terça-feira, 30 de setembro de 2014

Existir: drama ou a glória de ter vindo à VIDA? (3/4)


3 – O inconcebível desprezo pela Vida humana. Selvático!









Sem imagem. Cada um ponha aqui a que quiser.

Dizer “selvático” é ofender os animais! Estes matam apenas para se alimentarem: uma necessidade de… vida! O Homem, não: mata o seu semelhante por simples prazer, inveja, ganância, cobiça! Uma violência que violenta e avilta sem remissão a sua característica específica de ser racional!
Inconcebível! Inacreditável? Inverosímil? Impossível? – Pelo contrário: as permanentes guerras aí estão para o atestar; os crimes de Homens quotidianamente cometidos contra outros Homens também. Claro que os mais fracos são sempre as vítimas: velhos, mulheres e crianças. Que azar, que drama para tantas mulheres terem nascido na pobreza, na miséria, na escravatura em tantos países por esse mundo, gerando na dor, filhos atrás de filhos ao sabor dos caprichos dos homens que as tomam como suas! E as crianças…
Desde que há História, as guerras estiveram sempre presentes no mundo. Primeiro, para formar grandes impérios, depois, de índole política de invejas e sucessões e, incongruentemente mas bem real, de origem religiosa. Para tanto, uma forte indústria de fabrico de armas se foi implementando pelo mundo. Sendo as guerras antes localizadas ou regionais, no século XX, houve duas a nível mundial, com milhões de mortos como saldo. Uma carnificina! Uma vergonha para a humanidade! Um bom negócio para os fabricantes de armas! Guerras internas ou civis, guerras de tribos contra tribos, guerras entre facções religiosas (religiões dizendo-se possuir verdades de vida eterna…), guerras entre estados ou países, o resultado foi sempre muitos milhares de mortos de cada lado, não valendo a vida de cada ser humano que morreu mais do que um frio número na fria estatística dos senhores da guerra, os tais políticos e generais subjugados ao peso dos tais fabricantes de armas. Realmente, não houvesse armas e não haveria guerras! Não haveria? – É: parece que o Homem não pode viver em paz, nem consigo nem com o vizinho. Hoje, as guerras travam-se com bombas e armas sofisticadas, tendo-se posto a Ciência ao seu serviço para que sejam cada vez mais sofisticadas; antigamente, usavam-se paus e pedras…
No meio deste inconcebível desprezo pela vida, algumas vezes pela própria mas normalmente pela alheia, não sabemos que mais havemos de verberar ou condenar. Por razões de ganância, prestígio, glória, formaram-se impérios: persa, romano, otomano, germânico…, matando-se todos os “desobedientes”; por razões religiosas, durante séculos, a inquisição matou milhares de inocentes acusados de heresia; por razões religioso-políticas, Maomé impôs a sua religião e conquistou meio mundo, matando todos os que se opusessem à crença em Alá; do mesmo modo, os conquistadores de quinhentos: “numa mão a cruz, na outra a espada”, matando-se e escravizando-se quem não quisesse converter-se. Sempre o desprezo pela vida! Sempre outras motivações sobrepondo-se a esta prerrogativa fantástica que nos foi dada: a mesma VIDA, num acontecimento único e irrepetível para cada um de nós!
E chegámos ao século XXI! Evolução ou retrocesso em relação à História conhecida? Infelizmente, constatamos que estamos na mesma ou… pior que há cinquenta, duzentos, mil ou cinco mil anos! Notícias de guerras e de crimes sempre a abrir os telejornais… Se em tempos passados os relatos dos engenhos que os Homens inventaram para torturar outros Homens, patentes ainda em museus, nos enchem de repulsa, os vídeos publicados hoje na Net mostrando atrocidades de igual jaez mais nos espantam. E perguntamos: Como é possível? Que motivos? – Exactamente os mesmos de há centenas senão de milhares de anos: ganância, nacionalismos exacerbados, ódios tribais insanáveis, fundamentalismos religiosos, desejo de glória, ambição de poder! E lavagens ao cérebro por pérfidos e perversos fundamentalistas religioso-políticos que levam tantos jovens a imolarem-se por causa nenhuma, embora pomposamente lhe chamem a “Causa de Alá”, com a promessa de Paraísos inexistentes, cheios de Virgens à sua espera, sempre para eles disponíveis, por toda a eternidade!...

É: estamos condenados a viver na guerra, falando sempre de paz. E a pergunta impõe-se, dolorosa: sendo “a esperança a última a morrer”, haverá alguma esperança de luz que se vislumbre ao fundo do túnel da escura estupidez humana que tenha a VIDA como o primado de todos os valores?

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Existir: drama ou a glória de ter vindo à VIDA? (2/4)




2 – Numa perspectiva cósmica, descendo o olhar do Céu à Terra


Plano 1

A Terra, planeta azul!
 – Idade: c. de 5 mil milhões de anos. – Distância média ao Sol: 150 milhões de quilómetros. – Diâmetro: 12.756.2 Km (no Equador), c. de 10 vezes mais pequeno que o de Júpiter e c. de 100 vezes mais pequeno que o do Sol.  – Movimentos: rotação, em volta de si mesma, dando origem aos dias e às noites; translação, em volta do Sol, completa em cada 365 dias (mais o ano bissexto, de 4 em 4 anos), com inclinação do eixo de rotação, dando origem às estações do ano. – Início da vida: c. de 3,5 mil milhões de anos. – Aparecimento do ser humano: c. de 5 milhões de anos. –  Seres vivos, animais e plantas: muitos milhões de espécies, sempre evoluindo, muitas desaparecendo em drama existencial. – Humanidade actual: c. 7 mil milhões.


Plano 2
A Terra – planeta rochoso de dimensão média, mas relativamente pequeno – fotografada a partir de um dos anéis de Saturno, a c. de 135 milhões de quilómetros de distância: um pequeno ponto azul no espaço. E estamos dentro da órbita do Sistema Solar, cujo diâmetro é de, até Neptuno, de 4.500 milhões de km, podendo ir até 135.000 milhões, com os planetas periféricos.




Plano 3
O Sistema Solar, na galáxia Via Láctea, de 100 mil anos-luz de diâmetro e com c. de 200 mil milhões de estrelas, fica situado na periferia da galáxia, girando com ela, levando mais de 200 milhões de anos a dar uma volta completa, sendo o Sol apenas um ponto luminoso, igual a qualquer das 200 mil milhões de estrelas, e de tamanho médio, da mesma Galáxia.
A Terra vista de um dos anéis de Saturno
Plano 4
A galáxia Via Láctea é apenas uma entre os milhares de milhões de outras já conhecidas no Universo até agora observado e observável, dando-nos a sua grandiosidade, apresentando-nos distâncias absolutamente impossíveis de percepcionar. Pois, quem poderá visualizar a distância de 1 ano-luz? E há estrelas que estão a milhares de milhões de anos-luz de nós, ignorando completamente o que haverá para além delas…


A Galáxia Via Láctea


Plano 5
O Universo é composto por matéria/energia luminosa ou visível (c. de 5%) e de matéria/energia escura ou invisível, preenchendo os espaços interestelares e intergalácticos (c. de 95%). Quais os seus limites? Sem limites, i.é., INFINITO e por isso ETERNO? – É uma hipótese cativante que abre horizontes fantásticos ao pensamento humano!


Bela imagem dos signos do Zodíaco, dando asas a uma pseudo-ciência: a astrologia


Conclusões inteligentes:
1 – Embora a Terra seja um pequeníssimo ponto perdido algures no Universo, fazendo parte de uma galáxia entre milhares de milhões de outras, orbitando uma estrela entre milhares de biliões de outras, estrelas que terão os seus planetas como o nosso Sol, fazendo da Terra um ponto ainda mais pequeno e mais perdido no espaço, isto é, sem qualquer relevância ou interesse para o Universo…, ela é a nossa casa, enquanto seres viventes, casa onde deambulam os tais 7 mil milhões de almas humanas, digladiando-se dia a dia, julgando-se cada uma de suma importância, querendo ganhar este mundo e o outro, normalmente à custa do seu vizinho ou semelhante, construindo uma sociedade absolutamente absurda, onde há uma minoria de muito ricos e uma maioria avassaladora de muito pobres, pobres que passam toda a espécie de privações e morrem precocemente, sem ter “cantado” um hino à VIDA como esta merece e como cada alma foi convidada a “cantar”! E é essa minoria que detém o poder, é essa minoria que declara a guerra em detrimento do diálogo, que prefere a ganância à solidariedade. E quem são? – Todos os políticos, todos os financeiros, todos os economistas, todos (ou quase todos…) os religiosos fundamentalistas! Todos eles apoiados por uma indústria militar de armas, em ordem a fazer a guerra – homens matando outros homens! – embora hipocritamente dizendo que é para salvaguardar a paz…
2 – Só quando todos estes humanos se posicionarem no Céu, seja na galáxia mais distante, seja apenas num dos anéis de Saturno, e dele descerem o olhar até à Terra, apercebendo-se de quão pequena e insignificante é a “casa” que habitamos…, só então verão quão ridículos são, por não serem capazes de construir um mundo com uma sociedade que seja um Paraíso para todos e não apenas para alguns, relegando os outros – e são tantos, tantos!... – para o Inferno de todos os sofrimentos. Logicamente, começando por adequar os nascimentos aos recursos naturais disponíveis!

Ah, se o Homem soubesse/quisesse olhar o Céu e dele, imaginando-se perdido naquele imenso azul, olhar a Terra! Construiríamos aqui o Paraíso real, Paraíso que nada tem a ver com o fictício ou fantasmagórico que as religiões hipocritamente prometem aos Homens. De certeza que tal será um dia realidade. Mas só quando a Ciência e o conhecimento, através da educação para a cidadania e para a ética, entrar na alma de todos os seres vivos inteligentes e que se arrogam de uma inteligência superior: o mesmo Homem! Por enquanto, o “salve-se quem puder” parece imperar neste mundo de corruptos e hipócritas…

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Existir: drama ou a glória de ter vindo à vida? (1/4)


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O nascimento de Vénus, Boticelli
1 – Numa perspectiva terrenal, sem olhar o… céu!

Quem diz: “Isto, a vida, é uma maçada!”, “A vida está difícil”, “A vida é complicada!”, não será certamente por detestar a própria vida mas apenas pelo modo como a cada um é permitido vivê-la. E não há dúvida que muitos dramas existem por esse mundo fora, dramas nas nossas próprias vidas, dramas nas vidas dos que nos estão perto. Para muitos – infelizmente, a maior parte! – o drama é a luta pela sobrevivência, pelo conseguir o pão do dia-a-dia, pelo fugir às guerras, às doenças, às intempéries, estando as sociedades humanas organizadas de tal modo que a vida apenas foge a esses parâmetros infernais numa percentagem pequena da população, digamos uns 10% dos sete mil milhões que já somos, numa Terra saturada de humanos… E, claro, há os que, tendo todas as necessidades básicas satisfeitas, inventam dramazinhos no dia-a-dia, infernizando a vida dos outros e a própria, valorizando coisas mesquinhas, fazendo beicinho pela falta de uma atenção, de um beijo, de um carinho..., sinal óbvio de estupidez e de espírito não pensante, pois não se valoriza o bom e o positivo que a vida tem, nem se sabe cultivar o sorriso.
Para minimizar/anular os efeitos dos pequenos azares, sejam no plano físico sejam no psicológico, que nos vão acontecendo no dia-a-dia, propõe-se um simpático exercício:
1 – Deitar-se confortavelmente em fofo tapete; 2 – Fechar os olhos e descontrair completamente; 3 – Sentir-se a desaparecer, primeiro a carne, ficando o esqueleto, depois os próprios ossos, levando o vento, num sopro, as cinzas que ainda restam… Aí, teremos a noção exacta do que realmente somos: NADA! E, quer queiramos ou não, quer o admitamos ou não, quer o façamos repercutir nas nossas vivências ou não, a realidade nua e crua, a realidade inexorável, a única VERDADE ABSOLUTA acerca de nós aí está: NASCEMOS, VIVEMOS, MORREMOS! Inexoravelmente! É: o ETERNO DESAPARECIMENTO, com os nossos átomos e moléculas a incorporarem-se em outros seres vivos ou não vivos, é o nosso inexorável destino…
Então, a pergunta impõe-se: se a vida está condenada à morte, valerá a pena viver? Valerá a pena lutar pela sobrevivência? Valerá a pena uma vida cheia de sofrimentos, nem sequer tendo tempo ou disposição – estômagos vazios, carteira vazia, bolsos vazios! – para olhar as estrelas e saborear o Sol que em cada manhã se levanta? Que mal faz que nos suicidemos, sobretudo se mais não fazemos na vida do que lutar, sofrendo, para sobreviver? Ou: que nos adianta a glória de ter vindo à vida, se nos calhou em sorte uma vida de sofrimento? (Deixemos de parte, por irrelevante, esses suicidas fundamentalistas que pensam acordar do “outro lado”, no Paraíso – Paraíso, obviamente não existente! – se se imolarem por uma “boa causa”…)
Suicídio! – Oh, não! Seria um desperdício, uma injustiça sem perdão – embora não haja ninguém para condenar o suicida! – contra a própria vida, este dom fantástico que só a poucos é concedido, seja pela Mãe-Natureza, seja pelo Deus em quem cada um acredita. Lembrem-se: dos cinco milhões de espermatozoides que lutaram para atingir o óvulo que nos deu origem, só o “nosso” triunfou gloriosamente; e aí fomos nós concebidos, tendo sido relegados para o lixo os outros 4.999.000! Então, perante tamanha façanha da luta pela vida e para sermos nós e não um nosso suposto irmão, que aliás nunca o seria porque nós simplesmente não éramos, se fosse ele o escolhido…, íamos assim destruir a única hipótese que nos foi dada para apreciarmos a luz, o Sol, as estrelas, toda a beleza do Céu, da Terra, do Universo?
Ah, a VIDA! Como deveríamos agarrá-la com ambas as mãos e vivê-la sempre intensamente, em cada momento de cada dia, de cada noite que passam por nós, num ápice de tempo, e que nunca mais se repetem…, sempre os primeiros dia ou noite do resto das nossas vidas, do tudo que nos falta viver! E, seja qual for a nossa idade, o que nos falta viver, será sempre tão pouco, tão pouco, tão pouco!…
Que a vida seja luta, que seja! Que não deva ser desperdiçada, não deve! Que se trabalhe para que tenhamos uma vida boa e digna, nós e os que nos rodeiam de perto ou de longe, sem dúvida! Mas… VIDA! Sempre a jorros! Sempre sorrindo! Sempre cantando e dançando, pois viemos à VIDA para que esta fosse uma festa perene e não um inferno ou um pesadelo. E, por este objectivo, vale a pena lutar. Aliás, lutar por um mundo melhor para todos – para nós também, obviamente! – será uma excelente forma de sorrir à VIDA!
Viva, pois, o SORRISO, mesmo quando a vontade seja de chorar!...
Estou escrevendo, sentado num jardim, fazendo-me sombra uma frondosa palmeira. Terá talvez a minha idade. Mas viverá certamente muito para além de mim e, quem sabe, talvez ainda se alimente de alguma molécula minha quando as minhas cinzas forem espalhadas ao vento, do alto de um qualquer penhasco à beira-mar. No entanto, há também, à minha frente, flores que revelam a fragilidade e a fugacidade da vida: ontem tão charmosas e cheias de cor, hoje já fenecendo, incapazes de fugir ao ciclo: nascimento-vida-morte. E chegou uma borboleta: gloriosa na sua profusão de cores apelativas para qualquer companheiro; para essa, será apenas a espera pelo acasalar e passar o “testemunho”, antes da morte que a espreita já ali no fim da tarde… Claro, não esqueço de olhar o céu: as nuvens deslizam suaves ao sabor da brisa, deixando brilhar lagos de azul profundo. É assim, neste preciso momento, era assim há cem, mil, há milhões de anos; e continuarão assim ainda pelos 4 mil e quinhentos milhões de anos que a Terra tem de vida… Com formas semelhantes mas nunca iguais… Para gáudio dos que, em sucessivas gerações, souberem olhar o céu… A nossa oportunidade é… ESTA! Outra chance não a teremos, de certeza absoluta! Por isso…

Que sorte a nossa termos vindo à VIDA! Que SORTE!
















segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 32/?




À procura da VERDADE no livro do Levítico - 4

- Em Lv 20, repete-se Lv 18, mas com condenação à morte de todo 
o prevaricador sexual, em casos como: “O homem que cometer adultério 
com a mulher do seu próximo…, o homem que se deitar com a concubina 
de seu pai…, o homem que se deitar com a sua nora…, o homem que se 
deita com outro homem como se fora mulher…, o homem que toma por 
esposa ao mesmo tempo uma mulher e a mãe dela…, o homem que tem 
relações sexuais com um animal…” (Lv 20,10-15). “O homem que 
tem relações sexuais com um animal torna-se réu de morte e o animal 
também deve ser morto. Se uma mulher se oferecer para ter relações 
sexuais com um animal, tanto ela como o animal devem ser mortos… 
(Lv 20,15-16)
- Que comentário fazer a esta obsessão sexual? E a este pagar com a 
morte um… desmando do sexo? E - cúmulo do ridículo que nos leva 
ao riso! - que culpa teve o animal que assim foi “seduzido”?! Foi vítima 
e ainda pagou com a morte por ter participado em acto que não “quis”?
- “O sumo sacerdote (…) não se casará com viúva ou com mulher 
repudiada, desonrada ou prostituta, mas casar-se-á com uma virgem do 
seu povo… porque Eu sou Javé que o santifico.” (Lv 21,10-15)
- Selecção de castas é preciso, não é, meu Deus?! Ah, que religião esta tua!!!
- Parece que sim! Ouve: “Nenhum dos teus descendentes, (…) se tiver 
algum defeito corporal, poderá oferecer o alimento do seu Deus (…) seja 
cego, coxo, atrofiado, deformado, que tenha perna ou braço fracturado, 
que seja corcunda, anão, que tenha defeito nos olhos ou cataratas, que tenha 
chagas ou que seja eunuco.” (Lv 21,17-20)
- Como é possível o Deus que se apregoa o Deus da vida rejeitar estes seres 
vivos? Então, para servir a Deus também há que ter bom corpo e corpo 
bem formado e… completo?! (Perguntas pertinentes, embora se deduza que 
este servidor seja o sacerdote. De qualquer modo…)
- Muito menos poderão ser eunucos, pois é necessário dar descendência à 
classe sacerdotal! E, sem o órgão genital…
- Em abono da verdade, que dizer de um coxo ou de um anão ou de um 
maneta - perdoem-me todos esses que a Natureza não bafejou com a sorte 
de um belo corpinho - frente a um altar, a conduzir uma cerimónia 
religiosa? Mas, deixemos estas e outras reflexões sobre o assunto a quem 
nisto quiser ocupar o seu tempo…

Fim do Livro do Levítico. Fim – ou talvez não! – da imagem de um Javé 
ávido de sangue e do odor dos holocaustos de animais! Um Javé descendo a 
pormenores de actuação humana que não nos permitem concluir senão que 
o legislador, o autor normativo, daqueles tempos depois do cativeiro na 
Babilónia – séc. V a.C. – para dar força de cumprimento às suas leis, muitas 
vezes mais parecendo conselhos do que normas, por um “povo de cabeça 
dura”, que de outra forma certamente não as acataria…, pô-las então na 
boca de Javé, intercaladas por holocaustos para expiar pecados do não 
cumprimento!
- E, a terminar, não se esqueceu o autor – certamente da classe sacerdotal – 
de apelar: “Todos os dízimos do campo, quer sejam produto da terra, quer 
sejam fruto das árvores, pertencem a Javé: é coisa consagrada a Javé.” 
(Lv 27,30)
- É! Quem realmente se banquetearia com este dízimo dos campos e 
das árvores? Não seria o autor um daqueles barrigudos sacerdotes que 
“servia” no Templo?

- E mais uma vez, se nos escapou, neste emaranhado-confusão da “coisa” 
sagrada com a “coisa” humana, a Verdade da Bíblia, livro sagrado de 
Javé-Deus! Pois, como é possível aceitar como sagradas, divinas, eternas, 
tantas pequenas normas para o comezinho dia-a-dia do viver de um povo? 
Ou, dito de outra forma, que Verdade nos trazem essas normas acerca do 
nosso fim último, da nossa vida eterna, no Além? – Nenhuma. Claro! Aliás, 
“pedir” a vida eterna é um total nonsense, já que nascemos no Tempo e 
somos fruto do mesmo Tempo, sem qualquer hipótese credível de 
outra realidade...

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (31/?)


À procura da VERDADE no livro do Levítico - 3

- Novo espanto! Para as doenças sexuais, e a própria menstruação, Javé 
começa muito bem: a ordem é lavar e desinfectar tudo e todos em que o 
doente toca. Mas… porque vem, depois, o holocausto - inútil para todos - 
dum pobre animal? (Lv 15)
- Espantoso também, por caricato e completo nonsense de Javé, é o rito 
para o dia do grande perdão - o actual Yam Kippur dos Judeus: “O bezerro 
bode oferecidos em sacrifício pelo pecado e cujo sangue foi levado ao 
santuário para fazer o rito da expiação, serão levados para fora do 
acampamento, onde se queimarão a pele, a carne e os intestinos. Quem os 
queimar deverá lavar as próprias roupas e tomar banho; depois, poderá 
entrar no acampamento. Isto será para vós uma lei perpétua.” (Lv 16,27-29) 
- Que se aproveita daqui? - “deverá lavar as próprias roupas e tomar banho”! 
Mas não era um perfume agradável a Javé o exalado da queima dos animais 
no altar? (Lv 3) Então, porque é que aqui já se aconselha - obriga! É lei! - 
a lavar as roupas e a tomar banho? Enfim, o próprio autor estaria já confundido 
com tanto odor a sangue derramado e carne queimada em inútil holocausto 
de animais que bem deveriam ter servido para matar a fome a quem por lá 
a tivesse!
- Aliás, que de educativo há nestes rituais de Javé? Para expiar um pecado 
não seria muito mais útil mandar o pecador trabalhar para o campo ou para a 
comunidade ofendida? E o ladrão quando rouba, comete pecado contra a sua 
vítima ou contra Deus?
- “Ninguém de vós se aproximará de uma parente próxima, para ter relações 
sexuais com ela. Eu sou Javé. Não tenhas relações sexuais com a tua mãe (…) 
Não tenhas relações sexuais com a concubina de teu pai (…) Não tenhas 
relações sexuais com a tua irmã (…)…” (Lv 18)
- Há uma obsessão pelo sexo nesta Bíblia do Antigo Testamento. No Novo, 
Jesus Cristo não vai muito além de referências à mulher adúltera, a Maria 
Madalena, aos Mandamentos… Desta obsessão, um outro escrito surgirá. 
É que espanta avalanche de referências bíblicas ao sexo, desde o “crescei e 
multiplicai-vos” do Génesis, passando pela depravação total de Sodoma e 
Gomorra a muitas outras de que daremos então conta.
- Finalmente! Finalmente, um dedo divino, no meio da confusão e do 
nonsense“Cada um de vós respeite a sua mãe e o seu pai. (…) Não guardes 
ódio contra o teu irmão. (…) Não sejas vingativo, nem guardes rancor contra 
os teus concidadãos. Ama o teu próximo como a ti mesmo. (…) O imigrante 
(…) amá-lo-ás como a ti mesmo (…).” - Infelizmente, por pouco tempo: 
“O homem que se unir a uma mulher que é escrava concubina de outro 
(…) oferecerá a Javé um cordeiro como sacrifício de reparação (…)” (Lv 19). 
É um castigo nonsense porque sem qualquer utilidade nem para os levitas 
nem para o povo. E, pior, assume-se que haja escravas e concubinas. Muito 
dignificante para uma norma de Javé, não há dúvida…
- Mas… não esqueçamos que “Ama o próximo como a ti mesmo.” será o 
grande mandamento de Jesus Cristo dizendo que quem ama o próximo 
ama a Deus!

- De Jesus Cristo e os seus Evangelhos falaremos mais tarde. Até lá…