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SAPIENCIAIS e POÉTICOS
CÂNTICO DOS CÂNTICOS – 1/4
O “nosso” comentador introduz-nos: “ (…) O livro é uma colectânea de
cantos populares de amor (...) A forma final do livro (…) remonta ao
séc. V ou
IV a.C. Como interpretar o Cântico? (…) Amor humano ou
divino? Podemos dizer
que o Cântico celebra ambos inseparavelmente,
pois a criatura humana é imagem e
semelhança do Criador (…) O Cântico
e o que ele descreve - o amor humano -
podem e devem ser lidos como
uma parábola incomparável que revela a paixão e
ternura de Deus pela
humanidade.” (ibidem)
Difícil de aceitar tal interpretação, sobretudo o dizer que Deus revela
paixão e ternura, sentimentos próprios de Homem e não de Deus! Mas…
que humano
não ficará perplexo ao ler este admirável poema, impregnado
de uma tão forte e
crua sensualidade, podendo-se quase visualizar os dois
amantes, beijando-se,
desnudando-se, possuindo-se na embriaguez do
amor, contemplando-se,
desejando-se irresistivelmente?… Como pensar
tal livro como divino, não o
sabemos. Inspirado? - Claro! Por Deus?
- Se toda a inspiração boa e bela vem de
Deus… E não é bom e belo o a
mor? Amor no corpo, na alma, no coração, no sonho,
na realidade?
Depois – que “milagre”! – a mulher deixou de ser a tentadora do
Homem para se igualar a ele, ambos desejando-se, ambos cometendo
o mesmo
“divino pecado” do amor, ambos comendo a mesma maçã
do paraíso, bebendo o mesmo
vinho celestial da Terra! Simplesmente
- “Beija-me com os beijos da tua boca!
Os teus amores são melhores do
que o vinho,
o odor dos teus perfumes é
suave,
o teu nome é como óleo perfumado
a escorrer,
e as donzelas enamoram-se de ti…
Arrasta-me contigo, corramos!
Leva-me, ó rei, aos teus
aposentos
e exultemos! Alegremo-nos em ti!
Mais que ao vinho, celebremos os
teus amores!
Sou morena mas formosa (…)
Não repareis na minha tez morena
(…)
Os filhos de minha mãe (…)
obrigaram-me a guardar as vinhas
e a minha vinha, a minha…
não a pude guardar.
Avisa-me, amado da minha alma,
onde apascentas e fazes
descansar
o rebanho ao meio-dia
para que eu não ande vagueando
perdida (…) (Ct 1,2-7)”
Que “amado” não responderá a tal chamamento? E que vinha é a sua que
não pôde guardar?
não pôde guardar?
- “Minha amada, (…)
Que beleza as tuas faces entre
os brincos
o teu pescoço com colares!”
- “Um saquinho de mirra
é para mim o meu amado
repousando entre os meus seios.
O meu amado é para mim
um cacho de cipro florido (…)”
- “Como és bela, minha amada
como és bela!…
Os teus olhos são pombas”
- “Como és belo, meu amado
e que doçura!
O nosso leito é todo relva (…)”
- “Como açucena entre espinhos
é a minha amada entre as
donzelas.” (Ct 2,2)
Encantados, só perguntamos: Porquê, para ele, seriam “espinhos” as
outras donzelas?
outras donzelas?