Diz-se que o “Homem é um animal religioso”. Os
racionalistas, na linha dos cartesianos, de Espinoza e, mais tarde, de
Einstein, estão convictos de que as religiões actualmente existentes, por
absurdas e irracionais, com fundamentos históricos nada credíveis e sobretudo
pelos seus deuses antropomórficos, isto é, criados à imagem e semelhança do
Homem, têm os dias contados. Só resta saber quando e como será o seu fim.
Assim, a pergunta em epígrafe tem todo o cabimento. Por outro lado, sendo certo
que o Homem é um animal religioso, poderá também perguntar-se como o será sem
religiões, melhor, sem as religiões actuais. Diríamos que é possível ser-se
religioso sem seguir a crença em qualquer dessas religiões. O Homem será sempre
um ser religioso porque sempre incapaz de abarcar e compreender toda a
realidade que o rodeia, do átomo ao Universo, passando pela sua própria
constituição ou essência: um ser físico e metafísico simultaneamente. E –
questão das questões! – ignora e teme o fim último, ou seja, o que há para além
do fim desta vida, a única que tem como certa, porque a vive.
René Descartes Einstein Espinoza
Então, presume-se que, num mundo não muito distante, não havendo as religiões institucionalizadas, restará ao Homem o Deus de Espinoza e de Einstein – O TUDO EXISTENTE, NELE TUDO SE REALIZANDO, ELE TUDO CONTENDO EM PERENE TRANSFORMAÇÃO NA GRANDE HARMONIA UNIVERSAL – o Deus que faz as delícias da razão dos que já agora se apercebem da falácia de todas as religiões existentes, falácia dos seus deuses, das suas verdades, dos seus dogmas, tudo invenções, fantasias, construções arquitectadas por uns quantos ditos iluminados e inspirados por Deus, obviamente o seu Deus também ele inventado. Será este Deus suficiente para criar um mundo fraterno, sendo aliás evidente que as religiões actuais não conseguiram tal desiderato?
René Descartes Einstein Espinoza
Então, presume-se que, num mundo não muito distante, não havendo as religiões institucionalizadas, restará ao Homem o Deus de Espinoza e de Einstein – O TUDO EXISTENTE, NELE TUDO SE REALIZANDO, ELE TUDO CONTENDO EM PERENE TRANSFORMAÇÃO NA GRANDE HARMONIA UNIVERSAL – o Deus que faz as delícias da razão dos que já agora se apercebem da falácia de todas as religiões existentes, falácia dos seus deuses, das suas verdades, dos seus dogmas, tudo invenções, fantasias, construções arquitectadas por uns quantos ditos iluminados e inspirados por Deus, obviamente o seu Deus também ele inventado. Será este Deus suficiente para criar um mundo fraterno, sendo aliás evidente que as religiões actuais não conseguiram tal desiderato?
Não há dúvida: as religiões actuais ajudam os crentes
a suportar as agruras da vida, com os olhos fitos no Céu, no Paraíso de todas
as delícias, numa vida eterna de pleno gozo, bem como a própria morte, morte
que é vista como a libertação deste invólucro da alma que é o corpo.
Poderemos dizer que, ao longo da História, de uma
maneira geral, apesar dos muitos crimes praticados em nome de Deus e da
religião, seus dogmas, suas verdades…, as religiões serviram para “domesticar”
o Homem, para incutir nele princípios éticos e morais, bem como de
solidariedade dos mais poderosos para com os mais fracos. Quanto aos crimes,
basta relembrar todos os praticados pelos judeus, em nome de Javé, para conquistarem
a Terra Prometida, tudo passando ao fio da espada; todos os crimes praticados
pelos muçulmanos para obrigar à conversão os povos que iam conquistando, logo
ao tempo de Maomé, mas ainda hoje, com a mesma lógica fundamentalista, tudo em
nome da Alá; todos os crimes praticados pelos cristãos, já no tempo das
cruzadas, mas sobretudo durante a vigência da perversa Inquisição, cerca de
cinco séculos, em nome da pureza da religião e, simultaneamente, durante os
descobrimentos: “numa mão a cruz na outra a espada”.
De modo algum poderemos esquecer a divisão em seitas e
sub-seitas tanto dos cristãos como dos muçulmanos, havendo para aqueles,
sobretudo, os ortodoxos, os protestantes e os católicos, para estes, os sunitas
e xiitas que vivem no maior ódio de que há memória. Tudo inconcebível! Tudo um nonsense completo, do ponto de vista
humano quanto mais do divino de que eles se arrogam.
Constata-se ainda pela História, tanto
antiga como actual, que as religiões não conseguiram evitar todos os massacres
cometidos pelos senhores da guerra. Inúmeros, terríveis!
Então, mais selvagem ou menos selvagem, o Homem, sem
estas religiões? – Penso que será mais fraterno! Algum dia, cedo ou tarde, a
humanidade terá de caminhar para uma relativa igualdade entre todos os seres
humanos. A igualdade total será impossível e contra naturam, já que a Natureza não dotou nem dotará a todos com
iguais capacidades quer físicas, quer psicológicas. Portanto, alguma
diferenciação terá de haver. Espera-se que seja justa!
Mas seja qual for o Deus que adoremos, é tão bom, tão
reconfortante para o corpo e para a alma, em cada dia que se levanta,
dizer-lhe: “Obrigado, meu Deus, por mais um dia, por este Sol que me ilumina e
aquece e me deixa olhar as belezas da Terra, olhar o Céu azul, azul para além
do qual eu sei que existem milhares de milhões de estrelas, milhares de milhões
de galáxias, milhares de… ó meu Deus, quem sabe, quem algum dia saberá o que há
para lá de tanta grandeza sem fim!”
Realmente, apercebemo-nos de um Universo cujo fim – se
é que tem fim! – nunca poderemos perceber!
Talvez que,
quando a humanidade não acreditar mais nos deuses que agora as religiões lhe
oferecem, rezem assim ao Deus de Espinoza e Einstein – O TODO QUE É TUDO, A
HARMONIA UNIVERSAL – e esse Deus satisfaça todos os seus anseios de uma vida
eternamente plena, como, creio, já rezam agora os racionalistas!