segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O porquê da desonestidade intelectual (2/2)

Antes de respondermos à pergunta formulada no último texto, vejamos a Verdade dos factos ocorridos e das mensagens nas quais se fundamentam as três religiões monoteístas.
O Judaísmo assenta na Tóra, código de conduta ditado pela classe sacerdotal, sempre conluiada com o poder político, cujo estratega mais importante foi Moisés a quem Javé supostamente outorgou no Monte Sinai as Tábuas da Lei, no regresso do Egipto para onde tinha emigrado no tempo de Jacob; conjuntamente, o único Deus Javé comete a imperdoável injustiça de escolher um povo – o “povo eleito” – para transmitir a sua revelação, através dos profetas, da futura vinda de um Messias salvador, salvador de quem os judeus ainda estão à espera, já que para eles, Jesus foi apenas mais um profeta. (Obviamente, não há nenhuma prova credível desse Javé, dessa escolha, desse Decálogo transmitido a Moisés: tudo tácticas político-religiosas para a classe sacerdotal e política dominarem o povo “de cabeça dura”, o povo judaico, levando Javé a aceitar e a ordenar as matanças mais horríveis que se conhecem na História!)
O Cristianismo – dividido, actualmente em católicos, ortodoxos e protestantes, tendo estes incontáveis seitas, facto que revela a sua fragilidade como religião credível, ou de bases credíveis, o de um Deus credível – assenta essencialmente no NT, isto é, nos evangelhos e nas cartas de Paulo. Ora, está mais que provado que os evangelhos não merecem qualquer credibilidade histórica nem tão pouco as cartas de Paulo, evangelistas e Paulo apostados em consolidar, com escritos, a religião nascente, tendo como protagonista Jesus de Nazaré que, aos trinta anos, se sente inspirado, sai da casa de seu pai onde exercia a profissão de carpinteiro, e começa a pregar a sua Verdade: um mundo de fraternidade universal, sendo os Homens todos irmãos, porque todos filhos do mesmo Deus-Pai, havendo uma vida eterna com um Paraíso para os bons e um Inferno para os maus. Não só estas bases são falsas (vejam-se textos argumentativos aqui antes publicados), como o Deus-Pai, dado como Deus que perdoa e que ama os Homens, não teve pejo em sujeitar o seu dito próprio Filho à maior ignomínia da altura: a morte de cruz após indizível sofrimento, ao que se diz para cumprir as antigas Escrituras... A mitificação de Jesus em Filho de Deus e em Messias redentor feita pelos evangelistas e por Paulo não passa disso mesmo: mitificação! Mas mitificação sempre, e desde os primórdios, apresentada como realidade inquestionável, sobretudo apoiada nos inúmeros supostos milagres, culminando com o da própria ressurreição de Jesus, dizendo Paulo: “Se ele não ressuscitou é vã a nossa fé!”. A Verdade é que ele não ressuscitou (vejam-se textos já aqui publicados), a Verdade é que ele não é Filho de Deus, a Verdade é que ele não é referenciado – nem nenhum dos seus milagres! – pelos historiadores com credibilidade da altura, sobretudo Flávio Josefo e Fílon de Alexandria. Como tal aberração histórica teria sido possível sendo verdade o que afirmam os evangelhos e Paulo?
Finalmente, temos Alá, pregado pelo auto-proclamado profeta Maomé, no seu livro inspirado/sagrado (ditado pelo supostamente existente Anjo Gabriel), que se revela como um Deus absolutamente inconcebível: Clemente e Misericordioso, por um lado, por outro, mandando matar todos os que não acreditassem em Alá, nem seguissem o Corão, a sua revelação aos Homens, elegendo a “guerra santa” como meio de propagação da nova religião. Obviamente, mais um conluio entre a religião e a política – conluio que se mantém até hoje com laivos de desumanidades e injustiças inconcebíveis, dentro e fora da religião – para dominarem, primeiro, os povos que governavam políticos e religiosos, depois, para conquistarem o mundo, o que conseguiram em parte, (são mais de mil milhões!) e pretendem ainda conseguir, actualmente, expandindo-se pelo globo.
Três religiões! Todas com o mesmo Deus! Um Deus absolutamente impossível! (Vejam-se textos aqui publicados)
E, afinal, não respondemos à pergunta! Fica para o epílogo.

sábado, 11 de agosto de 2012

O porquê da desonestidade intelectual (1/2)

 Todos os teólogos de todas as religiões, e com elas comprometidos, (excluindo, obviamente, os que são estudiosos do fenómeno religioso, enquanto tal e enquanto fazendo parte da cultura da Humanidade, desde os tempos mais remotos, ou, mais precisamente, desde que o Homem tomou consciência do ciclo inexorável que o encheu de medos: nascimento, vida e morte, desaparecendo para sempre na Terra que lhe deu o ser) são intelectualmente desonestos. A afirmação é contundente, mas... prova-se!
Os teólogos comprometidos (engagés) têm forçosamente alguns conhecimentos de Filosofia – ou então serão “amadores”! – logo, conhecem o princípio cartesiano da “dúvida metódica” sobre qualquer afirmação que se faça. Isto é: nada pode ser afirmado sem que se possa perguntar: “Qual a prova, se possível avalizada pela prática, para que tal afirmação tenha credibilidade?” Ora, os teólogos comprometidos passam o tempo a estudar e a argumentar – na Idade Média, chamava-se a tal “arte”, Apologética – partindo de pressupostos que dizem inquestionáveis. Para as três religiões monoteístas, a base de tais estudos argumentativos está nos livros sagrados: Tora, Bíblia e Corão. Sagrados, logo – dizem – indiscutíveis, inquestionáveis! Mas basta uma análise mesmo superficial dos mesmos para constatarmos que nada de sacralidade eles têm nem muito menos merecem qualquer credibilidade. E isto, seja qual for a interpretação que deles se faça: literal/textual ou metafórica/alegórica. Pior: os teólogos misturam a seu belo prazer as duas, isto é, quando lhes convém, avaliam/interpretam os livros em sentido textual/literal; quando não lhes convém para os seus escusos intentos, isto é, quando o que se afirma em tais livros não só não é sagrado como é altamente degradante da racionalidade e dos sentimentos humanos (os exemplos são mais que muitos!), fazem apelo à metáfora ou alegoria ou... ao mistério. Esta uma outra monstruosa desonestidade intelectual. Monstruosa ou, se preferirem, tremendamente perversa: insultam a racionalidade humana e o espírito de busca de Verdade que deve orientar toda a actividade intelectual humana.
Portanto, os teólogos comprometidos incorrem num erro altamente grosseiro: trabalham sobre bases que não merecem credibilidade – nenhuma credibilidade! – porque nada, mas absolutamente nada prova que tais livros sejam sagrados, de origem divina ou livros da revelação de Deus aos Homens. Nada, absolutamente nada! Pelo contrário: Deus teria vergonha de ter inspirado tais textos e de ter deixado uma mensagem – que dizem de salvação para os Homens – tão confusa, tão díspar de livro para livro – sendo Ele, obviamente, o mesmo Deus – e tão cheia de desumanidades, de falsidades, de erros grosseiros, cientificamente falando. Mesmo, reportando-nos à época em que foram escritos. Uma vergonha! Os exemplos continuam a ser mais que muitos. Aliás, sendo livros de revelação divina e de função salvífica para o Homem, não deveriam ser de carácter universal, primando pela uniformidade, livres de interpretações, mas facilmente entendíveis por todos a quem se destinavam? Ou Deus é tão incompetente que não é capaz – ou não foi capaz! – de fazer uma revelação entendível por todos a quem ela se destinava, e em todos os tempos, em todos os lugares? E que revelação! Simplesmente a mais importante para a vida do Homem: a Verdade do seu pós-vida, ou vida além da morte!
Mas porquê tão grosseira desonestidade intelectual?