sexta-feira, 27 de março de 2015

Páscoa – morte e ressurreição de Jesus: realidade ou mito?



Princípios gerais aqui largamente defendidos e suficientemente provados:

1 – As religiões actualmente existentes foram todas inventadas pelos homens (homens e não mulheres!).
2 – O Deus (ou deuses? - pois dificilmente o Javé judaico é o mesmo Pai de JC cristão e/ou o mesmo Alá muçulmano) dessas religiões foi inventado à imagem e semelhança do Homem, não podendo ser Infinito nem eterno.
3 – Não há nenhuma prova credível de que tenha havido qualquer revelação feita por Deus aos Homens.
4 – O Deus infinito e eterno terá de ser o defendido por Espinoza e Einstein: O TODO QUE É TUDO O EXISTENTE E NÃO EXISTENTE, VISÍVEL OU INVISÍVEL, CONTENDO TODO O TEMPO E TODO O ESPAÇO E TUDO O QUE PERTENCE AO TEMPO E SE SITUA EM ALGUM ESPAÇO.
5 - Os evangelhos, embora referindo dados históricos e realmente acontecidos,  não são documentos históricos na sua totalidade, tendo sido escritos para suporte da religião nascente, baseada na figura carismática de Jesus, e tendo sido sujeitos a adulterações ao longo, pelo menos, dos três primeiros séculos (não temos originais, mas apenas cópias do séc. III). O caso mais flagrante é o evangelho de Mateus com os inúmeros milagres por ele inventados, absolutamente impossíveis de realização, quer na sua essência, quer na falta de repercussão que teriam tido, a serem verdadeiros, pelo mundo civilizacional de então.

O mito da ressurreição, antes de chegar às religiões monoteístas, e mesmo orientais, já vinha das culturas egípcia e fenícia e das tradições dos povos da Mesopotâmia. Tal mito está profundamente ligado aos deuses que encarnavam o ciclo vital da Natureza: morrer no Inverno para ressurgir em cada Primavera, como símbolo da renovação e fertilidade. E tal encarnação era representada pelos seus deuses: Isis e Osiris para o Egipto, Baal e Adonis para a Fenícia e Mesopotâmia.
E é interessante notar, por pouco conhecido, que a palavra ISRAEL se refere a uma tríade sagrada ligada à vida: Is – deusa da terra e do amor, como princípio feminino; Ra – deus do céu e da luz, como princípio masculino; El – deus da vida e princípio criador.
Os fundadores do cristianismo aproveitaram este mito pagão para nele integrarem a figura que divinizaram e fizeram de Cristo: o judeu Jesus que se distinguiu pela sua mensagem revolucionária, ao defender a fraternidade universal, opondo-se aos fariseus e sumos- sacerdotes que viviam à custa do povo, vindo a pagar com a morte tal ousadia.
Tudo o que se seguiu, no campo, primeiro, cristão, depois, católico, ortodoxo e protestante, foram invenções e “aperfeiçoamentos”, dando-se corpo a muitas criações religiosas, criações essas que se foram tornando tradições ou a famosa TRADIÇÃO que, para a Igreja Católica, é suficiente para decretar um dogma, tal como o da Imaculada Conceição de Maria.


Posta nos iis a parte religiosa da Páscoa, vamos à… VIDA! E esta Vida que tivemos o privilégio de ter, o que importa é vivê-la em festa e aproveitar todos os momentos que a sociedade onde nos inserimos nos oferece, para satisfazer tal intento. Por isso, cantemos e dansemos, comamos e bebamos pois, só assim, agradeceremos a Deus o dom que nos outorgou para dele usufruirmos tanto quanto nos for possível.






Esta a verdadeira ressurreição: a Natureza em todo o seu esplendor!

UMA PÁSCOA CHEIA DE ALEGRIA PARA TODOS! ALELUIA! ALELUIA! ALELUIA!

terça-feira, 24 de março de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 56/?

À procura da VERDADE nos livros 1 e 2 SAMUEL – 5/5

- Quatro parágrafos referindo três guerras em que David sai vitorioso, 
compõem 2Sm 21. 



                                                           David matando...

Então, David arranca do peito, ou da sua inspiração, 
um longo cântico a Javé:
“Javé é a minha rocha e a minha fortaleza, o meu libertador. (…)
Eu invoquei Javé e fui salvo dos meus inimigos. (…)
Javé trovejou no céu (…),
atirou as suas flechas e dispersou-os. (…)
Tu me dás o escudo salvador (…)
Persigo os meus inimigos (…)
e não volto atrás sem os ter destruído. (…)
Eles gritam a Javé, mas Ele não responde. (…)
Viva Javé (…),
o Deus que me concede as vinganças e me submete os povos.” (2Sm 22)



                                                       David cantando a Javé

- São apenas excertos do cântico de David. Mas mais não é preciso para 
evidenciar um homem totalmente dependente de Javé, onde o agradecer 
a Deus as vitórias tem (ou devia ter?!) o sabor amargo das vidas que 
se perderam… E… repete-se a mesmíssima pergunta: Que Javé é este que 
“manda matar” tanta gente? E que só protege uma das partes, não ouvindo 
os clamores da outra? Onde o seu universalismo, o ser Deus de todos os 
homens?
- Já se acabando o livro 2SAMUEL, aparecem o nome dos guerreiros de 
David que mais se distinguiram em mortandades. Que heróis os teus, Javé! 
És um Javé de morte e não um Javé de vida! Ou… estarei a ser injusto para 
contigo?
- Finalmente, sem se perceber bem porquê, David peca ao fazer o 
recenseamento de Israel e de Judá. Javé castiga-o com a peste! Mas… 
a ira de Javé é aplacada com holocaustos e a construção de um novo altar. 
Javé compadeceu-se do país e a peste deixou Israel.” (2Sm 24-25)
- A imagem de um Javé castigador do pecado… irado… aplacado com 
holocaustos e altares… Quem quererá tal Deus? Como pode ser Deus este 
Javé da Bíblia?!
- A peste! Obviamente, que não foi castigo divino; mas, mais uma vez, o 
autor “sagrado” inventa uma explicação, religiosamente plausível, para 
“ludibriar” o povo com o temor de Javé.

- Enfim! Terminámos! Onde está a VERDADE que procurávamos? Alguém a
encontrou?...

quarta-feira, 18 de março de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 55/?

À procura da VERDADE nos livros 1 e 2 SAMUEL – 4/5

- Ainda outro episódio “interessante”: o filho primogénito de David saiu 
ao pai, em questão de mulheres! Viu a irmã de outro filho de David que 
era muito bonita - Tamar - e quis logo ali possuí-la sem com ela antes 
casar. Pagou a sua loucura com… a morte! Mas… Absalão, que o matou, 
torna-se “persona non grata” para David também seu pai! (2Sm 13 e 14) 
Uma confusão!
- Enfim! Basta! Livros sagrados, estes? Inspirados por Deus? Não são 
apenas a história de um povo cujos chefes fazem de Javé o seu refúgio 
para imporem ao mesmo povo - e com eficácia! - leis e costumes e 
justificar os seus actos - não poucas vezes condenáveis - de poderosos? 
Realmente, a história judaica é feita de personalidades: Abraão, Isaac, 
Jacob, Moisés, David… O povo? O povo é para fazer a guerra e pagar 
o tributo ao Templo, obedecendo às ordens de Javé, que o mesmo é dizer 
dos seus chefes religiosos ou dos seus estrategas político-militares…
- Tal como hoje, a sede do poder cegava o homem. Assim, o filho de 
David, Absalão, tenta usurpar o trono a seu pai (2Sm 15). A guerra 
desencadeia-se à beira do Jordão (2Sm 17 e 18). Absalão é derrotado e… 
morto. Ao saber da sua morte “ o rei estremeceu… começou a chorar, 
dizendo entre soluços: Meu filho Absalão! Meu filho Absalão! Porque 
não morri eu em teu lugar?!” (2Sm 19,1) 


Como num romance: 
guerreia-se o filho e quer-se que ele não morra! Teria David sido sincero? 
Ou falou da boca o que não lhe ia no coração? Sabê-lo-emos na eternidade, 
quando lá nos encontrarmos com ele, algures, no… céu! Ou… no inferno? 
Ou… em parte nenhuma, que é a certeza absoluta de quem não vai em 
fantasias inventadas pelas religiões?
- “David foi para o seu palácio em Jerusalém. Ao chegar lá, tomou as dez 
concubinas (…) e confinou-as no seu harém. (…) Nunca mais teve 
relações com elas: ficaram segregadas como viúvas de uma pessoa viva, 
até ao dia em que morreram.” (2Sm 20,3) - Que rei ungido de Javé é este 
que condena assim à solidão dez certamente jovens, só pelo capricho de 
as ter ali como propriedade sua a quem nem sequer dava… “uso e 
conforto”?! Porque não interveio Javé contra tal crueldade? Ou Javé 
intervém numas coisas - por exemplo, “matar” o filho do pecado de 
David - e não intervém noutras de flagrante injustiça?
- Aliás, em boa análise, quem sofreu severo castigo foi o inocente menino 
que perdeu a vida. David bem a conservou - muito embora admitamos 
que lhe tenha custado às lágrimas, a morte do filho - e bem a gozou, 
espalhando filhos por toda a parte, em mulheres e concubinas… Nem 
percebemos porque é que condenou à solidão e ao desperdício as dez 
concubinas do seu harém. Enfim, caprichos de um rei que, de exemplar 
e de humanidade, avaliando estas tristes histórias, nada teve.
- Ainda nova conspiração se desenrola contra David vinda da parte do 
benjaminita (da tribo de Benjamim) Seba. E é uma mulher que salva a 
situação: “Com grande habilidade, a mulher falou com o povo e 
degolaram Seba e lançaram a cabeça dele por cima da muralha.” (2Sm 20)

- Uma mulher ou… o incansável Javé?… Em qualquer caso, a violência 
sempre presente! Que povo tu apadrinhaste, santo Javé! Ou, melhor, como 
te deixaste usurpar por um povo cujos mentores te fizeram à sua imagem 
e semelhança, para justificarem todos os crimes que iam cometendo!

quarta-feira, 11 de março de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 54/?

À procura da VERDADE nos livros 1 e 2 SAMUEL – 3/5

- Interessante! Outra mulher aparece em cena. E recebe rasgado elogio 
de David: “Bendita seja a tua sabedoria!” (1Sm 25,33), pois evitara uma 
tremenda mortandade - mais uma! - às mãos de David, como vingança 
pelo mau acolhimento que tal povo havia dado aos seus mensageiros.
- No entanto, David fazia mais vítimas! Ia exterminando os povos 
vizinhos dos filisteus: “(…) e não deixava ninguém vivo, nem homem 
nem mulher; tomava ovelhas e bois, jumentos, camelos e roupas.” 
(1Sm 27,9)
- É! Quão pouco valiam as vidas das pessoas - e dos animais, às vezes! - 
para aqueles iluminados de Javé! No entanto, inteligentemente, não 
sabemos se desobedecendo às ordens de Javé, poupou animais e bens 
dos vencidos…
- “Então, David chamou um dos seus servos e ordenou: Vem cá e 
mata este homem.” (2Sm 1,15) – Isso mesmo: a bíblia apregoa como 
bom o matar a sangue frio! O inimigo, claro! Há três mil anos como hoje! 
Em qualquer guerra! Em qualquer lugar! Por grandes motivos que… são 
motivos nenhuns! O nosso grande problema é que, aqui, é Javé quem 
manda senão matar directamente, pelo menos, indirectamente através dos 
seus “ungidos”!
- E tombam mais vítimas entre irmãos israelitas: David e a família de Saul 
(2Sm 2). David, por seu lado e para seu gáudio, vai dando filhos ao mundo 
“usando” as suas duas mulheres!… (2Sm 3) Mas… parece que não 
chegavam duas! Marchou sobre Jerusalém e “(…) tomou concubinas e 
mulheres e teve filhos e filhas.” (2Sm 6,13) Era de homem, não era?! E era, 
sem dúvida, um rei que primava por obedecer ao Génesis do “Crescei e
 multiplicai-vos!”
- Outros episódios estranhos são aqui narrados! Um: David trava mais uma 
batalha com os seus vizinhos, dizendo apenas: “E seja feito o que Javé 
achar melhor.” (2Sm 10,12) Tal como se disséssemos, hoje: “E seja o que 
Deus quiser!” Ontem como hoje, é pôr nas mãos de Deus o que só 
depende do Homem, em manha, inteligência ou astúcia… não é? Enfim!
- Outro: David não resiste aos encantos de Betsabeia e expõe à morte o 
marido dela. 


Deus mata-lhe o filho nascido de tal união pecaminosa. 
Mas… dá-lhe outro! Nem mais nem menos do que o que virá a ser o 
mais sábio dos reis de toda a Bíblia: Salomão! (2Sm 11-12). Este episódio 
alonga-se e merece do autor um tratamento interessante: David recebe 
o castigo, lutando até ao fim, em jejuns e abstinências para salvar o filho 
“condenado por Javé” para expiar o pecado do pai… Mas… morre o 
filho, e a reacção de David é… Oiçamos: “Então, David levantou-se do 
chão, lavou-se, perfumou-se e mudou de roupa, (…) mandou que 
servissem a refeição e comeu (…) e disse: «Enquanto o menino vivia, eu 
jejuei e chorei, pensando que talvez Javé tivesse piedade de mim e o 
menino ficasse curado. Mas agora ele morreu. Para que hei-de jejuar? Será 
que isso vai fazê-lo voltar? (…)» David consolou sua mulher Betsabeia; 
entrou no aposento e dormiu com ela. (…)” (2Sm 12,24)




                                                         David e Betsabeia (no filme)

- Realmente, nada adianta chorar sobre alguém que morreu. A vida continua 
e é preciso dar-lhe corpo. E para tal, ali estava a bela Betsabeia em 
chamamento… Mas custa-nos tanto aceitar aquele pecado de David, 
expondo à morte o marido da sua amante! Custa-nos tanto aceitar que seja 
uma criança a expiar a culpa de seu pai!…