cada Primavera, remonta à antiguidade. Qualquer livro sobre história das religiões menciona o facto. 2 – Obviamente, os primeiros criadores do cristianismo, com Paulo à cabeça, não poderiam criar uma religião sem que o seu protagonista principal ressuscitasse dos mortos, tendo, por isso, que nascer, padecer e morrer. 3 – A narrativa da ressurreição que aparece nos quatro evangelhos – ponto fulcral para a religião cristã – é estranhamente díspar quanto, sobretudo, às personagens que a testemunham, sendo a de João a mais simpática, pois dá prioridade nesse testemunho à amada de Jesus, Maria Madalena. (Vide meus textos anteriores). Ora, tal disparidade é inadmissível. Cada narrador, escrevendo depois de Paulo e não lhe saindo da cabeça a célebre frase do “apóstolo dos gentios”: “Se Ele não ressuscitou é vã a nossa fé” (1Cor 15,17), (Paulo escreve pelos anos 55 a 60 dC, enquanto os outros escrevem para lá dos anos 70, 80 e 90, dado importantíssimo nesta análise), inventou o que mais lhe aprouve para que não só houvesse o mínimo de testemunhas iniciais, como, depois, houvesse apenas um número restrito de contemplados com o aparecimento de Jesus ressuscitado. Este facto revela só por si a total falsidade do que se afirma. Então, Jesus ia ressuscitar – repetimos, o facto mais importante da sua missão e base da religião nascente – e não aparecia a multidões para provar que realmente ressuscitou? Ia perder tão soberana ocasião para converter logo ali, milhares que seriam suas testemunhas aquém e além fronteiras de Israel, pelo menos, por todo o Império romano? Inconcebível! Inconcebível para o Homem e muito mais para um Deus que se tinha resolvido a intervir na História do Homem para lhe trazer a salvação eterna!... Seria o cúmulo da estupidez!... 4 – Não deixa de ser caricato o que se segue, convindo citar, na narrativa de João, a cena do incrédulo Tomé, sendo convidado pelo Cristo a meter a mão no lado do peito aberto e o dedo nos buracos dos cravos com que fora pregado na cruz. Mas todos dizem que também comia e bebia e falava. A pergunta – pergunta mais mordaz que ingénua, pergunta a que ninguém dá resposta! – é: “Com que língua falava, com que boca comia, para que estômago iam os alimentos, que corpo tinha para ter peito aberto pela lança e os buracos dos cravos?” Mais disparidade ainda se passa com a narrativa da Ascensão ou subida aos céus. (Seria certamente mais correcto dizer subida para o espaço sideral...) Só aparece, timidamente narrada, em Marcos e Lucas; neste, no Evangelho e nos Actos. Nem Mateus – o campeão da invenção de milagres supostamente realizados por Jesus – nem João referem tal fantástico fenómeno. É mais um argumento para descrer totalmente de que, tanto a Ressurreição como a Ascensão tenham tido realmente lugar: tudo pura invenção! O resto, ainda maior invenção revela: “Cristo sentado” (em que assento?), “à direita do Pai” (o Pai está sentado? E quem está à sua esquerda?), “Há-de vir” (como e quando?), “para julgar” (com que direito?) e “terá um reino” (que reino e sobre quem reinará?)... Ah, como os crentes deveriam questionar tudo isto antes de dizerem a inicial palavra “Creio!” Seria muito mais lógico e racional se dissessem, de início, nem que fosse em voz baixa para não escandalizar ninguém: “Não creio!” E tudo faria sentido! Ficar-se-iam pelo recordar de efabulações...