domingo, 30 de outubro de 2016

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 112/?

À procura da VERDADE nos livros Sapienciais


O ECLESIÁSTICO – 4/15

- “O governo do mundo está nas mãos do Senhor e, no 
momento oportuno, Ele faz aparecer o Homem certo.” 
(Eclo 10,4)
- Como te enganas, Ben Sirá! Que governante te “inspirou” 
ou te fez dizer tal “barbaridade”? Quantos reis, quantos 
imperadores, sendo déspotas, tiranos, assassinos, não 
reivindicaram serem representantes de Deus na Terra, 
quando não mesmo deuses?! E se o Senhor governa o 
mundo, anda muito mal governado, pois, infelizmente, a 
História tanto naquele tempo como no actual é feita de guerras 
e de mortandades. Péssimo governo o deste Senhor! Ora, 
reflectindo um pouco, o Senhor-Deus bíblico não parece ir 
além dos deuses gregos ou romanos – também eles 
comandando os destinos dos Homens – num horizonte de 
uma Terra que nem se sabia que era redonda, julgando-se o 
centro do Universo, sendo as estrelas pequenas luzes que 
estavam ali quase à mão, em noites de escuridão… 
Assim, temos, na mesma linha, não se ultrapassando a dimensão 
puramente humana: 1 - o Zeus grego ou o Júpiter romano 
a comandarem, lá nos Olimpos, um exército de deuses que mais 
não são do que diversas forças da Natureza; 2 - o Javé de Israel, 
seu braço protector - quando não castigador! - contra os 
inimigos que o escravizavam ou vilipendiavam; 3 - o próprio 
Deus-Pai que está nos céus de Jesus Cristo, afirmando-se Ele 
como filho desse Pai, tal se aceitando numa sequência lógica da 
Bíblia; 4 – o Alá de Maomé, o “Deus clemente e misericordioso”, 
mas que manda matar os que não crêem nele… (E omitimos falar 
dos deuses orientais…)
- No entanto, há que ser justos para com a religião cristã – a 
original e não as muitas que existem actualmente, obviamente 
por interesses regionais e políticos – e realçar que Jesus Cristo 
é Aquele que vai ter a coragem e o saber de corrigir as 
Escrituras, elegendo o AMOR como Lei, denunciando a mentira 
e a falsidade dos sacerdotes, escribas e fariseus. Isto, apesar 
de tudo o de inventado/falso que os evangelhos afirmam a seu 
respeito, sobretudo no que toca à sua divindade e ao seu poder 
de fazer milagres, fantasias inventadas pelos respectivos evangelistas, 
desde a fabulosa multiplicação dos pães e dos peixes até aos 
fenómenos fantasmagóricos que acompanharam a sua morte. No 
entanto, convictos ou não, os apóstolos lá partiram pelo mundo 
anunciando a Sua mensagem, ou seja, o Reino de Deus. Que 
Deus-Pai será este o de Jesus Cristo? Que Reino dos Céus? 
Que céu para além da Terra, quando sabemos que há um Universo 
cujo princípio e fim ignoramos, mas sabemos ser formado por 
milhões de galáxias, contendo cada uma delas biliões de 
estrelas e cada estrela formando possivelmente um sistema solar, 
onde haja tantas “Terras” iguais à nossa, com Homens nossos 
irmãos em Deus-Criador? Qual é o Deus deles? Aliás, este Deus-Javé 
da Bíblia tem apenas três mil anos, e o de Jesus Cristo, dois mil, 
quando sabemos, da História, que todas as civilizações tiveram 
os seus deuses, sendo, pois, numa perspectiva cósmica e universal, 
todos Deuses muito limitados no tempo e no espaço! E, se o sábio 
Jesus a quem chamaram de Cristo, viesse hoje à Terra, que Deus nos 
apresentaria, já conhecendo tudo o que a Ciência descobriu acerca do 
Universo e da vida? Que Deus? Que céu? Que inferno? Que 
caminho, que verdade, que vida Ele definiria? Diria, de novo: 
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida!”?

- Acabemos com mais um conselho do nosso Eclesiástico: 
“Seja qual for a ofensa, não guardes ressentimento contra o próximo 
e não faças nada levado pela raiva (…)”. Quase faz lembrar o “dar 
a outra face” de Jesus Cristo!

domingo, 23 de outubro de 2016

Onde a Verdade a Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 111/?

À procura da VERDADE nos livros Sapienciais


O ECLESIÁSTICO – 3/15


- “Meu filho, empenha-te na disciplina desde a juventude e 
adquirirás sabedoria que durará até à velhice.” (Eclo 6,18)
- Será então a disciplina de nós mesmos a base da sabedoria? 
Que seja! Mas, que acrescenta isto de divino à dimensão humana? 
E não procuramos nós a dimensão divina nestes textos “sagrados”? 
E, reforçando a ideia de que este livro não ultrapassa a dimensão 
puramente humana, acrescenta o “nosso” comentador: “Para os 
antigos, a sabedoria é (…) uma aprendizagem que provém de 
várias fontes: experiência individual, experiência dos antepassados 
e anciãos, e textos religiosos antigos.” (ibidem)
- E mais e mais conselhos! Para a aprendizagem da sabedoria 
(Eclo 6,18-37), para bem viver em sociedade (Eclo 7,1-21), para a 
vida em família (Eclo 7,22-28), para respeitar os sacerdotes ou os 
ministros de Deus (Eclo 7,29-31)
- Mas aqui a confusão instala-se: “Teme ao Senhor e honra o sacerdote, 
dando-lhe a parte que lhe cabe, como te foi ordenado: os primeiros 
frutos, os sacrifícios pelo pecado, a oferta das espáduas, o sacrifício 
de santificação e os primeiros frutos das coisas consagradas.” (Eclo 7,31)
- Desde todos os tempos que os bens da Igreja ou do Templo foram 
um problema. E não pequeno! Por um lado, os ministros da Igreja ou 
sacerdotes precisam de comer como toda a gente e, não trabalhando ou, 
melhor, sendo o seu trabalho ocupar-se do Templo, têm que daí retirar o 
seu sustento. Depois, há as despesas de manutenção, conservação… 
Impunham-se leis de tributação. E quem melhor do que os sacerdotes 
para as fazer? E assim nasceram os dízimos, a dádiva das primícias, os 
sacrifícios. E assim, nasceu a confusão de quem dá ao Templo, a Deus 
dá, devendo, por isso, escolher o melhor cordeiro, o melhor bezerro, os 
melhores frutos e sementes… A certeza, no entanto, permanece: nada 
se dá a Deus, em nome de quem se recebem as primícias, 
mas ao Templo, o mesmo é dizer, aos sacerdotes!
- “Em tudo o que fazes, lembra-te do teu fim e jamais pecarás.” 
(Eclo 7,36)
- Certamente, a morte e, com ela, a recompensa ou castigo eternos. 
Embora, não partilhemos, como real ou possível a eternidade para o ser 
humano, temos pena que o pensamento da morte não nos leve a viver 
o melhor possível as nossas vidas! E todos seríamos melhores e o mundo 

seria o… paraíso!
- Mais conselhos ainda: para ser solidário (Eclo 7,32-35), ter prudência 
e bom senso (Eclo 8,1-19), ser prudente nas relações humanas 
(Eclo 8,10-16), acautelar-se da… mulher! (Eclo 9,1-9).
- Mais um laivo de machismo, neste conselho final! Aliás, a mulher de 
quem deverá acautelar-se?!



- Aquele “acautelar-se da… mulher” remete para o que se afirma logo 
a seguir:
“Desvia o olhar de uma mulher bonita e não fites uma beleza que não 
te pertence. Muitos já se perderam por causa de uma bela mulher, 
porque o amor por ela queima como fogo.” (Eclo 9,8)




- O machismo - texto só para homens - ganha aqui novo fôlego. Lá 
que haja por aí muita perdição, deve ser verdade mas também não é 
menos verdade que é grande pena perder o olhar uma mulher bonita, 
sendo uma quase ofensa ao Criador, tal atitude!… Cristo também dirá, 
cerca de 200 anos mais tarde: 
“(…) Todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, 
já cometeu adultério com ela no coração.” (Mt 5,28). Mas… de Jesus 
Cristo ou… com Jesus Cristo, falaremos mais tarde. Então, 
perguntar-Lhe-emos - sem malícia, claro! - como é que devemos 
proceder perante todas essas beldades que enchem as passerelles, 
mostrando tudo ou quase tudo aquilo com que o Criador as prendou… 
Aliás, que importa, para o relacionamento matrimonial um adultério 
virtual ou conceptual? Aqui, a religião muçulmana reage 
selvaticamente: “Apedreje-se a mulher casada que olha para outro 
homem.” Claro que o homem pode olhar para onde e para quem 
quiser. Uma discriminação intolerável aos olhos dos Homens, quanto 
mais aos de Alá!...

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 110/?

À procura da VERDADE nos livros Sapienciais:


O ECLESIÁSTICO – 2/15


- “Vós que temeis o Senhor, esperai dele os benefícios, a felicidade 
eterna e a misericórdia.” (Eclo 2,9)
- Que entende Ben Sirá por “felicidade eterna”? E não é mais uma 
afirmação gratuita?
- “Quem honra o próprio pai alcança o perdão dos pecados (…) Quem 
honra seu pai, será respeitado pelos seus próprios filhos.” (Eclo 3,3 e 5)
- Que honrar o pai leva ao perdão dos pecados não se entende. O resto 
depende dos… filhos!
- “ (…) Quem ama o perigo nele cairá.” (Eclo 3,25)
- É natural! Que se previnam, pois, os amantes de desportos radicais!… 
Aqui, o “nosso” comentador não resiste a dizer: “A maior sabedoria é 
ter consciência dos próprios limites e manter-se humilde e aberto 
à manifestação do mistério.” (ibidem) As palavras são bonitas. Mas, 
por muito abertos e humildes que sejamos, o mistério ou os 
mistérios serão sempre para nós,… mistérios! E nós, então, seremos 
imensamente sábios pois temos de tal modo consciência dos nossos 
próprios limites que nos irrita, até ao desespero, esta clarividência com 
que sentimos e… repudiamos os mistérios onde se refugiam todas as 
religiões para imporem ao Homem a sua visão do Além, apelando para a 
sempre controversa Fé!
- “Meu filho, não recuses ajudar o pobre (…), não faças sofrer aquele que 
tem fome (…), não rejeites a súplica (…), não dês ocasião a que alguém te 
amaldiçoe, porque se uma pessoa amaldiçoa com amargura, o Criador 
atenderá o seu pedido.
(Eclo 4,1-6)
- Os conselhos são belos. Mas… que Criador atenderá um pedido de 
maldição de uma das suas criaturas sobre outra criatura? Seria perverso, 
não seria? Além disso, é mais uma afirmação totalmente gratuita…
- E os conselhos da Sabedoria continuam. Em catadupa: “Não sejas muito 
severo para contigo mesmo (…) (Este é bem simpático para o nosso 
ego…), não te envergonhes do teu erro (…), não escondas a tua 
sabedoria (…), não contradigas a verdade (…), não sejas parcial a favor 
de um poderoso (…), não sejas arrogante no falar nem preguiçoso e 
covarde no agir (…), não tenhas a mão aberta para receber e fechada para 
dar.” (Eclo 4,22-31)
- Não há dúvida: tudo bom para uma boa conduta de vida.
- “Não digas: Pequei e nada me aconteceu (…) porque a ira do Senhor 
virá de repente e perecerás no dia do castigo.” (Eclo 5,4 e 7)
- E o castigo será na Terra ou no… céu/inferno?! E como se 
manifestará a ira do Senhor? Que insensato, que pecador convencerá tal 
afirmação sem fundamento?
- “Amigo fiel é protecção poderosa e quem o encontrar terá encontrado 
um tesouro.” (Ecl 6,14)
- Talvez a mais bela frase escrita no mundo sobre a amizade!…


domingo, 2 de outubro de 2016

Aquando do meu adeus à vida



“Quem já muito andou pouco ou nada tem para andar!” É: o fim irá chegar. Cedo ou tarde! Mas inexoravelmente! Como, inexoravelmente, o tempo não pára e não há manhã que persista nem tarde que não se acabe...
Então, antes que a “voz” se me cale para sempre, a morte me surpreendendo descuidado, eis o que gostaria de deixar como epitáfio de uma vida que foi e... se foi:

«Adeus! Adeus, até àquela eternidade que, queiramos ou não, nos assistirá a todos: a transformação em átomos e moléculas de matéria, matéria que se manterá pedra ou entrará no ciclo da vida de um outro ser vivente qualquer, seja animal ou planta. Mas nós – eu, tu ele – nós, com esta individualidade que temos – melhor, tivemos! – essa não existirá mais. A razão é tão mais que simples: pertencemos ao Tempo, aparecemos no Tempo, vivemos um tempo, integrando-nos no princípio universal da matéria de que “tudo o que tem um princípio, tem inexoravelmente um fim associado”. Embora, nada se perdendo, tudo se transformando... Então, como poderíamos ser a excepção? Quem quiser acreditar noutra hipótese, que acredite ou tenha a presunção e a vaidade de acreditar; mas não passará, nunca passará de simples, ingénua etérea crença...
Assim sendo, é forçoso dizer que foi bom, foi muito bom, foi privilégio que não foi concedido a milhares de milhões de outros seres humanos que ficaram e ficarão para sempre na hipótese de ser. Eu... fui! Que bom! Houve sofrimentos? – Claro que houve! Frustrações? – Quantas, santo Deus! Desilusões e arrependimentos de atitudes tomadas? – Também! Mas tudo foi vida! E fui inteligente quanto bastou para me agarrar mais aos gostinhos dela do que aos seus desaires ou sofrimentos, embora leve comigo a frustração, nesta hora de despedida, de não ter conseguido com que alguns dos que me rodearam jogassem comigo o jogo do só positivo, do só alegria, do só sorriso, criando tantas vezes momentos de suprema infelicidade, arruinando nervos e avolumando rugas no rosto, por ninharias sem importância nenhuma. Que perda de vida, santo Deus! Que perda de vida!
E a mensagem, a grande mensagem a deixar aos que de mim tiveram conhecimento e por cá ficarão mais uns tempos, até chegar a sua hora de partir, será:
«VIVAM AO MÁXIMO A VIDA, VIDA EM QUE CADA MOMENTO É ÚNICO E IRREPETÍVEL! VALORIZEM TUDO O QUE É POSITIVO! QUE O NEGATIVO OU ERROS SIRVAM APENAS PARA MELHOR VIVER A OUTRA PARTE. E SORRIR! SORRIR SEMPRE MESMO QUE A VOZ, POR DENTRO, DOA, DOA MUITO, MUITO!!!»

E flores? Não há flores a enfeitar teu caixão? – Oh, não! Pese embora o desemprego das floristas, se a moda pega, de flores, apenas uma rosa devidamente humedecida para durar muito para além do ali jazer em cima do meu caixão, nas mãos ou na mesa de quem me for mais próximo.


É que flores, ramos de flores, dão-se em vida para homenagear ou mostrar carinho, amor, afecto. Depois, para que raio quer um morto o seu caixão enfeitado de flores, flores que morrerão logo que desça à cova escura, ou enfrente as labaredas da cremação, e o Sol as coza no cemitério?... E caixão, apenas isso: caixa grande onde eu caiba, sem cruz nem adornos; nem por fora nem por dentro; simples caixote de pinho não pintado, cheirando a resina. Pois, tal como as flores, para que raio quer um morto um caixão de oiro? Portanto, nem flores nem caixão doirado...
E um Requiem, por exemplo, o fantástico livrete de Mozart? – Ná! Requiem também não! Nada há para chorar. Cante-se e dance-se! Não porque uma vida se foi, mas porque milhões, biliões de outras continuam, a começar pelas dos presentes. Então, cantem-se essas com aleluias, o Aleluia de Haendell, por exemplo, ou hinos à alegria, como o de Beethoven. Ali, mesmo ali, em frente de um morto que, afinal, apenas representa uma vida que se foi...
Assim sendo, não haverá lugar a lágrimas... – Não! Por favor, não chorem sobre o meu caixão, nem façam caras tristes, nem se vistam de negro e outras coisas assim. Lágrimas só para mostrar alegria, comoção, enternecimento. Chorar ali é tempo de vida perdido... Mas quem não conseguir suster as lágrimas, deixe-as correr à vontade. Afinal, uma morte é um momento de despedida e toda a despedida apela à comoção e ao sentimento, àquela saudade que tanto nos aperta o peito...
Enfim, faltam as cinzas. Que faremos delas? – Se não puder ser no mesmo dia, agende-se um outro qualquer para ir até ao rio ou até ao mar e lançá-las à água corrente ou marulhante. Assim, mais facilmente se espalham pela Natureza, moléculas de moléculas que um dia da Natureza vieram e a ela retornam impreterivelmente. O Destino implacável, inexorável! Claro, tudo em tom de festa, com música a gosto que até pode ser romântica com violinos ou oboés, cortando os ares...
Vivo agora – melhor, vivi agora! – nesta época fantástica em que de tanto Conhecimento e Ciência já somos capazes. Porquê, então, não ser realista e, mesmo na hora da morte, ver o lado positivo dela? Não foi uma sorte ter vindo à VIDA? – Pois então, aplauda-se essa sorte e deixemo-nos de lamúrias, lágrimas ou lamentações! O IMPORTANTE É O SORRISO!
Ah, falta a missa, com padre a abençoar os restos mortais e a encomendar a alma do defunto ao Deus Criador! – Não! Por favor, missa também não! É que a religião, ela própria inventada por homens, inventou um Deus inexistente, um Céu inexistente, anjos e santos inexistentes, um Inferno e os seus demónios inexistentes, uma própria alma humana inexistente, uma eternidade ou uma imortalidade inexistentes... Tudo impossíveis, tudo inexistentes pela magna – ou simples?!!! – razão de que tudo pertence ao Tempo e o que é do Tempo não pode ser nem imortal nem eterno. Imortal e eterno só o Deus Infinito – que não é o das religiões! – o Deus que é o TUDO existente, o TUDO onde tudo se integra, Espaço e Tempo e tudo o que pertence ao Tempo, nós também, obviamente.

E tenho dito! Adeus! Adeus, até sempre, mesmo que esse sempre não exista nunca mais porque tudo foi... um dia! Num dado momento do Tempo!...

PS (imprescindível):

Antes do adeus afinal, fica a pergunta talvez, de todas, a mais importante: “Valeu teres vivido? Tu valeste a pena?” Quem não viver de modo a que, no fim da vida, possa dizer “Eu vali a pena!”, deveria pensar em desistir! Pois, para quê uma inutilidade? Aproveita a alguém, a começar pelo próprio? A questão é melindrosa. Pode levar à depressão, à análise emocional – logo irracional – das situações – e tantas são elas! – em que, na vida, tudo nos parece negro, tudo sem esperança, sendo a morte o caminho mais fácil para colmatar o desespero. E poder-se-iam perder muitas vidas que, julgadas inúteis até ao momento, muito ainda tivessem para dar, ao próprio e ao mundo. Por isso, muito cuidado nessa auto-avaliação! Aliás, o suicídio é de uma injustiça enorme para com a vida: “Custou-me” tanto ter vindo a ela e, agora, ia assim desperdiçá-la por uma depressãozinha qualquer?

Ora eu, chegado ao fim, sinto poder dizer: “Eu vali a pena!”. Eu gerei, eu plantei, eu lutei com as armas da minha geração (cada geração tem as suas armas e é com elas que deve lutar sem ficar a carpir mágoas por não ter as de outros tempos...) ganhei e perdi, vivi! Eu semeei ideias para mudar pessoas e comportamentos e o mundo que me viu nascer, deixando-o melhor à partida do que o encontrei à chegada. Infelizmente, pouco ou nada consegui. Talvez um dia! Mas as ideias novas aí ficam para quem as quiser aproveitar e, com elas, mudar o mundo, humanizá-lo, criar a imprescindível fraternidade universal, todos irmãos e não o “homo homini lupus”, (o Homem lobo do seu semelhante), nas pseudo-democracias actuais, todos escravos da tirania do dinheiro, da usura, da ganância de uns quantos que dominam – são “lupus”! – a maior parte da humanidade, não tendo qualquer pejo em deixá-la morrer à fome ou de doença, se isso acarretar ganhos para a sua conta bancária...
Então, e ainda, a última, a derradeira mensagem para os que ficam será:

“VIVEI DE MODO A QUE, NO FIM DA VIDA, POSSAIS DIZER, COM UM SORRISO NOS LÁBIOS, SORRISO EMBORA JÁ ALI FENECENDO PELO DESENLACE FINAL: “EU VALI A PENA”!


A...........deus!!!!!