quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 47/?

À procura da VERDADE no livro dos JUÍZES – 2/5

- A bíblica palavra “ciumento” atribuída a Javé não deixa de ser simpática! 
Era como se fosse um amor não correspondido ou… usurpado por outrem! 
Tem graça, não tem? Mas… para um Deus… Ao pensarmos nisso, o nosso 
sorriso esmorece. É que voltamos sempre à mesma frustração de, nesta busca 
da Verdade de Vida, ficarmos de mãos totalmente vazias sem ter nada a que 
nos agarrar. Dirão os exegetas bíblicos que são modos de falar; assim, o povo 
“de cabeça dura” percebia que não poderia adorar outros deuses porque, senão, 
o ciúme de Javé acarretaria o inevitável castigo; o “santo” temor de Deus era 
seguramente eficaz! Enfim, seja, com todas as reticências do mundo…
- Mas… atenção, muita atenção! No meio do omnipresente machismo bíblico, 
há uma mulher-juiz!: “Nesse tempo, era juiz em Israel a profetiza Débora. (…) 
E os israelitas procuravam-na para decidir as suas questões.” (Jz 4,4-5) E até 
profetiza a vitória sobre Sísara! E até vai para a frente de batalha! “Javé 
derrotou Sísara com todos os seus carros e todo o seu exército.” (Jz 4,15)
- Uma outra mulher entra em cena, como “instrumento” de Javé. É Jael, mulher 
de Héber. Pérfida! Malvada! Mas que acaba esta batalha, de maneira 
horrivelmente exemplar: “Sísara fugiu a pé até à tenda de Jael. Jael saiu ao
 encontro de Sísara e disse-lhe: Entra, meu Senhor. Entra sem medo pois a 
casa é tua. (…) Jael (…) deu-lhe de beber e cobriu-o. Sísara disse-lhe: (…) 
Se vier alguém e te perguntar se está alguém aqui dentro, dirás que não
Jael tomou uma das estacas da tenda, pegou num martelo, aproximou-se na 
ponta dos pés e cravou a estaca nas têmporas de Sísara, até o pregar ao 
chão. E Sísara morreu enquanto dormia profundamente. (…)” (Jz 4,17-21)



- É interessante este protagonismo feminino. Depois da tentadora Eva do 
Génesis e da prostituta do livro de Josué, aparece esta pérfida Jael e 
Débora, juíza que profetisa e canta a vitória profetizada, louvando Jael:
                      “Ouvi, ó reis! Escutai, ó governadores!
                         Eu vou cantar, cantar a Javé
                         Vou celebrar Javé, o Deus de Israel. (…)
                         Do alto céu as estrelas combateram,
                         dos seus caminhos lutaram contra Sísara. (…)
                        Que Jael seja bendita entre as mulheres (…)
                         Com a esquerda pegou a estaca
                         E com a direita um martelo (…)
                         Feriu Sísara, rachando-lhe a cabeça. (…)
                         A mãe de Sísara olha pela janela
                         e lamenta-se por detrás da persiana:
                          Porque tarda em voltar o seu carro?
                          Porque são tão lentos os seus cavalos? (…)
                          Deste modo pereçam os teus inimigos, Javé!” (Jz 5,3-31)

- Porque insiste este povo em dizer que é Javé que mata e que os seus 
opositores são os inimigos de Javé? Porquê?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 46/?

À procura da VERDADE no livro dos JUÍZES – 1/5


JUIZES


- “ O livro dos Juízes relata factos situados entre 1200 e 1020 a.C., 
descrevendo a continuação da conquista da Terra e a vida das tribos 
até ao início da monarquia.” (Introdução ao livro dos Juízes, ibidem)
- Note-se apenas a incongruência de datas, pois na Introdução aos 
Livros Históricos, diz-se: “Os livros de Josué, Juízes, Samuel e Reis 
formam um conjunto coerente narrando a história do povo desde a 
conquista da Terra (séc. VIII) até ao exílio na Babilónia (586-538 a.C.). 
Mas… é mais uma história! Que terá ela de divino? Vamos à 
descoberta! De coração aberto e ansiedade na alma!
- A conquista da Terra continua. E… continuam as cruéis mortandades 
dos vencidos. Em nome ou - pior, meu Deus! - por ordem de Javé. 
Faz-nos lembrar a frase dos romanos: “Vae victis! - Ai dos vencidos!” 
“Javé respondeu: Judá irá à frente porque Eu entregarei a terra nas 
suas mãos. (…) Quando derrotaram os cananeus e ferezeus, encontraram 
Adonibezec (…) e cortaram-lhe os polegares das mãos e dos pés. (…) 
Atacaram Jerusalém e conquistaram-na. Mataram os habitantes a fio de 
espada e lançaram fogo à cidade.” (Jz 1,2-8)
- Interessante este povo judaico: tão guerreiro, tão feroz e tão apto a 
cometer atrocidades, naqueles tempos e, cerca de dois mil e quinhentos 
anos depois, “deixou-se” imolar num horrível holocausto às mãos de 
Hitler, como cordeiro levado ao matadouro! Uma pergunta provocatória: 
onde esteve, ou estava, o seu adorado Javé, aquando do holocausto?
- A pergunta é… desumana. Mas, infelizmente, constata-se que holocaustos 
e guerras, muitas fratricidas, são o apanágio da História da humanidade, 
tanto antiga como moderna, havendo, neste preciso momento, conflitos 
sangrentos e bárbaros em muitas partes do mundo! E com todos os requintes 
de crueldade em que vencedores e tiranos sempre foram exímios inventores, 
desde os romanos com a sua cruz, aos medievais com todos os 
instrumentos de tortura que estão documentados, por exemplo, no Le Musée 
des Martyres de Paris, até aos nossos dias, não esquecendo, evidentemente, 
os fornos crematórios nazis, precedidos de abjectos maus tratos, muitas 
daquelas vítimas inocentes servindo de cobaias para experimentações!
- Ali, na Bíblia, as cidades continuam a cair nas mãos das tribos de 
Israel e os seus habitantes, invariavelmente passados ao fio da espada ou - que 
sorte! - feitos escravos (Jz 1,1-36), embora nem tudo sejam vitórias, sendo, 
como habitualmente, as derrotas atribuídas à vingança de Javé por pecados 
cometidos por Israel, sobretudo o pecado da adoração de ídolos pagãos - acto
 inadmissível para o ciumento Javé! - e as vitórias, claro, à sua 
magnanimidade, “comovido” perante os pedidos de perdão e o cumprimento 
das suas Leis. (Jz 3-4)

- Já dissemos mas, por pertinente, voltamos a repetir: a invenção de Javé 
por parte dos judeus foi uma das mais bem conseguidas da História. É que, 
queiramos ou não, esse Javé serviu para construir toda a História do povo 
judeu, suas derrotas e suas vitórias, e, depois, ser a base do cristianismo e 
maometismo, religiões que, sendo ou não crentes, influenciam cerca de 
metade da humanidade actual. Resta dizer que são estes mesmos judeus que, 
cerca de mil anos mais tarde, irão inventar um Jesus Cristo, fazendo-o Filho 
de Deus, nascido de uma Virgem fecundada pelo Espírito Santo… 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 45/?

À procura da VERDADE no livro de JOSUÉ – 3/3

- Depois vem uma derrota de Israel. Causa? – O pecado de um só israelita, 
Acã, a quem nada adiantou o ter confessado o seu pecado: roubo/desvio 
de umas peçazitas de ouro e prata aquando do saque da cidade conquistada. 
(Js 7) “Então, todo o Israel apedrejou Acã. E depois de o apedrejarem, 
queimaram-no. (…) Foi assim que Javé aplacou o furor da sua ira.” 
(Js 7,25-26)
- A violência naqueles tempos era sem limites. Pena é que a Bíblia se faça 
eco dela, colocando-a na boca, na mente, no coração de Javé-Deus. É 
o descrédito total, santo Deus!…  Descrédito de Javé, descrédito desta 
Bíblia dita livro sagrado, descrédito das três religiões monoteístas que nela 
têm origem ou que a têm por base: o judaísmo, o cristianismo, 
o maometismo!
- Mas afinal, foi a táctica para atacar e exterminar a pequena cidade de Hai 
que falhou, ao subestimarem a força inimiga, ou foi o pecado de Acã que 
deixou Javé no furor da sua ira, não permitindo a vitória?! O que é certo 
é que, aplacada a ira divina, e sob o comando de Javé que muda a táctica 
de guerra, sugerindo a emboscada e o engodo, a cidade é tomada: “Então, 
saireis da emboscada e tomareis a cidade. Javé vosso Deus entregará a cidade 
nas vossas mãos. (...) incendiá-la-eis, agindo de acordo com a palavra de 
Javé (…) a ponto de não sobrar nenhum sobrevivente. (…) Os israelitas 
passaram ao fio de espada toda a população.” (Js 8,7-24)
- É simplesmente horrendo! É a guerra na sua mais cruel desumanidade! É 
a manifestação execranda de Javé-Deus! É a negação completa do divino, o 
total triunfo do diabo!…
- Se é que o diabo existe! Se é que não é simplesmente o lado-besta do Homem 
a manifestar-se em toda a sua pujança!
- Só do Homem? Não é aqui também o lado-besta de… Javé-Deus? 
Jocosamente, referimos que, na conquista desta cidade, os israelitas não 
foram tão estúpidos como na anterior, pois não trucidaram os animais (vacas, 
ovelhas e burros). Ou, então, foi Javé que se esqueceu de dar tal ordem…
- Constata-se ainda que os que não eram exterminados ao fio da espada - 
sempre com a ajuda do braço de Javé (Js 10) - eram feitos escravos, 
tendo mesmo assim de usar de artimanhas para ficarem com tal estatuto de 
vida (Js 9), talvez vingando-se, os israelitas, nestes povos, da escravidão a 
que haviam sido sujeitos, no Egipto…
- Mas… há mais! “Javé disse a Josué: Não tenhais medo deles, pois amanhã, 
a esta hora, Eu os entregarei todos mortos na frente de Israel.” (Js 11,6) 
“Josué tomou todas estas cidades e seus reis e passou-os ao fio da espada. 
(…) Os israelitas saquearam os despojos e o gado dessas cidades, mas 
passaram todas as pessoas ao fio da espada, não deixando nenhum 
sobrevivente.” (Js 11,12-14)
- Enfim, basta de guerras e de… Josué! Após a conquista, passa-se à
distribuição das terras pelas doze tribos de Israel (Js 13-21). 


Ora, a sensação com que se fica, chegando ao fim da análise de mais um livro
bíblico, é um tão grande amargo de boca e uma tal decepção que quase nos tira
o ardente desejo de continuarmos à procura! Mas não desistiremos! Aliás, 
teremos outra escolha?

sábado, 10 de janeiro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 42/?

À procura da VERDADE no livro de JOSUÉ – 2/3



                           "O povo lançou um grito e tocaram-se as trombetas"

- A entrada na Terra Prometida é o exemplo acabado de um Deus que 
protege uns - os israelitas - e condena à morte ou ao desterro os outros! 
Obviamente, este Deus não é, não pode ser… Deus! E há histórias de… 
encantar, como a dos espiões salvos por uma esperta prostituta, salvando 
assim a sua vida e a dos seus (Js 2) e o milagre do Mar Vermelho 
a repetir-se nas águas do rio Jordão, abrindo-se para deixar passar a pé 
enxuto o “Povo eleito”: “Javé, vosso Deus, secou a água do rio Jordão 
(…) como fez (…) ao Mar Vermelho (…). Isso aconteceu para que 
todos os povos da Terra saibam como é forte a mão de Javé, a fim de 
que temais sempre a Javé vosso Deus.” (Js 4,23-24)
- Voltamos a perguntar: Deu-se realmente tal milagre? Que valor 
histórico tem tal feito ou tal afirmação? Se não tem valor nenhum, 
porque lhe damos crédito… divino?! Sejamos claros e intelectualmente
 honestos, proclamando a Verdade: ou o Jordão, naquele momento, 
por razões de seca, tinha pouca água ou o “facto” é pura invenção 
do autor para “divinizar” as chacinas que os israelitas iam cometendo 
sobre os povos conquistados: “tudo passando ao fio da espada”.
- E que dizer da imposição, por Javé, da circuncisão, já atrás exigida 
como sinal da aliança e aqui novamente repetida? (Js 5) Continua a 
parecer-nos que era, pelo menos, ou apenas, uma boa medida de 
higiene para quem certamente se lavava pouco e atribuída a Javé para 
lhe dar força e atemorizar o povo que a não praticasse!…
- Memorável… tremendo… é o que, em seguida, se diz de Javé: “(…) 
Gritai porque Javé vos entregou a cidade. A cidade com tudo o que nela 
existe, será consagrada ao extermínio em honra de Javé. Só ficarão com 
vida a prostituta Raab e todos os que estiverem com ela, pois ela 
escondeu os mensageiros que enviámos. (…) O povo lançou um grito 
e tocaram-se as trombetas. (…) Consagraram ao extermínio tudo o que 
havia na cidade: homens e mulheres, jovens e velhos, vacas, ovelhas 
e burros; passaram tudo ao fio da espada. (…) Incendiaram a cidade e 
tudo o que nela havia.” (Js 6,16-24)
- É guerra, é guerra, não é?! É preciso uma prostituta? Usa-se a prostituta e… 
ganha-se a batalha! Convém passar todo o ser vivo ao fio da espada? Espadas 
para que vos quero, senão para matar? Tudo - claro! - em nome de Javé! É… 
de espantar! É… de totalmente desacreditar em tal Deus, em tal Bíblia, em tal 
religião!  E não esqueçamos: esta Bíblia é o fundamento das várias religiões 
cristãs, onde pontua a católica. Mais: que humano, no seu perfeito juízo, 
ousaria matar, só por serem do “inimigo”, isto é, do povo agredido, os 
pobres animais, ali bem descriminados: vacas, ovelhas e burros? Ora, 
atribuir isto a uma ordem de Javé é o cúmulo da insensatez, já que de um 
sabor a fundamentalismo primário e irracional!


                                          Uma criança interpretando o Livro de Josué...

Concluímos: É incompreensível e obsceno que as religiões cristãs continuem 
a aceitar este livro como sagrado ou de inspiração divina.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 41/?

À procura da VERDADE no livro de JOSUÉ – 1/3


- “Javé disse a Josué: O meu servo Moisés morreu. Agora levanta-te 
e atravessa o rio Jordão com todo este povo para a terra que Eu 
vos vou dar. (…) O vosso território irá desde o deserto até ao Líbano 
e desde o grande rio Eufrates até ao Mar Mediterrâneo, no Ocidente. 
Ninguém te poderá resistir (…)” (Js 1,1-5)
- Fica claro para o autor: Javé tudo ordena e aos homens cabe 
apenas obedecer. A Terra está bem identificada. Os seus habitantes 
devem, em nome de Javé e porque Javé assim ordenou, ser exterminados 
para darem lugar ao povo eleito, ao escolhido de Javé. Que justiça, 
Santo Javé?! Que justiça a tua? Onde a tua divindade? Ou - como sempre! - 
não há justiça nenhuma, não há divindade nenhuma e é apenas o autor 
“sagrado” a justificar com os desejos-ordens-promessas de Javé as 
barbaridades e a conquista exterminadora dos israelitas sobre os cananeus! 
É certamente esta a verdade - a única verdade!…
- Também em Números 21, se fala em “guerra santa”, sempre ordenada 
por Javé. E a crueldade manifestada é tanta que mais parece o ódio do 
diabo à solta, matando, exterminando, que o espírito de Javé que 
se quisera de salvação, de paz e de fraternidade. E as perguntas avassalam 
o nosso espírito confundido com semelhantes atitudes divinas: Porquê tal 
actuação, tal ira, tal vingança? E haverá “guerra santa”? Não é a guerra 
sempre diabólica? Nisto, até Jesus Cristo nos confunde, quando diz: “Não 
vim trazer a paz mas a guerra.” (Mt 10,34)
- Mas logo os exegetas e teólogos fundamentalistas (ou atávicos?!) te dirão 
que essa guerra é a guerra contra o pecado, o ódio, a injustiça 
farisaica, os males que atormentam a humanidade…

- Enfim, seja! Mas, alguma vez foi a guerra solução para os conflitos humanos? 
E não foi este incentivo de Javé à guerra que justificou as guerras levadas 
a cabo ao longo da História, por reis e papas, nas cruzadas medievais e outras? 
Não se inspirou nelas Maomé para apelar também para as guerras santas em 
nome de Alá - que o mesmo é dizer Deus ou Javé! - e que continuam a 
semear o ódio no mundo em vez da paz e do amor que apregoam na palavra? 
E ainda as lutas dos cristãos contra os infiéis - os mouros, irmãos dos 
cristãos no mesmo Deus único! - roubando-lhes em nome da fé e de Deus as 
suas terras e riquezas, invocando a Deus de cada vez que um seguidor de 
Mafoma tombava no campo de batalha?! Meu Deus, como se cometeram, 
em teu nome, os crimes mais hediondos! Se realmente existes, que paciência 
divina tem suportado, ao longo desta História do Homem, as atrocidades 
justificadas com a invocação do teu nome! E - se realmente existes! - não 
podes ser, não serás certamente ou com toda a certeza, este Javé da Bíblia 
ou aquele Alá de Maomé mas outro sem dúvida que ainda não se deu a 
conhecer! Porque tardais em vos mostrar? É que precisamos, angustiadamente 
de ter certezas de vida eterna e… a vida vai-se escorrendo velozmente sem 
nada termos nas mãos a que nos possamos agarrar! Vinde, ó Deus da 
VERDADE! Vinde, sem demora! Vinde limpar o mundo de todas estas falsas 
religiões e dar-nos certezas de VIDA!