sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Meditações de fim deVerão

 Sentado na areia da praia, olhando o manso e imenso mar... Chega a tarde, o pôr do Sol... Depois, já noite dentro, primeiro, estrelas, muitas, muitíssimas, lá no alto, acenando, trémulas; depois, a Lua tardia, magnífica, tentando destronar com o forte luar a luz do Sol que alimenta a sua. Uma utopia, claro!
E eu, ali! Ainda eu, claro, quem haveria de ser? Mas, dentro de 40, 50, vá lá, 100 anos para os leitores mais novos, quem será que ali estará sentado à beira mar, a ver a noite chegar com o pôr do Sol, depois as estrelas, a Lua pavoneando-se no seu próprio luar? Não serei eu de certeza. Esta foi a minha vez. Se a aproveitei ou não dependeu da minha inteligência. Então, o grito será: “Carpe diem!”, pois curta é a vida...
Vivas os teus 80 ou cem anos, esse é o teu limite. E não terás segunda oportunidade. Por isso... Ora, perguntarás: “Mas como aproveitar ao máximo a vida, cada momento desse meu tempo? Se me levanto a correr, saio de casa a correr para levar as crianças à escola e ir para o trabalho, como a correr, trabalho a correr (produtividade exige-se!), regresso a correr, faço o jantar a correr, vejo um pouco de televisão a correr, deito-me a correr, faço amor a correr (quando faço!), pois um amanhã igual me espera... continuando a correr?” – A resposta – embora barafustando contra tal sociedade que tal vida impõe aos cidadãos activos – só pode ser uma: “Sê bom no que fazes, para teres o prazer de ser bom no que fazes!” Assim, não sentirás que a vida te foge e tu a “vê-la passar”... Depois, tens os teus tempos de lazer: fins-de-semana, férias. Aí, é possível inverter toda a tua correria diária para um ritmo de quase dolce fare niente, tendo tempo calmo para os filhos, o amor, o fazer o que mais te dá prazer. E terás a tua felicidade possível, na tua liberdade possível, não pretendendo o impossível de uma liberdade total inexistente ou de uma felicidade inalcançável! Mas ainda haverá outra pergunta mais angustiante existencialmente falando: “Não saindo de mim, só pensando em mim e nessa minha possível felicidade, serei realmente feliz sem pensar nos que me rodeiam?” – Realmente, pouco te sobra do teu tempo de correria para os outros. Deixa talvez as tuas preocupações sociais para mais tarde, quando, já “desactivado”, tiveres todo o tempo do mundo para fazeres pelos outros o que nunca pudeste fazer, de tão ocupado que andaste. E ainda uma última pergunta: “Onde integro eu, nesta vida, as preocupações com o Além, a “Outra vida”? – Dir-te-ia: “Em lado nenhum, pois tal Além, tal Vida simplesmente não existem! Foram inventados pela mente – perversa?! – de alguns ditos iluminados para disso se aproveitarem e viverem bem nesta, vendendo ilusões a quantos se quiserem deixar convencer; e são muitos milhões que, alienados ou por ignorância, lhes dão crédito e alimentam a sua vida fácil de semear ilusões!”
É! A Ciência o Conhecimento serão a chave para dar ao Homem a sua verdadeira capacidade para se organizar em sociedades muito mais justas e humanizadas, sem quaisquer alienações das suas mentes por oportunistas que a Ciência facilmente desmascara. Mas quando será que a Ciência e o Conhecimento chegarão a todos os Homens?

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O porquê da desonestidade intelectual (epílogo)

É óbvio o porquê da desonestidade intelectual, face às religiões, dos que se dizem intelectuais – mentores religiosos, teólogos, políticos! Um único: manterem o PODER! Aqueles sobre as consciências; estes, sobre os povos que governam, governando-se... Todos conluiados, todos usufruindo das benesses que tal poder lhes outorga. Obviamente, benesses materiais, embora apelem perversamente para o espiritual, o além, o transcendente! (Veja-se o aproveitamento pelas igrejas das romarias, dos santos, dos supostos “milagres”, das crendices de todo o género!)
Imaginemos – o que já foi sugerido, como hipótese académica, no meu livro “Um Mundo Liderado por Mulheres” – que os líderes religiosos mundiais das respectivas religiões aceitassem o método científico aplicado às suas religiões: “a dúvida metódica cartesiana” e começassem a pôr em dúvida todas as verdades até agora pregadas como incontestáveis. O que aconteceria? – Obviamente, nenhuma religião resistiria à sua falsidade ou inverdade! Pior: todos o crentes, incongruentemente ou talvez não, se revoltariam contra o clero – dos papas ou gurus aos sacerdotes, pastores, astrólogos, adivinhos..., todos os que se alimentam do manancial da crendice ou Fé - por lhes porem em causa aquilo em que, desde o berço, sempre acreditaram, aquilo que faz as delícias dos seus sonhos de paraísos tão desejados, quando não é a Fé na Virgem ou nos Santos a panaceia para os muitos sofrimentos de que vão sendo vítimas! A propósito, transcrevamos do mesmo livro, a páginas 73: «Imaginemos que o Corão tivesse sido escrito por uma mulher, também ela “inspirada” pelo arcanjo Gabriel que lhe revelaria a Palavra de Alá. Que diferenças surgiriam nele do início até ao fim? Talvez não houvesse versículo ou sura que ficasse imune à mudança. Menos a inicial: “Em nome de Alá, o Clemente, o Misericordioso”! Muito menos seria apregoada a “guerra santa” contra os “infiéis”, nem tão pouco se ofereceriam aos jovens que se imolassem pela “causa de Alá” dezenas de virgens que, após a imolação, estarão à sua espera num apetecível e deslumbrante Paraíso!... Imaginemos que a Bíblia tivesse sido escrita por mulheres. Que textos se manteriam e que outros seriam abolidos, transformados, humanizados? Certamente pouca credibilidade seria dada aos profetas, chamando-se apenas de escritores, nem aos levitas que viveram parasitariamente mais de um milénio à sombra e para o Templo! Deus-Javé a interferir nas histórias ou na História, também não; muito menos a eleger um povo para seu interlocutor, devido desde logo à tremenda injustiça para com os outros povos do mundo, sendo Ele a Suprema Justiça! Milagres, nem pensar! Paraísos e infernos obviamente que não! Mas a mensagem de fraternidade universal apregoada por Jesus, dito o Cristo, essa, sim, essa de certeza que se manteria e seria a sua coroa de glória!»
Na verdade, com toda a razão do mundo, eu acuso! Acuso de desonestidade intelectual todos os mentores religiosos, sejam eles quais forem, ou quais foram ao longo dos tempos, continuando hoje florescentes, abusando, obviamente da tendência para crenças dos humanos, quando não impostas por lavagens ao cérebro, ou perante a ameaça do fio da espada ou da condenação eterna nos Infernos. Todos: sheiks, imãs, gurus, rabinos, padres, sacerdotes, pastores, bispos, cardeais, papas! Todos interessados em manter o PODER temporal , mantendo o poder sobre as consciências dos que – alienados pelos medos e que ainda não alcançaram a libertação das peias que os amarram a tais medos, através da Ciência e do Conhecimento, utilizando a dúvida metódica como arma de defesa contra tais “assassinos” das mentes – lhes continuam fiéis, vá lá saber-se porquê!
Resta-nos formular um voto, um voto bem sentido: QUE A LUZ DA CIÊNCIA E DO CONHECIMENTO CHEGUE DEPRESSA A TODA A HUMANIDADE PARA QUE, LIBERTA DE TODOS OS MEDOS DA MORTE E DO ALÉM-VIDA INEXISTENTE, CONSIGA VIVER PLENAMENTE ESTA OPORTUNIDADE MARAVILHOSA QUE SE CHAMA “VIDA”, A ÚNICA POSSÍVEL, A ÚNICA QUE, POR PRIVILÉGIO, AQUI SIM, DE INSONDÁVEIS MISTÉRIOS DA NATUREZA FOI OFERTADA AOS HOMENS! Nos foi gentilmente, gratuitamente, ofertada!...