quarta-feira, 27 de maio de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 63/?

À procura da VERDADE nos livros das CRÓNICAS 2/2

- “Os levitas (…) estavam inteiramente dedicados ao serviço da Habitação 
do Templo de Deus.” (1Cr 6,33)
- Desde sempre que houve estes “servidores” de Deus que mais não 
fazem - em muitos casos, pois, felizmente, há as excepções dos que se 
dedicam de alma e coração a melhorar a vida dos necessitados - do que 
administrar a favor do seu bem-estar, as piedosas e “obrigatórias” 
ofertas dos fiéis ao Templo! Tornaram-se uma casta, não poucas vezes 
uma classe - privilegiada, claro! - que bem tem sabido tirar proveito 
da sua ligação aos poderosos deste mundo, não seguindo evidentemente 
Jesus Cristo que dizem servir e que levam o povo a servir sobretudo 
através do temor de Deus, do céu e do inferno!
- Em 1Cr 10, narra-se, repetindo 1Samuel 31, que os filisteus derrotaram 
e mataram o rei Saul e todos os seus. Razão? - A inevitável bíblica razão: 
“Saul morreu por ter sido infiel a Javé. (…)” (1Cr 10,13)


                                                     Saul: umas barbas dignas de um rei...

- Mais de metade das Crónicas - 1Cr 11-29 - repetem a história do rei David, 
já referida em 2Samuel. E o autor não resistiu a colocar na boca de 
David um belo “poema” religioso de louvor a Javé, iniciando-o deste modo: 
“Celebrai Javé, invocai o Seu nome, anunciai entre os povos as suas 
façanhas!” (1Cr 16,8)
E termina: “Seja bendito Javé, o Deus de Israel, desde sempre e para sempre!” 
(1Cr 16-36).
Estava inspirado a autor. São belas, soltas, ritmadas as palavras! Aqui, 
David ultrapassa-se ao cântico que dedicou a Javé, quando Javé o libertou de 
todos os seus inimigos e da mão de Saul: “Javé é a minha rocha e a minha 
fortaleza, o meu libertador.” (2Sm 22,2), começou David.
E acabou: “Por isso eu Te louvo entre as nações, ó Javé, e canto em honra do 
Teu nome (…)” (2Sm 22,50)
- Rezar, cantar os louvores do Senhor que sanciona as tuas barbaridades, 
é… fácil! Mas também é… perverso. A inversão de valores é total!
- No segundo livro das Crónicas, capítulos 1 a 10, repete-se a história de 
Salomão, construindo o Templo, já referida em 1Reis 3-11. O resto do livro, 
aqui e acolá com pequenas omissões ou diminutos acrescentos, repete 
1Reis 12-22 e todo o segundo livro dos Reis. É interessante notar que a 
política e a religião interpenetram-se de tal modo que uma justifica a outra,
 uma não existe sem a outra, sendo Javé sempre o elo de ligação, a força 
dinamizadora sempre presente. Sem Ele, a unificação do povo de Israel teria 
sido impossível. Na Bíblia, o Deuteronómio e a Lei Mosaica tornam-se a lei 
do Estado (2Rs 23 e 2Cr 34,29-33). Também Maomé usará mais tarde da 
mesma interligação - religião e política - que ainda hoje perdura nos Estados 
islâmicos.

- Fim de leitura! Então, descortinámos por aqui a VERDADE que 
procurávamos? E o quê dizer de livros ditos “sagrados” repetirem outros 
livros? Não bastava uma versão? Houve das duas vezes inspiração 
divina?! Uma certeza: Deus nunca precisaria de repetir-se para nos enviar a 
sua mensagem. Logo, de divino, estes  livros pouco ou nada têm.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 62/?

À procura da VERDADE nos livros das CRÓNICAS 1/2

- “Os dois livros das Crónicas, juntamente com os livros de Esdras e 
Neemias formam um conjunto coerente elaborado, provavelmente, nos 
inícios do séc. IV a.C. (…), conjunto narrativo que vai desde Adão até 
à organização da comunidade judaica, depois do exílio na Babilónia 
(por volta de 400 a.C.). (Introdução aos livros das Crónicas, ibidem)
- Uma narrativa! Mais uma! Respeitante a um povo! Sagrada? Com 
a VERDADE que procuramos? A Verdade universal que diga respeito 
a toda a humanidade? Obviamente que não. Mas partamos para a análise!
- Logo no início, encontramos listas genealógicas de Adão a David. 
(1Cr 1) De divino, nada têm. Seguidamente, interrompendo-se as 
referências genealógicas, narra-se mais um crime: “No tempo de 
Ezequias, rei de Judá, os simeonitas (…) apoderaram-se do 
acampamento dos descendentes de Cam (…), eliminando-os 
totalmente (...). Depois, passaram a morar no lugar deles porque havia 
ali pastagem para os seus rebanhos.” (1Cr 4,41)
- Constatação interessante: esta vitória-mortandade não foi atribuída a 
Javé. Estranho… para esta Bíblia! Mas tudo se insere na História do 
Homem: mata-se ou escraviza-se o vizinho para se apoderar das suas 
riquezas.
- Outra: “No meio do combate, clamaram ao seu Deus e, por terem 
confiado nele, Deus ouviu a sua súplica e ajudou-os, submetendo 
ao seu poder os agarenos e aliados. Conseguiram assim apoderar-se das 
riquezas dos agarenos (…). Também fizeram cem mil prisioneiros e houve 
outros tantos mortos porque esta guerra foi conduzida por Deus.” 
(1Cr 5,20-22)
- Santo Deus, como deixaste que em Teu nome se cometessem tais 
barbaridades?! E que esta “tua” Bíblia assim aparecesse sagrada, mas 
com tanta morte por Ti ordenada, querida, exigida! Se existes - e eu 
quero acreditar que sim! - porque permitiste tais coisas e… continuas a 
permitir, com a aceitação desta Bíblia tão pouco humana quanto mais 
divina! Divina? - Eu diria apenas: diabólica!


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Mês de Maio, Mês de Maria, Mês de Fátima



                                                                                 A Virgem e os pastorinhos

Para além do que escrevemos aqui, entre Junho e Setembro de 2011 (12 textos), analisando o fenómeno de Fátima a partir de dentro, isto é, partindo da análise das supostas mensagens do anjo e da Virgem aos pastorinhos, para aquilatar da sua inveracidade, não será despiciendo colocar a hipótese, já ventilada por alguns, de o fenómeno Fátima se tratar de um verdadeiro crime. Mas expliquemos! Que crime? – O crime de lavagem ao cérebro de crianças indefesas, quer física quer emocionalmente. Na parte física, porque, sendo frágeis e mal alimentadas, não se lhes deveria/poderia pedir sacrifícios – como cilícios, privação do alimento, que já era parco – em oferta agradável a Deus, pela conversão dos “pobres” pecadores e desagravo às ofensas com que Nosso Senhor era quotidianamente ofendido, etc., etc. No campo emocional, é de bradar aos céus o que se fez àquelas crianças: o pavor do Inferno já para eles, já para os “pobres” pecadores, o pavor do diabo, o pavor da guerra, o pavor/dever de desagravarem a Nosso Senhor que estava muito ofendido, o rezarem todos os dias pela conversão da Rússia que com o comunismo ameaçava a Fé no mundo, etc, etc. Um ror de pavores que alienaram aquelas crianças até à exaustão e alucinação. Qualquer criança, naquele estado, veria anjos e virgens que lhes “aparecessem em qualquer lugar”, tendo-lhes sido pregado tal, na Missa ou no confessionário, apelando a tamanhos sacrifícios de desagravo. Então, quem foram os criminosos ou quem é acusado como tal? – O clero de Ourém! É ele que deveria ser responsabilizado por aqueles atentados à integridade física e emocional de três crianças. Os efeitos foram tão devastadores que duas delas vieram a morrer, por fragilizadas, de pneumónica, conseguindo a mais velha, talvez por mais defesas físicas e psíquicas, sobreviver, mas logo enclausurada em convento das carmelitas, para que a (In)verdade das aparições nunca fosse questionada ou posta em causa, já que, segundo o princípio da Ciência, para que algo se possa afirmar como verdadeiro, real ou existente, é necessário prová-lo como tal e sujeitá-lo ao veredicto da dúvida cartesiana. Ora, nada disso se pôde fazer com os dois que morreram. (Interessante e incongruente: então, se a Senhora queria fazer passar a sua mensagem aos Homens, como enviada do Divino, deixava morrer logo ali duas das suas escolhidas testemunhas? Quem entenderá tal nonsense, para não lhe chamar outro designativo mais forte e apropriado? Parece-se com as aparições de Cristo após a sua suposta Ressurreição: apareceu apenas aos seus e não a todo o mundo conhecido de então, incluindo os seus algozes fariseus. Era assim que pretendia que a sua mensagem fosse clara e abrangente e credível por toda a gente? – Impossível de acreditar que Cristo fosse tão pouco inteligente que tal não fizesse para atingir os seus objectivos. Ora, deixando tudo nebuloso, só acredita quem se quer deixar levar... Tal como aqui!) Também com a sobrevivente Lúcia, o método científico não pôde ser aplicado: enclausurada no convento de imediato, obrigada a total silêncio! É que não convinha ao Clero, que tal fenómeno congeminara e do qual se estava a sair maravilhosamente – aqui, sim, atingindo os seus “devotos” objectivos de devoção à Virgem, renome da terrinha de Ourém, negócio óptimo pela certa para a Igreja e turismo local... – não lhe convinha que se soubesse mais do que aquilo que a Virgem supostamente já tinha comunicado à Terra!... Afinal, que castigo mereceriam aqueles senhores que levaram à morte as duas pobres crianças? Não deveriam ser acusados, pelo menos, de assassínio involuntário? Mas Fátima continua sendo crime, crime já não praticado contra crianças indefesas, mas contra fiéis devotos (e incultos!) que, subjugados ao absurdo de promessas feitas aquando em aflição, se arrastam – com o beneplácito sorridente do clero actual, papa incluído! – gotejando sangue, suor e lágrimas, rodando de joelhos à volta da capelinha das aparições ou esperando o milagre ou agradecendo um que supostamente lhe foi concedido por intercessão da Virgem inexistente de Fátima... Aliás, já por lá viram, rastejando, algum clero ou algum intelectual crente (sê-lo-á?!)?... Salve-se o turismo que dá de comer a muita gente, gente que, de outra forma, não teria trabalho ou emprego!... Mas – pergunta a que ninguém sabe responder, segredo bem guardado pela hierarquia do lugar! – para onde vão os milhões de esmolas que ficam nos cofres da Virgem, na capelinha e na basílica de Fátima? Quanto vai para a Igreja de Roma, isto é, para alimentar o rico Vaticano? Quanto para obras de misericórdia? Quanto para sufrágio das almas do purgatório? Quanto para o desagravar das ofensas com que os “pobres pecadores” ofendem Nosso Senhor, segundo a mensagem de Fátima aos pobres pastorinhos?... Da simpática figura que é Maria, falaremos em outros textos, repondo a verdade histórica e, ao mesmo tempo, as lendas – são tantas! – que em seu redor se formaram.

Fátima, sempre!



                                         Uma das muitas imagens de Nossa Senhora de Fátima

Hoje, é o 13 de Maio. Há vários dias que milhares de peregrinos percorrem as estradas de Portugal, para irem “gozar” a sua fé na Virgem de Fátima. Chegam cansados, mas com a alma desejosa de ver a Virgem no seu andor que, na procissão das velas, a 12, percorreu o recinto do santuário. E, hoje, no final das cerimónias, será o comovente Adeus à Virgem, acenando a multidão com lenços brancos, puros, virginais… Bonito de se ver! E todos regressam reconfortados com os santos mistérios da… Fé! Muitos, prometendo logo ali voltar! Uma promessa que não sabem se poderão cumprir!

Fátima sempre foi polémica: os crentes – e sobretudo os dados a crendices – aceitam Fátima de braços abertos, como uma manifestação do Céu na Terra, neste caso, através da Virgem (embora também tenha havido, por aquelas bandas, um anjo e visões infernais…). Os não crentes, obviamente, põem todas as reticências ao fenómeno. Aqueles tentam apresentar factos e narrativas históricas - a maior parte ridículas (como a do menino de 6 anos que afirma ter visto o milagre do Sol) -  para justificar a sua crença; estes, não lhes dão qualquer valor.
É óbvio que o suposto milagre do Sol não foi mais do que um fenómeno atmosférico, não muito raro em dias de trovoada e de agitação das nuvens nas altas esferas. Como o fenómeno é facilmente explicável, aponta-se para outro milagre: a previsão do fenómeno pelos pastorinhos, com o caricato de Lúcia (11 anos) ter dito à multidão de 50 mil pessoas para fecharem os guarda-chuvas… E isto sem ter recorrido a nenhum megafone! Fácil e verosímil, não é?! Mas sobre o assunto, remeto para http://espectadores.blogspot.pt/2011/03/fatima-e-o-dito-milagre-do-sol.html.
e alguns comentários feitos ao que se afirma no blog.

Paralelamente, remeto para o site do santuário que contém, obviamente, todos os sucessos de peregrinações, ocultando naturalmente as dádivas que estes deixam no santuário. Mas é site que nada tem de análise crítica, não merecendo, portanto, qualquer credibilidade quanto aos actos de fé.


O grande problema de Fátima é a sua suposta mensagem. Inconcebível, deprimente, imprópria de um ser que veio do Céu à Terra, chocando, aliás, com os ensinamentos do evangelho. Sobre o assunto – com análise crítica aprofundada – escrevi 12 textos, em 2011 (de 30/05 a 01/09 – Veja-se Arquivo do Blog).

Remeto ainda para os textos escritos em 07, 13 e 21 de Maio de 2012. Não resisto em repetir aqui o primeiro daqueles textos. Polémico, obviamente, mas cheio de verdade: Fátima, um CRIME!





quarta-feira, 6 de maio de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 61/ ?


À procura da VERDADE nos livros dos REIS – 5/5

- É controverso, em termos bíblicos, o que se afirma em 2R 14,5: 
“(…) Está escrito no livro da Lei de Moisés - Dt 24,16: Os pais 
não serão mortos por causa dos seus filhos nem os filhos serão 
mortos por causa dos pais. Cada um morrerá por causa do seu 
próprio pecado.”:
1 - Ainda, há pouco, em 1Rs 11,12, Javé iria castigar o filho de 
Salomão, pelos pecados de seu pai. Palavra de Javé, irritado com 
Salomão;
2 - Também o filho de David pagou com a vida o hediondo pecado 
do pai… (2Sm 12);
3 - Santo Agostinho certamente não leu este passo da Sagrada 
Escritura ao “reinventar” a ideia de “pecado original”, já 
ventilada desde os primórdios do cristianismo, pecado cometido 
por Adão e Eva e afectando toda a humanidade; pecado ainda que 
as igrejas cristãs “limpam” dos seus fiéis, baptizando-os “Em nome 
da Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Uma bela confusão!
- Outra história, sem história, porque totalmente inverosímil, e… 
deprimente: O rei da Assíria, que tinha vencido vários povos 
das redondezas, pretende conquistar Judá, dizendo que, desta vez, o 
Deus deles, Javé, não os salvará das suas espadas. O rei de Judá 
reza a Javé. E… milagre! “ Nessa mesma noite, o anjo de Javé saiu 
e feriu cento e oitenta mil homens no acampamento sírio. De manhã, 
ao despertar, só havia cadáveres.” (2Rs 19,35)
- Assim, era fácil ganhar batalhas, não era? Mas… quem mandou ao 
rei assírio desafiar o povo de Javé, que o mesmo é dizer desafiar o 
próprio Javé?!
- E mais um milagre do profeta Isaías, no mínimo, desnecessário: 
fazer recuar a sombra, para convencer Ezequias que Javé o curaria 
de uma enfermidade mortal em três dias. (2Rs 20) - Porque não 
esperou os três dias e assim confirmar a cura? Esta Bíblia, de vez em 
quando, abusa dos milagres, não é? Se é que os milagres não são 
todos um abuso do senso comum dos mortais, já que simplesmente 
nunca existiram e a Bíblia narra-os como verdades históricas!
- Outro “milagre” é o aparecimento – raro, pois é o machismo que 
enferma toda a Bíblia! - de uma profetiza a interpretar os desejos de 
Javé! (2Rs 22)
- Finalmente - e mais uma vez! - o rei, Jeconias de seu nome, “fez o 
que Javé reprova” e Nabucodonosor, rei da Babilónia, atacou Jerusalém, 
tudo saqueando e levando para o seu reino. É o primeiro exílio do povo 
israelita, na Babilónia. (2Rs 24,9-11) A crueldade dos vencedores é… 
terrível! “Felizmente”…, não em nome de Javé! “Nabucodonosor 
mandou degolar os filhos do rei Sedecias na presença do pai. Depois, 
vazou os olhos do rei, algemou-o e levou-o para Babilónia.” (2Rs 25,7)


                                         Nabucodonosor subjugando os judeus

- Fim da leitura! Fim da procura da VERDADE, nestes livros. 
Encontrámo-la? A resposta é tão fácil como fáceis parecem ser os milagres 
de Javé ou… dos seus profetas: um grande, um grandíssimo… NÃO!!!