sábado, 28 de fevereiro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 53/?

À procura da VERDADE nos livros 1 e 2 SAMUEL – 2/5

- E… a guerra entre israelitas e filisteus continua. Surge aqui um dos 
episódios mais célebres da Bíblia: a luta entre o jovem pastor David e 
o gigante guerreiro filisteu Golias. A narrativa é… encantadora. Escreve 
bem este autor bíblico! Pena foi a “invenção-explicação” das doenças 
de Saul por não ter obedecido cegamente a Javé, com aquele espírito 
de irracionalidade que era o de tudo e todos passar ao fio da espada, 
mesmo os animais! Enfim: limitações!… 



Vale a pena transcrever um pouco da bela literatura:
“David disse a Saul: Ninguém deve ficar desanimado. Este teu servo irá lutar 
contra esse filisteu! Saul respondeu a David: Não podes lutar com o filisteu! 
Tu és apenas um rapaz! Ele é guerreiro desde a juventude! David replicou: 
O teu servo é pastor das ovelhas de seu pai. Se chega um leão ou um urso e 
agarra uma ovelha do rebanho, eu persigo-o, ataco-o e arranco a ovelha da 
sua goela; se ele me ataca, eu agarro-o pela juba e mato-o com pauladas. 
(…) Pois bem: esse filisteu incircunciso, que desafiou o exército de Deus vivo, 
será como um deles. (…) Javé livrou-me das garras do leão e do urso. Ele 
me livrará também das mãos desse filisteu. Então Saul disse-lhe: Vai e que 
Javé esteja contigo! (…) (David) pegou no cajado, escolheu cinco pedras
bem lisas no riacho e colocou-as no bornal. Depois, pegou na funda e foi
ao encontro do filisteu. O filisteu (…) olhou David de alto a baixo e
desprezou-o porque era jovem. Além disso, ruivo e de bela aparência. (…)
E disse: Vem cá. Vou dar a tua carne às aves do céu e aos animais do campo!
Mas David replicou: Tu vens contra mim armado de espada, lança e escudo. 
E eu vou contra ti em nome de Javé dos exércitos, o Deus do exército de 
Israel que desafiaste. Hoje mesmo, Javé te entregará nas minhas mãos: vou 
ferir-te e arrancar-te a cabeça. (…) Deste modo, toda a Terra saberá que 
existe um Deus em Israel. Toda esta multidão saberá que não é com espada 
e lança que Javé sai vitorioso, porque se trata de uma guerra de Javé (…).”
(1Sm 17,32-47)
- Afinal, quem derrubou Golias? Foi a mão de Javé, pois “se trata de uma 
guerra de Javé”, ou foi a pedra certeira arremessada por David com a sua
funda? Enfim, uma confusão dos diabos…
- E tal feito - em nome de Javé - não deixa de ter os seus efeitos perversos: 
Saul fica com inveja dos sucessos de David e quer mesmo matá-lo.
(1Sm 18-21) Como a História se repete, Santo Deus! E, não conseguindo
matá-lo a ele, mata todos quantos o protegem. Depois - qual romance! -
encontram-se na escuridão da caverna que serve de esconderijo a David.
Este - sentimentalmente! - poupa a vida de Saul e ambos se abraçam entre
lágrimas e palavras de reconciliação. (1Sm 24)
- Por pouco tempo, miséria humana! Pois logo Saul, refeito do susto da 
caverna, volta a perseguir David. (1Sm 26-27)
- Como interpretar, aqui, as intenções de Javé, sendo Saul “o ungido de
Javé” (1Sm 26,16) e David o eleito de Javé, falando directamente com Ele?
(1Sm 23) É um Javé dividido? Ou é simplesmente a luta pelo poder de um,
e a sua manutenção, de outro? Ambas serão, certamente, de igual aceitação!
Nesta fase de análise crítica da Bíblia, Javé já não tem qualquer
credibilidade e pode cometer todas as atropelias que quiser…

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 52/?

À procura da VERDADE nos livros 1 e 2 SAMUEL – 1/5

- “Os livros de Samuel relatam acontecimentos que se situam entre 1040 e 
971 a.C.” (Introdução ao Primeiro e Segundo Livro de SAMUEL, ibidem)
- E, à partida, a pergunta - ingénua! - é inevitável: Como podem 
acontecimentos da vida de um povo interferirem com a minha incessante 
busca dos caminhos para a vida eterna? Uma pergunta, obviamente, sem 
qualquer resposta por parte dos teólogos exegetas.
- Interessante: mais uma vez, é uma mulher estéril que, invocando Javé, 
vai ser mãe. “Elcana uniu-se à sua mulher Ana e Javé lembrou-Se dela. 
Ana ficou grávida e (…) deu à luz um filho ao qual pôs o nome de Samuel, 
dizendo: Eu pedi-o a Javé.” (1Sm 1,19-20) Não há dúvida: o autor, dito 
sagrado, quando pretende falar de alguma personagem carismática 
para Israel, rodeia-o duma áurea de milagre, logo à nascença. É um 
artifício “literário-divino” recorrente em toda a Bíblia. O efeito 
pretendido, óbvio: apresentá-lo aos olhos do povo como alguém predestinado 
por Javé para grandes feitos.


                                               Elcana, Ana e Samuel, uma família feliz!

- E nova derrota de Israel perante os filisteus! Razões? - Claro: os pecados, 
desta vez, não de todo o Israel, mas dos filhos do sacerdote Eli!… 
(1Sm 4) Absolutamente irrelevante: podiam ter sido outros quaisquer, 
desde que influentes aos olhos do povo.
- E continuam os holocaustos e sacrifícios oferecidos a Javé, quer em 
agradecimento, quer para aplacar a sua ira, quer em desesperada súplica. 
(1Sm 6,15; 7,9;11,15) E Javé tudo continua “dirigindo”, “ordenando”, 
“programando”…. Assim, Saul, da tribo de Benjamim, encontra-se 
com Samuel, é ungido por este e escolhido para rei de Israel que, há muito, 
pedia um rei a Javé.
- Lutas e… mais lutas! Entre Israel e os vizinhos: “Saul lutou contra todos 
os inimigos vizinhos (…) E saiu vitorioso em todas as suas campanhas.” 
(1Sm 14,47)
- É a guerra! É a obrigatoriedade da defesa de territórios antes roubados 
aos seus ocupantes, por ordem de Javé, ou a pura cobiça das riquezas 
vizinhas, tal como agiram todos os colonizadores, os Alexandres, 
os Césares, os muçulmanos, os descobridores de 500, os Napoleões, os 
Hitlers… Sempre a mesma miséria humana bem retratada na História, tanto 
antiga como actual…
- E como entender/aceitar a ira de Javé contra Saul por este ter poupado 
a vida ao rei vencido e não ter exterminado as melhores ovelhas e vacas? 
Pois a ordem era: “(…) mata homens, mulheres, crianças e 
recém-nascidos, bois e ovelhas, camelos e jumentos.” E, por tal “pecado” 
de não obediência cega, “(…) Javé se havia arrependido de ter feito Saul rei 
de Israel, começando Saul (…) a ficar agitado por um espírito mau enviado 
por Javé.” (1Sm 15; 16,14)

- Não se entende! Não se aceita! Revolta, por repugnante! Brada a todos os 
céus e a todos os infernos!!! Mas é a triste imagem que os autores, ditos 
inspirados por Deus, nos dão deste mesquinho Javé, imagem que se repete 
ao longo de toda a narrativa bíblica! Então, chamar a este livro “sagrado”, e 
deixá-lo integrado numa Bíblia dita sagrada é, no mínimo, irracional! Mais 
irracional ainda é aceitarmos Javé como o Deus de uma religião monoteísta!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 51/?


À procura da VERDADE no livro de RUTE


- Rute “obra-prima da literatura e da inspiração. Não é fácil datá-lo, 
mas vários indícios apontam para o pós-exílio, aí por meados do
séc. V a.C.” (ibidem).
- É realmente uma história singela, bem escrita, embora não talvez 
obra-prima da literatura e da inspiração. Inspiração, obviamente humana,
nada tendo de divino… Uma história de amor e de ternura, onde Rute
aparece como uma jovem cheia de graça pela sua humanidade e presteza:
“Booz casou-se com Rute (…) e ela deu à luz um filho. (…) E deram-lhe
o nome de Obed. Obed foi o pai de Jessé. E Jessé foi o pai de David.”
(Rt 4,13-17)
- Então, é Rute a bisavó de David de cuja estirpe haveria de nascer Jesus 
Cristo!
- Exactamente! E uma das mais belas passagens é a fala de Rute, moabita, 
com a sua sogra Noemi, originária de Belém: “Não insistas comigo. Não
vou voltar nem te vou deixar. Para onde fores, eu irei também. Onde tu
viveres, eu também viverei. O teu povo será o meu povo e o teu Deus será
o meu Deus. Onde morreres, eu também morrerei e serei sepultada.
Somente a morte nos poderá separar. Se eu fizer o contrário, que Javé me
castigue!”
- Uma bela história, convinhamos, mas… não passa de história! Então, 
porque é considerado livro de inspiração divina? Há, nas literaturas
mundiais, tantas histórias de encantar, tantas histórias de amor, amor
exemplar! Chegamos a um impasse: ou consideramos de inspiração
divina todas aquelas histórias ou são todas de pura inspiração humana,
ditadas ao escritor pela voz do coração, um bom coração, obviamente.
A escolha ou solução, creio, não será difícil!

- Enfim, deixemos Rute entregue ao seu amor… sem o guerreiro e 
ciumento Javé a interferir nesse belo romance humano, vivido no seio
do povo israelita, e avancemos na nossa busca da Verdade!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 50/?

À procura da VERDADE no livro dos JUÍZES – 5/5

- “Os israelitas tornaram a fazer o que Javé reprova. E Javé entregou-os 
aos filisteus durante quarenta anos.” (Jz 13,1) A saga de ser Javé a 
conduzir os destinos de Israel continua. Mas se, historicamente, os 
filisteus dominaram os israelitas durante quarenta anos, porque dizer 
que foi Javé que castigou Israel? É a mesma não lógica pela qual 
atribuímos a Deus uma doença que nos aparece ou um acidente de que 
somos vítimas, pensando que estamos a ser castigados pelos nossos 
pecados… E uma coisa são as doenças que o destino nos coloca no 
caminho, outra, aquelas que contraímos por descuido ou incúria nossa. 
Tal como o acidente ser ou não da nossa responsabilidade. 
Logicamente, mais um nonsense bíblico.
- E, se não é Javé a intervir directamente, é o seu anjo! Desta vez, 
em missão anunciadora de mais um acontecimento milagroso: a do 
nascimento de Sansão de uma mulher estéril. (Jz 13)




                                                        Sansão e Dalila (no filme)

- Sansão! Que história mais estranha! “Consagrado a Deus desde o seio 
de sua mãe” (Jz 13,7), parece ter sido gerado para… matar! Que 
destino, Santo Javé! Que consagração a Deus! Instável quanto aos 
amores, apaixona-se - amor à primeira vista! - por uma filisteia - facto 
inaceitável para o povo israelita - mas Sansão casa com ela. Depois, 
abandona-a. Querendo recuperá-la e não lho permitindo o pai da rapariga 
que já a havia dado a outro, serve o pretexto - certamente pela mão 
de Javé! - para matar uns quantos filisteus: “Caiu sobre eles, fazendo um 
massacre terrível.” (Jz 15,8) Isto é tudo tão estranho! Tudo tão impróprio 
de um livro dito sagrado e inspirado por Deus!
- Um dia, “Sansão foi a Gaza, viu ali uma prostituta e dormiu com ela.” 
(Jz 16,1) “Depois disto tudo, Sansão apaixonou-se por Dalila”(Jz 16,4) que, 
após três tentativas e muito o ter importunado, lhe arrancou o segredo da 
sua força: os longos cabelos que nunca haviam visto a navalha. Apanhado 
pelos seus inimigos, não morre sem levar consigo uns milhares de filisteus, 
ao desviar as colunas mestras do Templo onde todos estavam festejando a 
sua humilhação! (Jz 16)
- É! Uma história longa, com intriga bastante, mas sem divindade nenhuma… 
Ou, se quisermos, mais uma vez, serve Sansão de braço a Javé para… 
matar filisteus, inimigos de Israel!
- Entre o povo, imperava a cobiça, tal como sempre imperou ao longo da 
História humana: “Vamos lutar contra eles pois vimos que a terra deles 
é excelente.” (Jz 18,9) Então, caríssimo Javé, este pecado é castigado pela 
tua ira ou sancionado em favor de Israel? Onde o Mandamento que deste 
a Moisés: “Não cobiçarás as coisas alheias.” (Ex 20,17)?
- O livro dos JUÍZES acaba… mal! É uma guerra civil entre israelitas: 
todas as tribos contra uma, a tribo de Benjamim. Razões? - Uns ociosos 
da tribo de Benjamim abusaram, violentaram e mataram a concubina de 
um levita que por ali passava. Esta violência sobre uma pessoa arrasta para 
a violência um povo inteiro. Que história! Mas não é o que hoje se repete 
por esse mundo fora em pequena escala ou a nível mundial como a razão das 
duas últimas grandes guerras?

- Acaba o livro. Fica-nos a… frustração total! A frustração de continuarmos 
a falar de um Javé – tido por Deus único e verdadeiro, tanto pelos israelitas 
como pelos seus sucessores na religião: os cristãos – que tem tudo de humano 
e nada de divino!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 49/?

À procura da VERDADE no livro dos JUÍZES – 4/5

- A história de guerra que se segue mais parece um conto de fadas 
que uma realidade histórica. É que Javé ordena a Gedeão que mande 
para casa “Quem estiver com medo e a tremer” e “os que se 
ajoelharem (na fonte) para beber”. Restaram apenas trezentos. “Com 
os trezentos que lamberam a água (levando as mãos à boca), vou 
salvar-vos entregando Madiã em teu poder.” E a vitória é tão estrondosa 
quanto inverosímil, do ponto de vista histórico. Mas quem poderá 
lutar contra Javé? Gedeão distribui trombetas aos trezentos homens 
que cercam o acampamento inimigo. É noite. As trombetas tocam. 
“O acampamento inimigo ficou alvoroçado e começaram a gritar e a 
fugir. Enquanto os trezentos homens tocavam as trombetas, Javé fez 
com que no acampamento se matassem uns aos outros ao fio da espada.” 
(Jz 7,3-22) Razão de tal matança? - Tão simples quanto imprópria de 
Javé. Mas é Ele que no-la apresenta: “Então Javé disse a Gedeão: 
O povo que está contigo é numeroso demais para que Eu entregue 
Madiã em teu poder. Israel poderia orgulhar-se dizendo: Eu consegui 
a vitória graças ao meu poder!” (Jz 7,2) Inverosímil, claro! E 
conta-se que aquela região viveu em guerra durante séculos: aliás, 
quem semeia a guerra, como fez Javé ao entregar todas aquelas 
cidades nas mãos dos Israelitas, que paz lograria colher?
- Tremenda! Horrível! Tal é a promessa do israelita Jefté a Javé, se 
este lhe concedesse vitória sobre os amonitas: “Quando eu voltar 
vitorioso da guerra contra eles, a primeira pessoa que me receber à porta 
de casa pertencerá a Javé e eu a oferecerei em holocausto. (…) E foi 
precisamente a sua filha que saiu para o receber, dançando ao som de
 tamborins. (…) Pai, se fizeste promessa a Javé, cumpre o que prometeste, 
porque Javé concedeu-te vingares-te dos inimigos.” (Jz 11,31-36)
- Se não fosse a sua filha, que outra pessoa poderia ter sido? Sua mulher? 
Sua concubina? Sua escrava? Que direito tinha Jefté de fazer tal promessa 
que não o sacrificava a ele mas a vida de outrem? E - mais tremendo 
ainda! - porque aceitou Javé tal promessa e não a condenou logo ali - como 
aliás havia feito com o filho de Abraão - e para todo o sempre, para que 
nos nossos dias não houvesse tantas promessas que se fazem em 
momentos de aflição insuperáveis, obrigando depois as pessoas a tão 
horríveis quanto inúteis sofrimentos, no corpo e na alma?




- É! Olha esses santuários em que tantos e tantas rastejam em sangue, suor e 
lágrimas, cumprindo promessas que os sustos da vida lhes fizeram brotar do 
coração e da alma martirizada! Que duplo sofrimento, santo Deus! Que 
inútil, inutilíssimo sofrimento! A quem aproveita? Acaso comprazer-se-á 
Deus nele? Que Deus? O Deus verdadeiro de certeza que não é! Aliás, como 
poderia sê-lo sem deixar de o ser? Aqui, a Igreja tem uma enorme culpa ao 
defender e apregoar o sofrimento redentor: “Seja tudo em desconto dos 
meus pecados!”, ensinaram-nos a rezar na catequese, para sublimar o 
sofrimento. Mas é uma falácia, uma mentira, um non-sense. E tudo por 
causa da suposta morte redentora de Jesus na cruz, já tendo sido feito Filho
de Deus. Sejamos intelectualmente honestos: Jesus não redimiu o Homem
de pecado nenhum, pecado inventado pela Igreja, baseada numa Bíblia que,
neste caso do Génesis, apenas conta histórias de fantasia e… nada mais.
O sofrimento não serve, pois, para nada!
- Pior: constata-se que, quase três mil anos passados sobre estes
acontecimentos bíblicos, o Homem religioso continua a pactuar com tais
práticas, os mentores fazendo lavagens ao cérebro dos crentes, estes
agravando ainda mais, com crendices, as fantasias que lhes vendem como
Verdades, e… Verdades eternas! Que desonestidade, Santo Deus!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 48/?

À procura da VERDADE no livro dos JUÍZES – 3/5

- “Gedeão foi preparar um cabrito e fez pães sem fermento. (…) 
O anjo de Javé disse-lhe: Toma a carne e os pães, coloca-os sobre 
esta rocha e derrama o molho por cima. Assim fez Gedeão. O anjo 
de Javé estendeu a ponta do bastão que tinha na mão, tocou a carne 
e os pães e da rocha subiu um fogo que consumiu a carne e os pães.” 
(Jz 6,19-21)
- O episódio é irrelevante. Mas choca esta facilidade com que Javé, 
neste caso, o seu anjo, faz queimar alimentos com finalidade… 
nenhuma! E porque é que o pão não poderia levar fermento? Era para 
se conservar por mais tempo ou por ser mais puro aos olhos de Javé? 
Já em Génesis 16, aparecera o anjo de Javé, falando a Agar, a escrava 
da mulher de Abraão. Depois, também apareceu à burra de Balaão… 
(Nm 22) Que anjo é este que fala em vez de ou como se fora o próprio 
Javé? E é tão estranho o facto de aparecer à burra! Que crédito, meu 
Deus, poderemos dar a tudo isto? É que, aqui, não haverá nenhum exegeta 
que se arrisque a dar uma explicação, sem cair no ridículo…
- “Nessa mesma noite, Javé disse a Gedeão: Toma um boi de teu pai e 
outro boi de sete anos. Destrói o altar de Baal que pertence a teu pai 
(…) constrói um altar a Javé teu Deus no alto desse lugar (…) Toma 
então o boi e oferece-o em holocausto (…)” (Jz 6,25-26)
- “Rei morto, rei posto!” Que é como quem diz: “Um Deus deposto, 
outro Deus ali posto.” Também ao longo da curta história do cristianismo, 
se construíram igrejas onde havia templos pagãos ou mesquitas 
muçulmanas, fazendo o mesmo os muçulmanos com as suas mesquitas. 
O vencedor dita as leis: políticas e… religiosas. A política e a religião 
andaram sempre juntas e de mãos dadas, quando uma deveria ser para 
dirigir os homens na vida terrena, outra, para os dirigir em ordem a 
alcançar a vida eterna. A suposta vida eterna, claro, porque nunca provada 
como existente!
- E porquê esta permanente avidez de Javé por sacrifícios ou holocaustos?
- Tocando as raias do jocoso e levando ao riso, aparece a experimentação 
que Gedeão faz de Javé que não se coíbe de fazer milagres ridículos e sem 
qualquer utilidade para convencer Gedeão de que ele é o escolhido para 
salvar Israel. “Se de facto, vais salvar Israel por meio de mim (…) vou 
colocar no terreiro um pedaço de lã de carneiro. Se o orvalho cair somente 
sobre o pedaço de lã e o terreiro estiver seco, então ficarei a saber que Tu 
libertarás Israel por meio de mim. (…) Quando se levantou, (…) espremeu 
a lã e com o orvalho que nela estava, encheu um copo de água. Gedeão 
insistiu ainda com Deus: Não te irrites comigo se pedir mais uma vez. 
Permite que faça de novo a prova do pedaço de lâ: que ele fique seco 
e que a terra em redor se cubra de orvalho. E Deus assim fez nessa noite.” 
(Jz 6,36-40)



- Não há dúvida: brincar aos milagres deveria ser, naquele tempo, 
um divertimento para Javé para, certamente, quebrar o fastio e a monotonia 
de estar num céu onde nada de novo se passaria desde… a eternidade!!! 
Mas… porque não os faz agora, perante o mundo, para que toda a gente 
acredite que  Ele existe e o Seu Céu também?