quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) (4/?)

 
INTRODUÇÃO IV
 
A Bíblia, palavra revelada
 
A Bíblia! Porque é que a Bíblia é “revelada” por Deus ou é
“palavra revelada”?
Que credibilidade nos merece quem tal afirmou, pela primeira vez, e
assim se propagou de geração em geração, já em Israel antes de Cristo, já
 com Cristo, já depois dele? Se tudo o que é bom é de inspiração divina
- e partindo do princípio, obviamente contestável, que tudo na Bíblia é bom
- porque não se consideram livros sagrados todos os milhões de outros,
escritos em todos os tempos, em todos os lugares e que são hinos à paz, à
fraternidade, ao amor, a… Deus?
Já o fizemos, mas voltamos a perguntar: Que de divino tem a História de um
povo que ataca e se defende, que luta para conquistar o seu lugar na Terra,
sempre evocando Javé em caso de aflição e logo adorando ídolos quando
o perigo passara, voltando às fomes, guerras e exílios, tidos por castigos
do mesmo Javé? Quem, de boa fé - ou de fé esclarecida - pode acreditar
assim num Deus que inspirou homens que escreveram, ao longo de um
milénio, os livros mais diversos impregnados da cultura da época, já do
povo de Israel, já das civilizações vizinhas, como a egípcia e a
mesopotâmica? Quem, de boa fé, pode acreditar num povo que se diz eleito
de Javé, que de nómada passa a sedentário, “roubando” a outros a “Terra
Prometida” por Javé - bonita expressão, mas certamente inventada por eles,
para terem o beneplácito do mesmo Javé e o perdão dos Homens vindouros?
A Bíblia - livro da VERDADE! Se é livro da VERDADE, porque necessita
de tanta exegese, tanta análise, tanta interpretação, tanto simbolismo? Não
deveria ser a VERDADE clara e simples para que fosse “alimento” de todo
o ser humano? Dos intelectuais, mas também dos néscios? Dos cultos
pelos livros, mas também dos que apenas - apenas? - têm a escola da vida?
É uma grande pergunta, não é? Talvez a pergunta-base, a pergunta-chave que
inicia todo o nosso longo e angustiado perguntar pela tal VERDADE de que a
Bíblia se diz depositária. Onde estás, ó VERDADE que não te encontro?
Onde te escondeste que não te vejo? Mas um Homem nunca desiste!
Vamos, pois, à procura!!! E é uma pergunta que se pode colocar acerca de
qualquer livro dito sagrado, pois todos eles enfermam daquele handicap. Aliás,
pergunta que se poderia colmatar com outra: Deus era tão pouco inteligente
que não soube apresentar-se - ou apresentar a Sua Verdade - aos Homens
da tal maneira simples e clara de modo a que todos pudessem entendê-Lo
sem qualquer dúvida? E ainda outra: Se cada religião diz possuir a Verdade,
obviamente de inspiração divina, por onde tem andado esse Deus que deixa
tanta confusão nos espíritos humanos que não sabem para que Verdade
se voltar, que Verdade - ou FÉ - abraçar?!

sábado, 25 de janeiro de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) (3/?)


 

INTRODUÇÃO III

 


Como que convidando-te…

 

- Vieste encontrar-me à beira-mar, à beira-serra, à beira de todos os
horizontes, absorto, contemplativo, pensando e lendo… sabes o quê?
- O livro dos Livros, o livro da VERDADE, o livro de palavras
de VIDA ETERNA…

- … que esta bem depressa ali se acabará, não é?…

- … a BÍBLIA SAGRADA! E convido-te docemente, serenamente a
lê-la comigo e ver se, para além das palavras - os dois, plebeus, laicos,
incultos, ignorantes… mas desejosos ardentemente de saber o para-além
de tudo quanto pressentimos como existente, o para-além de nós mesmos
- descortinamos respostas, o céu ou o inferno que seja, mas realmente
algo de certo, algo a que nos possamos agarrar com total certeza e que dê
sentido às nossas vidas, aos momentos de estarmos aqui! Numa palavra:…

- … à procura de DEUS! Pois só Ele é RESPOSTA, só Ele, a VERDADE,
só Ele, o ALTÍSSIMO, o ETERNO, o INFINITO, o OMNISCIENTE, o…

- Vamos à procura desse Deus e… faça-se luz nos nossos espíritos porque
nós queríamos realmente que o Além existisse, que houvesse uma
eternidade e que essa eternidade fosse um céu, um paraíso, um estar para
sempre com Deus!

- Então… chamemos Deus!

- Chamemos Deus: “Ó Deus, porque estais tão distante e não Vos mostrais
tal e qual Vós sois para que não tenhamos mais dúvidas e as certezas
conduzam nossos passos? Porquê?!!!” Anda! Vamos à Bíblia, à Bíblia que
dizem inspirada por esse Deus a quem apelas!
Assim o dizem, assim o queremos crer, assim a vamos ler e perscrutar, por
entre linhas, histórias e parábolas, a REALIDADE QUE NOS ESPERA
NO ALÉM! Será que Deus vai manifestar-se-nos numa qualquer sarça
ardente, tal a Moisés?

- Quem sabe?! Partamos de coração aberto… embora de espírito alerta!

- Mas… parece-me que Deus tem mesmo de existir! Se não existisse,
como e porquê lhe agradeço este prazer de estar aqui, este entregar-me
total nas suas mãos, esta contínua ânsia de Lhe dizer, a cada passo
de felicidade: “Obrigado, meu Deus, obrigado! Porque
me sinto tão bem comigo, contigo, com todos os que comigo partilham
vida e felicidade!”? Se me tiram Deus, que me deixam? O Acaso? O Destino?
A Natureza? Preferível, necessário realmente é um Deus - DEUS! - que seja
Ser-ouvinte, ser-SER, onde me integre e me contemple e me perca… me perca!
Aliás, se este SER que nós temos como existente
ou que necessitamos como existente não o é, então… o VAZIO é senhor
dos nossos actos, dos nossos sentires, das nossas preces! É um sem-sentido
tão grande que, por sê-lo, não é admissível! Pelo menos eu, eu nego-me
a admiti-lo. Tu não?

- A Bíblia! Será que é realmente o livro da VERDADE, de origem divina,
que nos revela… Deus ou é apenas… um livro escrito por homens
inspirados, escrevendo em nome de um Deus que eles próprios criaram
como suporte da sua inspiração, das suas ideias de governação
de um povo que se tem revelado, no mínimo, problemático, ao longo
da História conhecida, espalhando-se por todos os continentes, neles se
implantando, criando riqueza, ciência, tão descomunal supremacia que
desencadeou invejas exacerbadas, tal como num Hitler que não
“resistiu” a dele fazer holocausto, oferecendo à humanidade génios
como um Einstein, estrondosas fortunas como um Rockfeller… povo
desde sempre nómada, sempre tentando alcançar uma Terra Prometida
e nunca conseguindo alcançá-la ou sendo dela espoliado, desde o
cativeiro no Egipto até aos nossos dias, em que luta por um bocado
de terra a que quer chamar Pátria, mas disputada também por outros
que a reclamam com o mesmo direito histórico… ?

- É isso que vamos tentar descobrir, lendo-a e relendo-a e… falando
a fala de Javé e perguntando-lhe se Ele é realmente o que dizem que
Ele é, foi e será… num emaranhado de contradições humano-divinas
em que ambos se tocam, mas onde o divino sai tão humanizado
que dificilmente o podemos ter como divino!!! Partamos então à
descoberta!
Anda comigo, tu que vieste de além dos horizontes, por sobre vales e
colinas à procura da Verdade. A que final chegaremos?
Ah, se chegássemos realmente à VERDADE… que bom que seria!
E partilhá-la-íamos com todos os que nos rodeiam, amigos e inimigos,
todos os homens para que todos pudessem comungar da nossa
felicidade e de uma vida eterna tão desejada por todos mas que nos
parece demasiado cheia de mistérios para ser verdadeira!…

- Aqui estou! Vamos que o tempo não espera e os minutos sucedem-se
sem qualquer retorno para as nossas vidas! Vamos!

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Onde a Verdade da Bíblia - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) (2/?)

INTRODUÇÃO II
 
Um reencontro
 
Para quebrar a possível aridez do tema, demos-lhe um toque romanesco, fazendo-o um quase romance, com um reencontro entre duas personagens já conhecidas mas que há muito não se encontravam. Uma delas, a Sabedoria; a outra, qualquer um de nós. Você, leitor, obviamente:
- Olá, Sabedoria! Já te conheço doutros lugares. Continuo procurando… E tu?
- Quem não continuará? Acaso, já a encontraste, já alguém a encontrou, a Verdade?
- É! Temos tentado, tens tentado perscrutar para além do que aqui vês, ali, acolá, em qualquer lugar, perguntando a todas as coisas, a toda a gente: “O que faço eu aqui? Afinal, donde venho e para onde vou?” E nenhuma resposta te convenceu, nos convenceu, nenhuma sossegou o nosso espírito sequioso de verdade…
- … a VERDADE!… que parece existir em tudo e em todos e… em nada ou ninguém…
- Até que … eis que me disseram: “Este é o livro de verdades absolutas… este é o livro da VERDADE!” Então, fomos à descoberta. Será o desencanto total até ao desespero de nada ser verdade, de não haver nenhuma VERDADE… ou o sossego da alma que enfim A encontrou?
- Vamos ver! Os dois… como antigamente. “Que VERDADE? - perguntarão alguns mais distraídos. Simples: O que realmente nos acontecerá depois da morte, já que parece nada haver de certo, nem dito, nem escrito, nem revelado, nem anunciado, em nenhum tempo, em nenhum lugar, em… nenhuma religião. É o realismo total, sem qualquer hipótese de romantizar, idealizar, imaginar, sonhar seja que outra realidade for, pois outra não há com mais certeza do que esta que atinge inexoravelmente todo o vivente: morre porque um dia começou a odisseia curta ou longa da vida! Morre! E nós - parece que únicos seres pensantes, pelo menos na Terra, pois que no Universo, o desconhecido é total! - nós aqui estamos sem saber o fundamental das nossas vidas: o ALÉM do tempo que é a misteriosa eternidade! Será que vamos encontrar a resposta - a VERDADE - na Bíblia?
- Porque não?
- Então, vamos, que o tempo não descansa, a esperança é muita, a ansiedade enorme… A Bíblia é um livro aberto… e o Antigo Testamento o seu princípio! Vamos… à procura da Vida Eterna!
 
Ainda fora do texto…
 
    A Bíblia nasce da poeira levantada pelos pés dos que caminham no deserto. Durante dezenas, centenas de anos, homens e animais viveram, primeiro, no cativeiro do Egipto, depois no deserto, longamente, até chegarem à “Terra Prometida” - Terra que tiveram de conquistar aos de Canaã, para ali se instalarem e proliferarem. “Ai da mulher estéril! Era anátema de Javé!” - depois, novamente em cativeiro na Babilónia…
    Neste contexto, que povo não tenta encontrar um libertador? Quem suporta a escravidão durante toda uma vida, durante várias gerações, sem se revoltar? Tal há 3 000 anos, tal hoje com os povos que se libertam do jugo colonizador, com menor ou maior derramamento de sangue, mas com os seus heróis, os seus pais da revolução. E aí vem Moisés - o Libertador “enviado por Javé” que os conduz do Egipto para a Terra Prometida!
    O deserto é propício a alucinações, à meditação, à contemplação! E tantas privações de água e de alimentos suportadas por homens e animais, não fariam pensar, mesmo que em sonhos, num paraíso onde corresse o leite e o mel? E não precisavam eles de um rei para organizar um exército e os levar à conquista da tal Terra Prometida?
    E onde encontrar justificação para tamanhos castigos, tamanhas privações, tamanha aridez de deserto a que aquele povo nómada e errante tinha sido sujeito? - A autores “inspirados”, detidos no cativeiro da Babilónia, conhecedores da História contada de pais para filhos, ter-lhes-ia sido fácil “inventar” um pecado original, um paraíso perdido, uma mulher a tentar o homem, na “boa” tradição egípcia e… judaico-cristã!!!
    Aliás, não é daí que nascem todas as religiões? Não é por estarmos subjugados ao inevitável sofrimento, à inevitável morte? Não é da inexplicabilidade de o Homem ter em si os dois princípios - o do Bem e o do Mal - o que é bem evidente no dia-a-dia e ao longo da História? Fácil! Fácil “inventar” um Deus - princípio do Bem - e um diabo - princípio do Mal. Fácil “inventar” um pecado contra Deus, para justificar o sofrimento e a morte como castigo por tal pecado! Mas… como tudo vem de um Deus-Criador, teria que haver um livre arbítrio para mandar para o inferno o Lúcifer que “quis” ser igual a Deus e os seus anjos seguidores e expulsar Adão e Eva e, com eles, toda a humanidade, do Paraíso terreal, comendo o pão com o suor do seu rosto e gerando na dor e nas lágrimas!…
    A Bíblia! Não terá nascido realmente da poeira dos que caminharam no deserto?!
 
(NOTA: aqui, continuaremos a escrever, ignorando, em protesto, o dito Acordo Ortográfico!)

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Onde a VERDADE da Bíblia? Análise crítica - O Antigo Testamento (AT) (1/?)


INTRODUÇÃO 1
 
Haverá algum pecado em questionar a Bíblia?

Que pecado?

 

 

 

“Fiat lux!”

“Faça-se a luz!” E a luz começou a existir. (Gn 1,3)

 
“Não há nada melhor para o Homem do que alegrar-se com as
suas obras (…)

De facto, ninguém lhe fará ver o que acontecerá depois dele.”
(Ecl 3,19-22)


“Não te prives de um dia feliz nem deixes escapar um prazer legítimo. (…)

Dá e recebe, diverte-te, porque no mundo dos mortos não existe alegria.”

(Eclo 14,14-16)


“A beleza da mulher alegra o rosto e supera todos os desejos do homem.”

(Eclo 36,22)


“Não entregues o teu coração à tristeza, pensando no fim que terás. Não te esqueças: da morte, não há retorno.” (Eclo 38,20-21)


“Que vida existe quando falta vinho? (…) Bebido (…) na medida certa, o vinho traz gozo ao coração e alegria à alma (…).” (Eclo 31,27-28)

 
Beija-me com os beijos da tua boca!

Os teus beijos são melhores do que o vinho (…) (Ct 1,2)


Leva-me, ó rei, aos teus aposentos, e exultemos! Alegremo-nos
 em ti!

Mais que ao vinho, celebremos os teus amores! (Ct 1,4)

 
A felicidade do Homem está em comer e beber, desfrutando o
 fruto do seu trabalho.

(Ecl 2,24)

 
Eu exalto a alegria porque não existe felicidade para o
Homem debaixo do Sol, além de comer, beber e alegrar-se.
(Ecl 8,15)

Aqui ficam algumas das belas passagens da Bíblia. Muito humanas! Muito pouco divinas! O que pensar e a quem atribuir a inspiração dos poetas ou escritores que no-las deixaram escritas de tal forma?
 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Bom Ano! Feliz Ano Novo!

E festejemos o NOVO ANO, sorrindo, alegrando-nos porque iremos ter mais um ano de vida - esperemos, claro! - para admirarmos toda a beleza que nos rodeia, da Terra às Estrelas, pessoas e paisagens, pouco nos importando o muito de mal que os Homens vão construindo, dia a dia, a nosso lado, apenas tentando ver o muito de bom que também acontece nas nossas vidas. E viva a POSITIVIDADE!
Nós, por aqui, continuaremos a nossa saga da análise crítica do fenómeno religioso que vai determinando a vida dos Homens, lutando pela dignificação da prerrogativa mais nobre do mesmo Homem: a sua capacidade de raciocinar, de criticar, de analisar, para tomar atitudes condizentes com essa sua prerrogativa.
E, como  "Em Janeiro, faz planos para o ano inteiro", eis de que nos iremos ocupar, este ano, e para cuja tarefa convidava todos a participar com as suas críticas, os seus comentários, os seus elogios, se a tanto o texto convidasse: ANÁLISE CRÍTICA DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO.
Obviamente, não pretendemos fazer nenhum tratado de hermenêutica, nem tão pouco de exegese. Isso fica para os teólogos, havendo, aliás, inúmeros trabalhos interpretativos dos textos bíblicos. Ora, nós não queremos interpretar: queremos dissecar as passagens mais signficativas dos livros do AT e ver até onde e onde poderemos encontrar o "dedo de Deus" em tais escritos, já que as Igrejas cristãs - e os Judeus também?! - afirmam tais livros serem de inspiração divina, embora escritos por mãos humanas.
Os teólogos de todo o mundo parecem ter abdicado da crítica ou da análise crítica de tais livros, procurando-lhe no âmago, exactamente esse dedo de Deus, para apenas os interpretarem ou tentarem interpretar, encontrando explicações para o muito - quase tudo! -  de inexplicável que a Bíblia contém. Muitos deles, habilidosamente, interpretando-os segundo as suas conveniências; basta ver as notas de rodapé que enchem as publicações bíblicas para de tal nos apercebermos. O exemplo mais típico - ou não estivéssemos nós no Natal! - é a "descoberta" de passagens alusivas ao Menino que nos iria salvar: "Um Menino vos foi dado..." "Puer natus in Betlheem, alleluia!", e cuja vida daria origem ao Novo Testamento.
Das lutas dentro da Igreja primitiva para estabelecer o cânone definitivo do livros do AT - lutas que se arrastaram por vários séculos - não serão objecto da nossa análise. Apenas diremos que o Espírito Santo andou muito arredado de tais decisões, havendo excomunhão daqueles - minorias - que tinham opinião contrária. No entanto, vale a pena referir que a Bíblia cristã integrou no seu seio, como considerados de inspiração divina, uns seis livros - ou livrinhos! - que não fazem parte da Thora judaica, embora escritos por judeus, como, aliás, todos os outros. A seu tempo, referi-los-emos. Estranho, não é?