terça-feira, 28 de outubro de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 35/?

À procura da VERDADE no livro dos NÚMEROS - 3




                             Outra imagem de Moisés fazendo brotar água da rocha

- E que dizer daquele milagre, também de morte, que Moisés “solicita” 
a Javé para provar que ele é o enviado? “Logo que Moisés acabou de 
falar, o chão rachou debaixo dos pés deles, a terra abriu a boca e 
engoliu-os com as suas famílias (…) e todos os seus bens. (…) Saiu 
um fogo da parte de Javé e devorou os duzentos e cinquenta homens (…)” 
(Nm 16,31-35)
- Mortos e bem mortos! Pela terra que os engoliu e pelo fogo de Javé 
que os queimou!… Uma limpeza “divina”! Era preciso tanto, Javé?
- Talvez! Não esqueçamos, sorrindo, que aquele era “povo de cabeça dura”…
- No entanto, Javé continua a ordenar, a ensinar, a dar normas sobre: as
 funções do chefe, as funções dos sacerdotes, os direitos dos sacerdotes, a 
água da purificação,… (Nm 17-19). Repetimos: obviamente que não era 
Javé que proclamava estas normas mas o autor, certamente da classe 
sacerdotal ou a mando desta; é que, colocando tais normas na boca de 
Javé, o povo crente, obedecia-lhes muito mais facilmente com o temor 
do castigo que estava sempre pendendo sobre as suas cabeças. Bela, mas 
não menos perversa, esta invenção da classe sacerdotal! E, se bem 
analisarmos as religiões actuais e a actuação dos seus mentores, essa 
perversidade continua. Sempre o mesmo temor do castigo divino, com o 
inferno eterno como fundo… Uma inversão total dos valores humanos! 
Quando é que o Homem se convence da perversidade e falsidade das 
religiões e pauta a sua actuação por valores de uma sociedade justa e 
equilibrada sem medos do divino e, obviamente, também não esperando 
recompensas desse mesmo divino cuja existência nunca foi credivelmente 
provada?
- Problema é quando falta a água ou a comida: “Porque nos fizeste sair do 
Egipto, trazendo-nos para este lugar deserto, onde não se pode semear, sem 
figueiras, vinhas e romãzeiras e até sem água para beber? (…) E Javé disse 
a Moisés: Pega na vara e (…) ordena que a rocha faça brotar água (…) 
para dar de beber à comunidade e aos animais.” (…) E a água jorrou em 
abundância. (Nm 20,5-8)
- Jorrou a água, beberam a água, eles e os animais deles, mas não se livraram 
do castigo de Javé! “Então Javé disse a Moisés e a Aarão: Já que 
não acreditastes em Mim e não reconhecestes a minha santidade na presença 
dos filhos de Israel, não fareis entrar esta comunidade na terra que lhes vou 
dar.” (Nm 20,12)
- Verdade! “Aarão morreu ali no alto do monte.” (Nm 20,28) E Moisés, 
por enquanto, vai conquistando cidade após cidade, tudo consagrando ao 
extermínio, o que “significava destruir completamente tudo o que pertencia 
ao inimigo; desse modo, evitava-se nomeadamente a sedução dos cultos 
cananeus.” (Nota a Nm 21,1-3, ibidem)
- Inacreditável! Moisés exterminando em nome de Javé! Que importa a 
vida dos Homens? Não importa apenas a vida do povo eleito - que nem 
sempre!!! - e o não se contaminar com cultos pagãos, afronta das afrontas a 
um Javé ciumento?!
- Estranha é a história do adivinho Balaão com a sua jumenta que fala e tem 
visões divinas, “brincando” com o anjo de Javé. Origina, no entanto, uma ou 
duas belas páginas de inspiração invulgar neste autor “sagrado”: (…)
“Como são belas as tuas tendas, Jacob,
e as tuas moradas, Israel!
São como vales que se estendem,
como jardins nas margens de um rio,
como árvores perfumadas
que Javé plantou,
como cedros ao longo das águas!” (Nm 24,5-6)

Mas, na nossa mente, fica o sabor amargo do sangue derramado por 
Moisés, em nome de Javé, para que os israelitas pudessem apoderar-se 
daquelas terras… Um sabor realmente ensanguentado que, passados três 
mil anos, se repete dramaticamente, hoje, não já com os judeus ou cristãos, 
mas com os muçulmanos que vão conquistando e aterrorizando o mundo, 
em nome de Alá!

domingo, 19 de outubro de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 34/?

À procura da VERDADE no livro dos NÚMEROS - 2


                                                               
                                                                 Recolhendo o maná no deserto...

- Dando cumprimento ao prometido, neste caminhar pelo deserto, 
“Javé levantou do mar bandos de codornizes, fazendo-as cair no 
acampamento (…). O povo passou o dia todo, a noite e o dia seguinte 
a recolher codornizes; quem recolheu menos, chegou a juntar dez cargas 
de burro. E estenderam-nas ao redor do acampamento. Estavam ainda 
com a carne na boca (…) quando a ira de Javé se inflamou contra o povo, 
ferindo-o com grande mortandade. O lugar ficou a chamar-se Cemitério 
da Avidez (…)” (Nm 11,31-34)
- Estranho este castigo de… morte! Quem disse ao povo que apenas deveria
 apanhar o necessário para aquele dia? Não é uma virtude o ser-se 
previdente? Ou simplesmente a carne estragou-se com o sol do deserto e… 
Enfim, incongruências “divinas”!… Mas… volta a revoltar-nos as 
entranhas tal estranha actuação “divina”! Depois, para quê aquele 
desperdício de carne tanto da parte de Deus como da parte dos Homens? 
Se quem apanhou menos, apanhou dez cargas de burro, quanto não teriam 
os outros apanhado?
- E, apesar dos castigos e de tantos e tamanhos milagres,… há ainda os 
que não acreditam! “Os filhos de Israel murmuravam contra Moisés 
e Aarão (…): Seria melhor que tivéssemos morrido na terra do Egipto! 
(…) Porque é que Javé nos trouxe para esta terra? Para morrermos à 
espada e para que as nossas mulheres e crianças se tornem escravas? 
Não seria melhor voltar para o Egipto? (…) Dois daqueles que foram 
explorar a terra (…) disseram: A terra que fomos explorar é boa (…) 
excelente (…) é uma terra onde corre leite e mel. (…) Não vos revolteis 
contra Javé, não tenhais medo do povo dessa terra. Nós devorá-los-emos 
como um pedaço de pão (…) porque Javé está connosco. Toda a comunidade, 
porém falava em apedrejá-los. Nesse momento, a glória de Javé apareceu 
(…) e Javé disse a Moisés: Até quando este povo Me vai desprezar? Até 
quando se recusará a acreditar em Mim, apesar de todos os sinais que tenho 
feito entre vós? Vou feri-lo com peste e deserdá-lo.” (Nm 14,2-12)
- O argumento que Moisés invoca para escapar ao castigo é… divino! “Se 
agora fazes perecer este povo (…), as nações ouvirão a notícia e dirão: Javé 
não conseguiu levar esse povo à terra que lhes havia prometido; por isso, 
matou-o no deserto.” (Nm 14,15-16)
- E Javé perdoou mas… castigou: “Suportareis o peso das vossas faltas 
durante quarenta anos. (…) Eu sou Javé e juro que vou tratar deste 
modo a comunidade que se revoltou contra Mim: serão consumidos 
neste deserto e nele morrerão.” (Nm 14,34-35)
- Realmente, tal povo só com castigos - e castigos de morte - é que poderia 
ser governado. Se nem Javé o conseguia com todos aqueles milagres! Mas, 
Javé, não te excedeste ao mandar matar o pobre coitado que apanhava lenha 
em dia de sábado?! “Javé disse a Moisés: Esse homem é réu de morte. Toda 
a comunidade deverá apedrejá-lo fora do acampamento. (…) E o homem 
morreu conforme Javé tinha ordenado a Moisés. (Nm 15,35-36)
- E… à pedrada! Mesmo para exemplo, não valia mais a vida de um homem 
que o guardar do sábado?
- Nunca se sabe! Ou… sabia-o o omnisciente Javé. Com povo de cabeça tão 
dura, só a morte em público para que outros não cometessem tamanho pecado!

- Ah, como tudo isto é estranho, rondando a estultícia mais primária, 
deixando-nos estupefactos perante tantas “barbaridades” e violências. 
Lembram-se do que disseram os homens: “…não tenhais medo do povo 
dessa terra. Nós devorá-los-emos como um pedaço de pão (…) porque 
Javé está connosco.”? É: Javé será sempre o “bode expiatório” para 
explicar as rasias que o povo judeu praticou sobre os povos que ia 
conquistando, até os expulsar das suas terras – a Palestina! – chamando-lhe 
a Terra Prometida… 

sábado, 11 de outubro de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 33/?

À procura da VERDADE no livro dos NÚMEROS - 1


Moisés "fazendo brotar" água da rocha...

- Javé manda Moisés recensear todo o povo, dizendo-lhe 
pormenorizadamente como e o que deve fazer. Depois, continua num 
já tradicional tom normativo, sobre: a expulsão dos impuros (os leprosos, 
os que têm gonorreia e os que se contaminaram com palavras), os 
pecados contra o próximo, o direito a defender-se, a consagração a 
Javé, o sacerdote, o culto a Javé, a celebração da Páscoa,… (Nm 1-9)
- E… a ordem de Javé é de avançar rumo à Terra Prometida. As doze 
tribos bem ordenadas caminham como exército em ordem de batalha, 
a Arca da Aliança, no meio delas… E Javé até ensina a chefia participada 
e representativa!… (Nm 11)
- Mas… “O povo começou a queixar-se das suas desgraças a Javé. Ao 
ouvir a queixa, inflamou-se a sua ira e o fogo de Javé começou a devorar 
uma extremidade do acampamento. O povo gritou a Moisés. Este 
intercedeu junto de Javé em favor deles e o incêndio apagou-se.” 
(Nm 11,1-2)
- Coitado do Moisés! O povo queixa-se, Javé ira-se e ele - sempre 
ele - a apagar o fogo!… Quanto à ira de Javé, mesmo que seja o mais 
metafórica possível, incomoda-nos sempre porque o humaniza de tal 
modo que o situa abaixo do humano…
- E o povo não desarma! “Quem nos dará carne para comer? Temos 
saudades dos peixes que comíamos de graça no Egipto, dos pepinos, 
melões, verduras, cebolas e alhos. Agora (…) não vemos outra coisa 
além deste maná!” (Nm 11,4-6)
- Isto realmente de comer sempre “pão”, mesmo caído do céu, também 
farta, não é?!
- O que é certo é que Javé, embora contrariado e numa atitude que quase 
parece de resmungão, lá lhes vai dar a carninha almejada: “Pois bem! 
Javé dar-vos-á carne para comer e não comereis apenas durante um 
dia ou dois, cinco, dez ou vinte. (...) Comereis durante o mês inteiro 
até ficardes enjoados e vomitardes, porque rejeitastes Javé que está 
no meio de vós, e reclamastes (…)” (Nm 11,18-20)

- É uma vingançazinha divina! Ai querem carne? Não se contentam 
com o maná que já lhes dou todos os dias? Então, vão tê-la até… 
fartar e… enjoar e… vomitar!!! A caricatura é perversa, mas quem a não 
deduzirá de tal actuação “divina”? Obviamente, uma actuação ao nível 
de um humano primário! Que Javé este, santo Deus! Como poderá este 
livro ser considerado “sagrado” e de inspiração divina, como?

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Existir: drama ou a glória de ter vindo à vida? 4/4

Aquando do meu adeus à vida




Uma rosa de despedida...

“Quem já muito andou pouco ou nada tem para andar!” É: o fim irá chegar. Mais cedo ou mais tarde! Inexoravelmente! Como, inexoravelmente, o tempo não pára e não há manhã que persista nem tarde que não se acabe...
Então, antes que a “voz” se me cale para sempre, a morte me surpreendendo descuidado, eis o que gostaria de deixar como epitáfio de uma vida que foi e... se foi:
«Adeus! Adeus, até àquela eternidade que, queiramos ou não, nos assistirá a todos: a transformação em átomos e moléculas de matéria, matéria que se manterá pedra ou entrará no ciclo da vida de um outro ser vivente qualquer, seja animal ou planta. Mas nós – eu, tu ele – nós, com esta individualidade que temos – melhor, tivemos! – essa não existirá mais. A razão é tão mais que simples: pertencemos ao Tempo, aparecemos no Tempo, vivemos um tempo, integrando-nos no princípio universal da matéria de que “tudo o que tem um princípio, tem inexoravelmente um fim associado”. Embora, nada se perdendo, tudo se transformando... Então, como poderíamos ser a excepção? Quem quiser acreditar noutra hipótese, que acredite ou tenha a presunção e a vaidade de acreditar; mas não passará, nunca passará de simples, ingénua etérea crença...
Ora, pois, sendo assim, que me resta dizer, nesta hora de adeus à vida? – Simplesmente, que foi bom, foi muito bom, foi privilégio que não foi concedido a milhares de milhões de outros seres humanos que ficaram e ficarão para sempre na hipótese de ser... Eu... fui! Que bom! Houve sofrimentos? – Claro que houve! Frustrações? – Quantas, santo Deus! Desilusões e arrependimentos de atitudes tomadas? – Também! Mas tudo foi vida! E fui inteligente quanto bastou para me agarrar mais aos gostinhos dela do que aos seus desaires ou sofrimentos, embora leve comigo a frustração, nesta hora de despedida, de não ter conseguido com que alguns dos que me rodearam jogassem comigo o jogo do só positivo, do só alegria, do só sorriso, criando tantas vezes momentos de suprema infelicidade, arruinando nervos e avolumando rugas no rosto, por ninharias sem importância nenhuma. Que perda de vida, santo Deus! Que perda de vida!
Então, que mensagem deixar aos que de mim tiveram conhecimento e por cá ficarão mais uns tempos, até chegar a sua hora de partir? – A grande mensagem será: «VIVAM AO MÁXIMO A VIDAVIDA EM QUE CADA MOMENTO É ÚNICO E IRREPETÍVEL! VALORIZEM TUDO O QUE É POSITIVO! QUE O NEGATIVO OU ERROS SIRVAM APENAS PARA MELHOR VIVER A OUTRA PARTE. E SORRIR! SORRIR SEMPRE MESMO QUE A VOZ, POR DENTRO, DOA, DOA MUITO, MUITO!!!»
E flores? Não há flores a enfeitar teu caixão? – Oh, não! Pese embora o desemprego das floristas, se a moda pega, de flores, apenas uma rosa devidamente humedecida para durar muito para além do ali jazer em cima do meu caixão, nas mãos ou na mesa de quem me for mais próximo. É que flores, ramos de flores, dão-se em vida para homenagear ou mostrar carinho, amor, afecto. Depois, para que raio quer um morto o seu caixão enfeitado de flores, flores que morrerão logo que desça à cova escura, ou enfrente as labaredas da cremação, e o Sol as cosa no cemitério?... E caixão, apenas isso: caixa grande onde eu caiba, sem cruz nem adornos; nem por fora nem por dentro; simples caixote de pinho não pintado, cheirando a resina. Pois, tal como as flores, para que raio quer um morto um caixão de oiro? Portanto, nem flores nem caixão doirado...
E um Requiem, por exemplo, o fantástico livrete de Mozart? – Ná! Requiem também não! Nada há para chorar. Cante-se e dance-se! Não porque uma vida se foi, mas porque milhões, biliões de outras continuam, a começar pelas dos presentes. Então, cantem-se essas com Aleluias, o Aleluia de Haendell, por exemplo, ou Hinos à alegria, como o de Beethoven. Ali, mesmo ali, em frente de um morto que, afinal, apenas representa uma vida que se foi...
Então, não há lugar a lágrimas? – Não! Por favor, não chorem sobre o meu caixão, nem façam caras tristes, nem se vistam de negro e outras coisas assim. Lágrimas só para mostrar alegria, comoção, enternecimento. Chorar ali é tempo de vida perdido... Mas quem não conseguir suster as lágrimas, deixe-as correr à vontade. Afinal, uma morte é um momento de despedida e toda a despedida apela à comoção e ao sentimento, àquela saudade que tanto nos aperta o peito...
Enfim, faltam as cinzas. Que faremos delas? – Se não puder ser no mesmo dia, agende-se um outro qualquer para ir até ao rio ou até ao mar e lançá-las à água corrente ou marulhante. Assim, mais facilmente se espalham pela Natureza, moléculas de moléculas que um dia da Natureza vieram e a ela retornam impreterivelmente. O Destino implacável, inexorável! Claro, tudo em tom de festa, com música a gosto que até pode ser romântica com violinos ou oboés, cortando os ares...
Vivo agora – melhor, vivi agora! – nesta época fantástica em que de tanto Conhecimento e Ciência já somos capazes. Porquê, então, não ser realista e, mesmo na hora da morte, ver o lado positivo dela? Não foi uma sorte ter vindo à VIDA? – Pois então, aplauda-se essa sorte e deixemo-nos de lamúrias, lágrimas ou lamentações! O IMPORTANTE É O SORRISO!
Ah, falta a missa, com padre a abençoar os restos mortais e a encomendar a alma do defunto ao Deus Criador! – Não! Por favor, missa também não! É que a religião, ela própria inventada por homens, inventou um Deus inexistente, um Céu inexistente, anjos e santos inexistentes, um Inferno e os seus demónios inexistentes, uma própria alma humana inexistente, uma eternidade ou uma imortalidade inexistentes... Tudo impossíveis, tudo inexistentes pela magna – ou simples?!!! – razão de que tudo pertence ao Tempo e o que é do Tempo não pode ser nem imortal nem eterno. Imortal e eterno só o Deus Infinito – que não é o das religiões! – o Deus que é o TUDO existente, o TUDO onde tudo se integra. O Tempo e tudo o que pertence ao Tempo, também, obviamente.
E tenho dito! Adeus! Adeus, até sempre, mesmo que esse sempre não exista nunca mais porque tudo foi... um dia! Num dado momento do Tempo!...

PS (imprescindível):
Ah, afinal, faltou a magna, a mais importante pergunta: “Valeu teres vivido? Tu valeste a pena?” Não tenho quaisquer dúvidas em responder: “Sim! Eu vali a pena!” E parece-me que quem não puder viver de modo a que, no fim da vida, possa dizer “Eu vali a pena!”, deveria pensar em desistir! Pois, para quê uma inutilidade? Aproveita a alguém, a começar pelo próprio? A questão é melindrosa. Pode levar à depressão, à análise emocional – logo irracional – das situações – e tantas são elas! – em que, na vida, tudo nos parece negro, tudo sem esperança, sendo a morte o caminho mais fácil para colmatar o desespero. E poder-se-iam perder muitas vidas que, julgadas inúteis até ao momento, muito ainda tivessem para dar, primeiro, ao próprio, aquele que tem de dar contas a si mesmo da vida, depois, aos que constituem a comunidade próxima ou afastada, indo do seu canto aos confins do mundo. Por isso, muito cuidado nessa auto-avaliação! É que, o suicídio, uma vez tendo vindo à vida, privilégio, afinal, tão raro, bem vistos todos os ingredientes que conduzem a um novo ser, é um ponto final antecipado que leva a danos irreparáveis em vez de ser uma catarse planetária.
Eu, claro, nunca me suicidaria, na vida! “Custou-me” tanto ter vindo a ela e, agora, ia assim desperdiçá-la por uma depressãozinha qualquer? Nem pensar! Mas, chegado ao fim, eis-me que respondo: “Eu vali a pena!”. Eu gerei, eu plantei, eu lutei com as armas da minha geração – cada geração tem as suas armas e é com elas que deve lutar sem ficar a carpir mágoas por não ter as de outros tempos... – ganhei e perdi, vivi! Eu semeei ideias para mudar pessoas e comportamentos, e o mundo que me viu nascer, o mundo onde nasci, chegando a todas as partes, via Internet. Infelizmente, pouco ou nada fui escutado. Nem nos meus livros, nem nos meus blogs. Talvez um dia! Mas as ideias novas aí ficam para quem as quiser aproveitar e, com elas, mudar o mundo, humanizá-lo, criar a imprescindível fraternidade universal, todos irmãos e não o “homo homini lupus”, “homo” que foi dos romanos e continua a ser nos nossos dias, nas pseudo-democracias criadas por esse mundo, pois todos escravos da tirania do dinheiro, da usura, da ganância de uns quantos que dominam – são “lupus”! – a maior parte da humanidade, não tendo qualquer pejo em deixá-la morrer à fome ou de doença, se isso acarretar ganhos para a sua conta bancária...
Então, e ainda, a última, a derradeira mensagem para os que ficam será: “VIVEI DE MODO A QUE, NO FINAL DA VOSSA VIDA, POSSAIS DIZER, COM UM SORRISO NOS LÁBIOS, SORRISO EMBORA JÁ ALI FENECENDO PELO DESENLACE FINAL: “EU VALI A PENA”!
A...........deus!!!!!
(NOTA: Escrevi isto num dia de euforia. Se o tivesse escrito em dia de depressão ou de desilusão de sucessos não obtidos, dias que de vez quando me atormentam o gostinho da vida, certamente teria sido outra a “literatura”. Mas foi bom que assim não tivesse sido...)