terça-feira, 29 de abril de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 17/?

 
À procura da VERDADE no livro do Êxodo - 1
- Lê-se na Introdução ao Livro do Êxodo: “A palavra Êxodo significa
saída. (…) Os hebreus saíram (…) do Egipto, onde eram escravos (…)
por volta do ano 1250 a.C. (…) A mensagem central do Êxodo é a
revelação do nome do Deus verdadeiro: JAVÉ. (…) Os capítulos 25-31
e 35-40 foram acrescentados por sacerdotes após o exílio na
Babilónia.”(ibidem) Mais uma vez perguntamos: Porquê divino, sagrado,
um livro que narra um momento da história de um povo? E que tem
acrescentos feitos por sacerdotes de cuja inspiração divina podemos
duvidar? Mas… vamos lê-lo! Vamos à procura da “sua” VERDADE!
- “Os filhos de Israel (…) multiplicavam-se (…) a tal ponto que o país
ficou repleto deles. (…) Então o Faraó ordenou a todo o seu povo:
Lançareis ao rio Nilo todo o menino que nascer e deixareis viver todas
as meninas. (…) Uma mulher deu à luz um filho. Vendo que era bonito (…)
pegou num cesto de papiro (…) colocou nele a criança e depositou-a
entre os juncos na margem do rio. (…) A filha do Faraó desceu para
tomar banho (…) e viu o cesto .(…) Ao abrir o cesto, viu a criança (…)
compadeceu-se e disse (…) à mulher (hebreia): Leva este menino
e cria-o que eu te pagarei. Quando o menino cresceu, a mulher
entregou-o à filha do Faraó que o adoptou e lhe deu o nome de Moisés,
dizendo: Eu tirei-o das águas.” (Ex 1,7-22; 2,1-10)
- História comovente, esta de Moisés! Embora não original, já que
 outras histórias semelhantes de heróis de épocas passadas corriam
entre os povos semitas, é essencial descrevê-la: ele vai ser o grande
libertador do povo de Israel do cativeiro do Egipto. Mas… que verdade
divina haverá nela?
- “Moisés cresceu e (…) notou que os seus irmãos eram submetidos a
trabalhos forçados. (…) Um dos seus irmãos hebreus estava a ser
maltratado por um egípcio (…), matou o egípcio e enterrou-o na areia (…).
O Faraó ouviu falar do facto e procurou matar Moisés (…). Moisés fugiu
e refugiou-se no país de Madiã (…) que deu a Moisés a sua filha Séfora (…).
Moisés apascentava o rebanho do seu sogro (…). O anjo de Javé apareceu
a Moisés numa chama de fogo do meio de uma sarça (…). E do meio da
sarça, Deus chamou-o: Moisés, Moisés, (…) Eu envio-te ao Faraó para tirares
do Egipto o meu povo, os filhos de Israel. (…) Eu sou Aquele que sou.”
(Ex 2,11-22; 3,1-14)
- Mais um momento fundamental da Bíblia: Deus manifesta-se a Moisés
e dá-lhe a missão de libertar o Seu povo. Mas… porquê Deus? Porque
não foi simplesmente Moisés que, “no sossego das pastagens, do ritmo
dos rebanhos, (…) ia pensando certamente na sorte dos seus”
(Notas a Ex 3, 1-6, ibidem)?
Os diálogos que se seguem entre Javé e Moisés são deliciosos. A
familiaridade entre ambos instala-se facilmente. Todas as hipóteses
e perigos são ventilados, incutindo coragem e incentivando Javé a Moisés.
Então, dá-se o primeiro milagre do Êxodo (se é que todo este encontro
com Deus de Moisés não é já grande milagre…): a vara de pastor de
Moisés, caída ao chão, transforma-se em serpente e, apanhada esta
pela cauda, novamente se transforma em vara… Então Javé disse: “Isto
é para acreditarem que Javé (…) o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o
Deus de Jacob, te apareceu.” (Ex 4,5) - Que Deus é este, com que rosto
ou com que figura se apresentará aos seus preferidos, desde Adão e Eva,
a Caim e Abel, a Noé, a Abraão, Isaac, Jacob e, neste momento da História,
a Moisés…? Figura humana, pelo “Façamos o homem à nossa imagem e
semelhança.”? Este Deus será o Deus de todos os povos, de todas as gentes,
de todo o Universo e foi Ele que escolheu aquele povo ou… foi aquele
povo que o inseriu na sua História para assim, de história em história,
encontrar explicação-justificação para cativeiros, guerras, lutas, derrotas,
vitórias, paraísos perdidos?… Ah, como toda esta cena da sarda ardente
donde fala Deus a Moisés nos parece plena de fantasia e até de poesia
mas com tão pouco de divino! Ou mesmo nada de divino, apenas inspiração do
autor, escrevendo romance ou novela de encantar!

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 16/?

 
À procura da VERDADE no livro do Génesis - 10
 
- “Um homem lutou com Jacob até ao romper da aurora. Vendo que não
conseguia dominá-lo (…) o homem disse: Já não te chamarás Jacob mas
Israel, porque lutaste com Deus e com homens e venceste.” (Gn 32,25-29)
- Diz-se em Nota a 23-33: “A luta de Jacob com esse alguém que é um
anjo ou o próprio Deus pressagia certamente a cadeia de lutas que
marca o destino de Jacob e os seus descendentes.” (ibidem) - Só perguntamos:
Como se pressagia tal cadeia de lutas? Não seria mais acertado dizer
que o autor sagrado inventou uma bela história para criar o nome de
Israel com poderes de “vencer” o próprio Deus? É presunção mas… é
 uma boa dedução!
- “Dina, filha de Lia e Jacob, saiu (…). Siquém, príncipe do país (…) raptou-a,
dormiu com ela e violentou-a. Contudo (…) apaixonou-se por ela e
procurou cativá-la. (…) Hemor (pai de Siquém) disse-lhes: O meu filho
de Siquém apaixonou-se pela vossa filha. Peço que lha deis como esposa.
Assim nos tornaremos parentes. (…) Siquém disse ao pai e aos irmãos de
Dina: Fazei-me esse favor e dar-vos-ei o que me pedirdes. (…) Os filhos
de Jacob responderam (...): Só vamos concedê-la com uma condição:
tendes de vos tornar como nós e circuncidar todos os homens. Então
vos daremos as nossas filhas e tomaremos as vossas para nós; viveremos
convosco e seremos um só povo. (…) Aceitaram a proposta (…) e
circuncidaram todos os homens (…). No terceiro dia, quando os homens
estavam a convalescer, Simeão e Levi, filhos de Jacob (…) tomaram
cada um a sua espada (…) e mataram todos os homens. Passaram a
fio de espada Hemor e o seu filho Siquém (…) atacaram os feridos e
pilharam a cidade, porque haviam desonrado a sua irmã.” (Gn 34,1-27)
- Episódio espantoso de… crueldade e cobardia! Que povo era este para
que Deus fale com ele e seja por nós considerado “povo santo, povo eleito”?!!!
Mas também parece haver castigo: teriam sido Simeão e Levi que
quiseram matar o seu irmão José, por inveja e pelos seus sonhos de realeza,
acabando por vendê-lo, tendo José chegado ao Egipto e ascendendo aí
à categoria de vice-rei. Foi nessa categoria que o encontraram seus irmãos
quando, acossados pela fome que grassava em Canaã, se foram oferecer
como escravos em troca de alimentos. Assim nasceu o cativeiro do Egipto
para o povo de Israel… (Gn 37-50)
Os sonhos de José! Os sonhos! Têm importância invulgar em toda a Bíblia,
até no Novo Testamento. Deus fala através dos sonhos! A História é feita
ou predita por sonhos. Será que podemos fazer dos sonhos o motor da
História, da nossa história, do nosso drama existencial?
CONCLUSÕES:
1 - Referimos apenas alguns momentos importantes do Génesis.
Muitos outros poderiam ter sido questionados pelo mistério e simbolismo
que encerram. Mas… que VERDADE encontrámos? A VERDADE onde possamos
basear a nossa sede de vida eterna? - Hum!… As muitas dúvidas que não
nos sossegam a alma, formuladas em outras tantas perguntas que ficaram
sem resposta, ao longo desta análise crítica, levam-nos exactamente a
pensar o contrário. Uma total frustração!
2 - Afinal, que Deus foi este que inspirou o Génesis? Ou, admitindo
erro humano, que parte divina se contém nele e qual a parte humana?
Depois, se Deus é a VERDADE, como se explica tanta incongruência,
tanta crueldade, tanta ignorância vindas da parte de tal ser?
3 – Ah, como espanta até à medula da razão saber que os teólogos de
todos os tempos - nesta como nas outras religiões – nunca questionaram
criticamente os livros ditos sagrados! Como espanta! E, perversamente,
continuam – eles e todos os mentores religiosos, desde os papas aos gurus,
imans, rabinos, bispos, sacerdotes… - a construir sobre “verdades” que
têm pés de barro, assentes em areia, não possuindo qualquer base
de sustentação ou de credibilidade. A pergunta pertinente será um
grande, um enorme, um revoltado PORQUÊ!
4 - Na verdade, se Deus é INFINITO (contém todo o espaço) e ETERNO
(contém todo o tempo) que Deus é este que, se contém todo o
espaço, contém tudo o que no espaço se encontra e sempre conteve e
conterá em si tudo o que se diz próprio do tempo, sendo portanto Ele
TODO O ESPAÇO E TODO O TEMPO?! Mas é este o Deus em que é possível
acreditar! Este é o único Deus que logicamente pode existir, sendo os
deuses de todas as religiões todos falsos e fruto da imaginação fértil dos
homens (não há notícia de mulheres!!!) que os inventaram, por razões
políticas, económicas, de poder e domínio sobre as consciências dos outros
Homens! Quem tiver a coragem de argumentar contra tal evidência que
se apresente! Será bem-vindo!

terça-feira, 22 de abril de 2014

A ressurreição, mito impossível




Páscoa! E, depois de uma Semana Santa, foi mais uma Páscoa! Cristo ressuscitou, aleluia, aleluia!...

Não! Cristo não ressuscitou! Nem tão pouco houve, no seu tempo, a ressurreição de Lázaro ou de quaisquer outros, aparecendo em episódios narrados na Bíblia, sobretudo nos evangelhos. Sejamos claros e intelectualmente honestos: nunca houve ressurreição alguma na História do Homem simplesmente porque ressuscitar dos mortos é impossível! Tudo invenções, tudo narrado para ludibriar os humanos – e são quase todos, a avaliar pelos crentes de todas as religiões! – predispostos para a crença em fantasias de Céus ou Infernos depois da morte, com corpos ressuscitados de concepções as mais bizarras e estranhas que se podem imaginar!

Então, se há aleluias que não sejam do tipo “Aleluia, aleluia, Cristo ressuscitou, aleluia!”, pois é uma total e perversa falsidade. Cantem-se aleluias à Primavera, ao Sol, às flores, ao amor, aos arrulhares de aves e todos os animais que, com o cio, procuram que a espécie não se acabe. É um aleluia à VIDA! É esta que se deve celebrar, sem crendices, sem metamorfoses de mortos ressuscitados com corpos gloriosos que falam, comem, bebem, gesticulam – só lhes faltando dizer que precisam de ir às toiletes!!! – como nos é narrado nos evangelhos em comportamentos atribuídos a Jesus, a quem chamaram de Cristo e a quem ressuscitaram…

Já, em textos atrás publicados, argumentámos/provámos como é impossível a ressurreição da pessoa morta, dispensando-nos de os repetir aqui e agora. Aliás, constata-se, quando se lêem os argumentos dos teólogos católicos a “provarem” a veracidade da ressurreição de Jesus, que se fica com um enorme vazio na alma e na razão, parecendo impossível como gente que deveria ser intelectualmente honesta não quer ver a incongruência e a fragilidade das suas argumentações. Ao menos que admitissem os 50% de hipóteses de tais supostos factos serem realmente suposições, atendendo aos argumentos invocados pela outra parte…

Mas… não podemos ignorar uma grande realidade: as religiões cristãs estão aí vivas, contando cerca de 2 mil milhões! E, admitir uma pequena dúvida que fosse sobre a ressurreição de Jesus, seria decapitar o cristianismo já que a ressurreição é a base de toda a Fé cristã. Por isso…, melhor mesmo para as igrejas é fazer tabu das análises críticas que há muito se vêm fazendo dentro e fora delas. Até quando? – Não sabemos. Temos é a certeza de que um dia o homem perderá os seus mitos. E a perca deste acabará com as religiões cristãs. Um bem? Um mal? Ficará o mundo melhor? Pior? – São perguntas de difícil resposta. Mas que se cometem muitos crimes contra inocentes por crenças em mitos, ninguém o contestará.

Resta-nos uma outra certeza: as religiões – mormente as cristãs – com as suas crenças levaram à criação das obras mais sublimes que se criaram em todos os ramos das artes, sobretudo na música e na pintura. E essas obras perdurarão pelos séculos dos séculos, para gáudio dos nossos sentidos…

E, como importante é o sorriso, para todos, BOAS FESTAS PASCAIS, ENQUANTO HOUVER PÁSCOA!


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 15/?




À procura da VERDADE no livro do Génesis - 9

- Que “liberdade” aquela de Labão ao dar, de noite, a Jacob, a sua filha
Lia - a mais velha - para que dormisse com ela, em vez de Raquel - a mais
nova - e que era a preferida de Jacob!… Razões?
“Nesta terra, não é costume que a mais nova se case antes da mais velha.
Termina esta semana de núpcias e eu te darei também a outra (…).”
(Gn 29,23-27)
- Em vez de uma… duas! Assim sempre era mais célere o bíblico “crescei
 e multiplicai-vos!” E não se ficou por ali! É que a bela Raquel continuava
estéril e disse a Jacob: “Aqui está a minha serva Bala. Une-te a ela para
que ela dê à luz (…). Assim terei filhos por meio dela.” (…) e Jacob uniu-se
a Bala. Bala concebeu e deu à luz um filho (…) e gerou um segundo filho (…).
E… ainda mais!!! “Lia, vendo que não tinha mais filhos, tomou a sua serva
Zelfa e deu-a por esposa a Jacob. Zelfa (…) gerou um filho (…) (Gn 30,1-12)
E tudo abençoado por Deus! Não era preciso criar um povo eleito? E
é dos doze filhos de Jacob que nascerão as doze tribos de Israel! É uma
história bem arquitectada de um povo para um povo, estando Deus sempre
por perto, directamente ou através dos seus anjos. (Gn 31,11-13)
- Os anjos! Quem teria “inventado” tão simpáticos seres, mensageiros de
Deus, servidores de Deus, cantadores de Deus?
- Imagina-te a imaginar o céu! Há três mil anos ou… em dias de hoje,
impregnada de toda uma cultura bíblica, romana, helénica, com todos os
seus deuses, o seu Olimpo… Como o imaginarias? Não poderia bem ser um
Deus no seu trono sentado, cheio de poder e majestade, servido por miríades
de anjos, cantando em coros ou agrupados em ordem de batalha,
prontos para qualquer guerra que se vislumbrasse no horizonte celestial?
E ainda outros pelotões, sempre ansiando por uma ordem de Deus, a
quem chamaram arcanjos, querubins ou potestades, por certamente
privarem de mais perto com o Altíssimo a quem serviriam em baixelas
de ouro e platina, todas as iguarias que Lhe dariam prazer? E não seria
uma espécie de Reino celestial, onde há um Rei e Senhor com os seus
nobres e vassalos, plebeus e soldados e… servos da gleba, tal como
num qualquer reino terrenal? E não teria sido exactamente uma
fértil imaginação de algum autor “inspirado”, de há cerca de três mil
anos, que tal visão concebeu, como nós a estamos concebendo agora?
- E Lúcifer? Porque teria sido “inventado” juntamente com todos os outros
diabos que andam por aí à solta?
- O Homem sempre teve dificuldade em compreender o MAL. As forças
do MAL parecem mesmo existir! É de tal maneira óbvio que nós não
conseguimos libertar-nos delas! E são dores, doenças do corpo, doenças
da alma, perversidades, sacanices, ódios, mortandades… Como
compreender tudo isto em emanações de Deus que são todos os
seres existentes, não sabendo nós se foram criados ou se existem desde
sempre - tal como Deus-Criador - e apenas vão mudando de
forma em forma, nada se produzindo realmente de novo debaixo do
Universo?
- É! Um Lúcifer, um Anti-Deus, um Príncipe das Trevas ou do Mal, um
Diabo fazia jeito para tal explicar. Ora aí está a imaginação do nosso
autor “inspirado” a “inventar” a solução! E não pensando sequer que Lúcifer,
a ter sido criado por Deus, não poderia ser intrinsecamente mau, porque
senão negava a própria essência de Deus-Criador que, por ser o Bom ou
o Bem nada de mau poderia ter criado, fá-lo revoltar-se contra o seu
Criador, querendo ser igual a Ele e, como Deus só há um, lá vai ele para
as profundezas do inferno que, afinal, será ele próprio ou a visão da sua
face, tal como o céu será a visão da face de Deus, já não sabendo nós que
fazer daquele local de fogo, onde há choro e ranger de dentes, que é pura
linguagem metafórica, mas a que o próprio Cristo recorreu, certamente à
falta de melhor, para fazer passar a sua mensagem de solidariedade e
de fraternidade universais aos corações empedernidos do seu tempo!
Talvez que com o temor do fogo do inferno…

- Os anjos! Realmente para que precisa Deus de… anjos?!!!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 14/?




 
À procura da VERDADE no livro do Génesis - 8

 
- E que dizer das filhas de Lot que, por não terem maridos - Coitadas!
Rodeadas por uma cidade inteira de gays que, ainda por cima, foram
exterminados… - embriagaram Lot para com ele se unirem e assim
perpetuarem a descendência? “(…) assim, daremos descendência ao
nosso pai.” (Gn 19,32)

- E que dizer também das confusões que Abraão engendra por causa de
sua mulher, Sarai, que, por ser muito bonita, e por receio que o matem,
ele apresenta como sua irmã, no Egipto, primeiro (Gn 12) e de novo ao
rei Abimelec (Gn 20), havendo logo pretendentes a tal beleza, enviando
Deus, devido a tal “pecado”, pragas ao Faraó e tornando estéreis
todas as mulheres de Abimelec e seus servos? Repetimos a pergunta de
há pouco: “Porque sanciona Javé uma mentira e - pior! - castiga, com
tamanhos castigos, a quem teve legítimos desejos de possuir uma
tal beleza, apresentada como descomprometida”?

- Estranha, muito estranha é também aquela prova que Javé impõe
a Abraão, obrigando-o a decidir-se a imolar o seu próprio filho Isaac,
oferecendo-o em holocausto, salvo apenas no último momento:
“Não estendas a mão contra o menino! (…) Agora sei que temes a
Deus (…).” (Gn 22)

- Com Abraão, começa a verosimilhança histórica, contrapondo-se ao
“intemporal” da criação, a um ingénuo “No princípio…”. Que pensar
desta passagem do de fora-do-tempo ao tempo, do não-datado ao datado
da história de um povo nómada que se organiza com os patriarcas?

- “Juro por Mim mesmo, palavra de Javé: (…) porque não me recusaste
o teu filho único (…), multiplicarei os teus descendentes (…) (que)
conquistarão as cidades dos teus inimigos.” (Gn 22,16-17)

- Repetimos: Que Deus é este que jura… e que incita à conquista das
cidades dos outros? Foi com este Deus que Maomé aprendeu a incitar à
guerra santa os seus seguidores e que, agora como outrora, espalham o
terror em nome de Alá e em nome do mesmo Alá levam crentes à imolação
da vida por uma causa dita nobre, suicidando-se com estragos nas fileiras
dos chamados inimigos?

- E que moralidade se pode tirar do engano que Jacob e sua mãe fazem a Isaac,
seu pai, roubando a bênção do seu irmão Esaú? (Gn 27) Ou ainda o
evitarem os israelitas ligarem-se a mulheres estrangeiras para não
comprometerem a pureza do sangue e da fé? (Gn 28) Racismo? Xenofobia?
Apesar do engano feito por Jacob a seu pai Isaac, Javé diz-lhe, em sonhos:
“Eu estou contigo e proteger-te-ei para onde quer que vás.” Ao acordar,
Jacob responde a Deus: “Se Deus estiver comigo e me proteger (…) então
Javé será o meu Deus, (…) e eu dar-Te-ei a décima parte de tudo o que
me deres.” (Gn 28,15-22) Será que vem desta data o cobrar o dízimo ainda
hoje reclamado por tantas igrejas aos seus fiéis? Não é claro que Jacob
apenas devolve a Deus a décima parte daquilo que dele receber?!!!
Enfim, como entender este "comércio" com Deus, falando tu-cá, tu-lá com
Ele? Simbolismo, fantasia, sonho? - Tudo, menos a prova de um Deus
realmente Deus, o Absoluto, o Eterno, o Infinito!


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 13/?

 
 
À procura da VERDADE no livro do Génesis - 7
 
- “A aliança que faço contigo é esta: serás pai de muitas nações (…).
Circuncidai a carne do prepúcio. Este será o sinal da aliança entre Mim
e vós. (…) (Gn 17,4-11)
- É um sinal sagrado de uma aliança ou simples medida de higiene, tal
como o Corão proíbe aos Muçulmanos a carne de porco talvez porque
facilmente deteriorável em climas desérticos? Colocar tal “ordem” na
boca de Javé não lhe dará força de “Lei divina” tornando-a mais
obrigatória e mais facilmente cumprível por todos os hebreus?
 - “Os homens partiram e foram para Gomorra enquanto Javé permanecia
com Abrão.” (Gn 18,22)
- E Javé permanecia com Abrão, em amena cavaqueira sobre quantos
justos haveria em Sodoma e Gomorra, passando de cinquenta a quarenta
e cinco, a quarenta, a trinta, a vinte, a dez…, mas parece que nem dez
justos por ali havia!…
 - “Então Javé disse: O clamor contra Sodoma e Gomorra é muito
grande e o pecado deles é muito grave.” (Gn 18,20)
- Que pecado? É deste “pecado” que vem o termo “sodomia”. Então…
- “Ao anoitecer, os dois anjos chegaram a Sodoma. Lot (…) levantou-se
para os receber (…) mandou cozer pães (…) e eles comeram. Ainda
eles não se tinham deitado, quando os homens da cidade rodearam a casa.
Eram os homens de Sodoma, desde os jovens até aos velhos, o povo
todo, sem excepção. Chamaram Lot e disseram-lhe: Onde estão os homens
que vieram para a tua casa esta noite? Trá-los para termos relações com
eles. Lot veio à porta e, fechando-a atrás de si, disse-lhes: Meus irmãos,
peço-vos: não façais esse mal. Vede! Eu tenho duas filhas que ainda são
virgens, eu vo-las trarei: fazei com elas o que achardes melhor. Não
façais nada a estes homens (…). (…) Então Javé fez chover do céu enxofre
e fogo sobre Sodoma e Gomorra; destruiu essas cidades e toda a planície (…).
(Gn 19,1-8 e 24)
- Alegrem-se os gays de todo o Planeta! Já nos tempos bíblicos havia
cidades inteiras de outros que gostavam do mesmo que vós! “O povo todo”!…
Mas… porque é que Javé disse ser o “pecado deles muito grave”? Porque é
que arrasou com enxofre e fogo tais cidades? Para lhes acabar com a raça?!
Se era essa a intenção,… vós, gays, sois testemunhas de que não conseguiu
tais intentos!!! E eles, tal como vós, nada quiseram com as jovens virgens
que Lot ali lhes ofertava… Que desperdício!… Mas… ser gay é assim um
pecado tão grave? Tais palavras colocadas na boca de Javé não lhe conferem
maior força de condenação? E o castigo tremendo que envia a Sodoma e
Gomorra não é para ser tido por todas as gerações vindouras como exemplar?
Então, à luz da Bíblia, que havemos de fazer com as comunidades de gays?
Destruí-las com fogo e enxofre à moda de Javé da Bíblia de há três mil anos?
Como é possível que nós sejamos mais humanos que o próprio Javé e
permitamos que todos vivam, cada qual com as suas tendências - que a
Natureza nem sempre se apura na especificação dos sexos e tendências sexuais?
Como? Mais uma vez bem parece que foi o autor “sagrado” que, sentindo
repulsa pela inversão sexual que se manifestava, e parece que abundantemente,
tal cenário inventou para que essa “raça” não proliferasse e muito menos
fosse aceite ou implementada na sociedade!
- Afinal, estes anjos eram anjos ou… eram homens? Os anjos também comem?
Também têm corpo capaz de sexo para exacerbarem o apetite daqueles
habitantes de cidades constituídas só por gays? Lá que tenham aspecto de
homens…, mas agora estômago para receberem alimentos e sexo para…
Enfim, simbologias! Ou... fantasias que apenas descredibilizam alguma
suposta divindade que pudesse existir neste livro dito sagrado!