terça-feira, 26 de setembro de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 148/?

À procura da VERDADE nos livros Proféticos

JEREMIAS 8/15

- “Assim diz Javé: Quando se completarem setenta anos na Babilónia, 
olharei para vós e cumprirei as minhas promessas, fazendo-vos voltar 
para este lugar.” (Jr 29,10)
- Sem querermos esmiuçar datas, para constatar cumprimento ou não de 
tais profecias, apenas anotamos que a destruição de Jerusalém por 
Nabucodonosor se deu em 586 a.C. e a entrada de Ciro na Babilónia, 
acolhido por Israel como libertador e braço de Javé para cumprir as suas 
promessas, foi em 539 a.C., começando então para Israel um novo êxodo 
e a restauração de Sião. (Cf. notas a Is 40-55, ibidem) São apenas 47 anos…
- “Assim diz Javé, o Deus de Israel: (…) Eu destruirei todas as nações 
por onde te havia espalhado, mas não te destruirei: Eu corrigir-te-ei com 
justiça mas não te deixarei sem castigo. (…) Foi porque os teus erros 
eram muitos e os teus pecados tão pesados que Eu te tratei assim. Mas 
todos os que te devoram serão devorados; todos os teus inimigos serão 
levados para o exílio; os que te saqueiam serão saqueados, os que te 
despojam serão despojados. (…) Vós sereis o meu povo e Eu serei o 
vosso Deus. (…) Cessa os soluços e enxuga as lágrimas, porque há uma 
recompensa para a tua dor - oráculo de Javé: os teus filhos voltarão para 
a pátria. (…) Eu farei uma aliança nova com Israel e Judá (…)” 
(Jr 30-31)
- Novamente o pecado, o castigo, a destruição dos inimigos de Israel, 
uma nova aliança de Deus com este povo. Como entender tal 
exclusividade? - voltamos a perguntar pela enésima vez. Como podemos, 
sem forçar todo o nosso conhecimento da realidade universal, como 
podemos aceitar um Deus que anda fazendo alianças com um povo - 
e que povo! - e que essa história seja a Nossa Bíblia da Salvação Eterna? 
Como? É: deveríamos “libertar” Javé-Deus dali da “prisão” do Médio 
Oriente e projectá-Lo por toda a Terra, pelo sistema solar, pela galáxia, 
pelo Universo, pelo Infinito, pela Eternidade já que o Infinito e a 
Eternidade são propriedades do divino. E então, inspirados por esse 
Deus eterno e infinito, fora de todo o criado e incriado ou visível e 
invisível, poderíamos profetizar: 
“Dias virão - oráculo de Javé-Deus - em que Deus se nos apresentará, 
real e claro, a todos os Homens, sem subterfúgios de imagens ou 
parábolas ou símbolos, pois se Ele é a INTELIGÊNCIA, Ele saberá 
manifestar-Se de forma a que todos os Homens O possam ver e 
entender claramente e assim deixar de ser aquele Ente de que tanto se 
fala e ninguém realmente viu nem entende mas que inspira o temor, 
aproveitado por todas as religiões para disso tirarem humanas 
recompensas e satisfações obscuras de mistérios e misticismos, 
tudo baseando em supostos céus ou infernos ou Aléns 
desconhecidos que, por tal serem, não deixam de atemorizar 
qualquer ser vivo inteligente que não sabe com que linhas se coser 
no acto - tão certo, santo Deus, tão natural e… tão inaceitável - o 
acto de morrer." 
No entanto, a única quase-certeza que Javé-Deus me permite neste 
momento de inspiração divina é que Ele ainda se há-de manifestar. 
Como? Quando? Onde? Em que Universos? Com que realidade? - 
Infelizmente, nada é possível profetizar a tal respeito.  Aí, continuo - 
quem não continuará? - completamente às escuras! 
Então, até à total, inquestionável, indubitável, totalmente clara e por 
todos entendível MANIFESTAÇÂO de DEUSaté lá, temos de 
continuar vivendo com o mistério, com a angústia do Além desconhecido 
ou - se quisermos - Além bem conhecido, não saindo deste voltar do 
mesmo ao mesmo através do diverso, em que moléculas se transformam 
em seres - o ser que tu, eu, nós somos - e depois se transformam 
novamente em moléculas, incorporadas em novos seres, novas formas, 
novas vidas ou não-vidas, mas realidades sempre velhas e sempre novas 
ou renovadas, não pelos tempos fora, mas por toda a eternidade que, por 
sê-lo, nunca começou como também nunca acabará! 
Não é, não será o que eu, tu, nós queríamos, nem desejamos, nem 
sonhamos, pois o nosso sonho é de um céu, de uma eternidade em que 
nunca mais acabássemos, já que tivemos a sorte de um dia termos 
começado e com a capacidade de pensarmos tudo isto, de sonharmos 
tudo isto. Mas é o possível, neste momento do tempo! E quem sabe se 
é ainda neste nosso tempo - que não deixa de ser um momento da 
ETERNIDADE! - que Deus se manifestará? Seríamos os Homens 
mais felizes de todo o Universo! No entanto, que injustiça para todos 
os que já viveram antes de nós, pensaram antes de nós, se angustiaram 
antes de nós, sonharam antes de nós! 
A tristeza é tamanha! A angústia é total! Talvez que, para não cometer 
tal injustiça, Deus nunca mais se manifestará, nem no tempo nem na 
eternidade! Se é que Ele – esse Deus vendido aos Homens por outros 
Homens que o inventaram, formando religiões – tem alguma hipótese 
de existir. 
Só nos resta uma esperança: que o Deus Verdadeiro - 
O TODO-INTELIGENTEencontre uma solução. Acaso ser-Lhe-á 
impossível - a Ele TODO-PODEROSO considerar todos os seres 
existentes desde sempre como estando fora do tempo universal, 
embora tenham estado num determinado tempo, como nós o 
estamos agora? Tal e qual como Ele está fora do tempo? Que sabemos 
nós das relações tempo-eternidade? Que sabemos nós das relações 
espaço-infinito? Que sabemos nós - algum dia o Homem o saberá? 
qualquer ser inteligente do Universo o saberá? - dos limites do 
Universo e se tem limites e se não é eterno e infinito, existindo desde 
sempre e para sempre, sem espaço nem tempo, já que o tempo é a relação 
entre um antes e um depois e o espaço se delimita pelo princípio e fim 
das coisas visíveis ou invisíveis, e assim, se confundindo com o próprio 
Deus, o único a quem se podem atribuir os conceitos de ETERNO e 
INFINITO? Como estaríamos longe do humanizado Javé da Bíblia! 
Mas como este “nosso” Deus é bem mais Deus do que esse tristinho, 
apoucado, sanguinolento, partidário Javé!

Mas já nos alongámos demais… Então, voltemos a Jeremias!

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 147/?

À procura da VERDADE nos livros Proféticos

JEREMIAS 7/15

- “Dirás o seguinte: Assim diz Javé: «Se não Me obedecerdes 
seguindo a lei que vos dei e se não obedecerdes às palavras dos 
meus servos, os profetas, que sem cessar vos envio, se não os 
escutardes, então vou fazer deste Templo o que fiz ao santuário 
de Silo e desta cidade farei um objecto de maldição para todos os 
povos da Terra.» Os sacerdotes, os profetas e todo o povo ouviram 
Jeremias dizer isto no Templo de Javé. Depois, (…) os sacerdotes 
e os profetas prenderam-no, dizendo: «Tu deves morrer (…) Este 
homem deve ser condenado à morte porque profetizou contra esta 
cidade. (…)». «Foi Javé que me mandou profetizar contra este 
Templo e esta cidade (…) Agora, emendai a vossa conduta e 
acções: obedecei a Javé, vosso Deus e Javé desistirá das ameaças
que proferiu contra vós.»” (Jr 26,4-13)
- O falar contra as autoridades religiosas do tempo ia-lhe custando 
a vida. Naquele tempo, nos tempos de hoje, que diferença? Mas, 
se acaso eles tivessem emendado a conduta, o “castigo” - invasão 
e destruição de Jerusalém - não se teria concretizado? Duvidamos 
fortemente, perante a sede de poder de Nabucodonosor.
- “Quanto a vós, não deis ouvidos aos vossos profetas e adivinhos, 
intérpretes de sonhos, feiticeiros e magos que vos dizem: Não
ficareis submetidos ao rei da Babilónia. Porque eles profetizaram 
mentiras (…)” (Jr 27,9-10)
- Certamente seriam apenas vozes com ideias diferentes das de 
Jeremias sobre a proximidade dos acontecimentos. Mas aqui, não 
há dúvidas: Jerusalém caiu mesmo nas mãos do rei da Babilónia! 
Jeremias … acertou!
- “Hananias (…) que era profeta (…) falou (…) diante dos sacerdotes 
e de todo o povo, dizendo: Assim diz Javé dos exércitos, o Deus de 
Israel: Vou quebrar o jugo do rei da Babilónia. Dentro de dois anos, 
farei voltar para este lugar todos os objectos do Templo de Javé (…) 
Jeremias disse ao profeta Hananias: Escuta-me, Hananias: Não foi 
Javé que te mandou e levaste este povo a acreditar numa mentira. Por 
isso, assim diz Javé: Vou retirar-te da face da terra; ainda este ano 
morrerás porque pregaste a revolta contra Javé. E Hananias morreu 
nesse mesmo ano.” (Jr 28,1-17)
- Obviamente, também Hananias falava em nome de Javé mas… 
não acertou. Tal desacerto custou-lhe a própria vida, não pela mão 
dos homens mas do próprio Javé. Que verdade haverá nisto? Não 
expressaria Hananias apenas uma opinião à moda dos profetas que 
tudo colocavam na boca de Javé? Tanto o amor como o ódio? Aliás, 
aqui, o mesmo texto que profetiza a morte de Hananias revela o 
cumprimento da profecia. É, pelo menos, confuso!
- “Assim diz Javé dos exércitos, o Deus de Israel, a todo o povo que 
levei de Jerusalém para o exílio na Babilónia: Construí casas para 
morardes, plantai pomares e comei os seus frutos, casai-vos, gerai 
filhos e filhas, arranjai esposas para os vossos filhos e maridos para 
as vossas filhas (…) Multiplicai-vos em vez de diminuir. Lutai pelo 
progresso da cidade para onde vos exilei e rezai a Deus por ela, pois 
o progresso desse lugar será também o vosso progresso.” (Jr 29,4-7)
- É espantoso como os judeus cumpriram, então como hoje, tal conselho 
de Javé. Espalhados por todo o mundo, têm o mundo nas mãos pois 
souberam criar riqueza, apoderar-se dos sistemas produtivos dos países, 
dominar bancos, petróleos, ouro, diamantes… Só lhes falta conseguir 
a “Terra Prometida”. Mas também para que querem eles uma Terra 
Prometida? Não têm a Terra inteira a seus pés? Não é a Terra inteira 
a sua Terra Prometida? 
Se pensassem assim, bastar-lhes-ia um pedaço de Jerusalém para se 
sentirem felizes e terem a tão desejada paz, no perene conflito em que 
estão enleados até à medula, sem conseguirem libertar-se das teias da 
guerra e do ódio… Mas parece que aí não chega a sua enorme e 
reconhecida inteligência e sagacidade. Ou… perversa maldade?!
Quanto à profecia, mais uma vez, estamos perante uma interpretação 
puramente religiosa da História.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 146/?

À procura da VERDADE nos livros Proféticos

JEREMIAS 6/15

- “Por isso, assim diz Javé dos exércitos: Já que não ouvistes as 
minhas palavras, mandarei convocar todas as tribos do Norte - 
oráculo de Javé - e também o meu servo Nabucodonosor, rei da 
Babilónia, para virem contra este país, contra os seus habitantes 
e contra todas as nações vizinhas. Vou condená-los todos ao 
extermínio (…) O país inteiro será entregue à destruição e desolação 
e o povo ficará escravo do rei da Babilónia durante setenta anos. 
Depois (…) castigarei o rei da Babilónia e o seu povo - oráculo 
de Javé - (…) por causa dos seus crimes. Vou transformá-lo em 
desolação permanente.” (Jr 25,8-12)
- Tais palavras apresentam um Javé que parece andar divertindo-se 
castigando ora uma ora outra nação. Ridículo para um Deus-Deus 
que deveria estar muito acima de todas estas pequenas - que 
serão sempre pequenas por maiores catástrofes ou destruições que 
sejam - questiúnculas entre povos que se guerreiam e se destroem 
conforme o poder que cada um consegue alcançar. E sempre 
num pequeno lapso de tempo da História. Depois, como considerar 
isto profecia se foi escrito depois dos factos terem acontecido? Aliás, 
aquela precisão dos 70 anos é… de mestre profético! Perante tais 
considerandos, porque temos estes textos como “Livros Sagrados”, 
Livros da Fé? Ah, que Fé baseada em tão fracas bases, Santo Deus! 
E não deixa de ser interessante - ou melhor, intrigante - o pagão 
Nabucodonosor, arrasador de nações, ser chamado de “servo” por 
Javé. Só porque vai servir de mão divina para castigar Israel pelos 
seus pecados? É… inadmissível! Alguns dirão que é tudo simbólico, 
tudo metafórico. Mas, como nos havemos de entender com isto de 
às vezes ser simbólico e, outras vezes, nas mesmas circunstâncias, 
ser real?
- “Assim me disse Javé, o Deus de Israel: Toma de minha mão esta 
taça de vinho da minha ira e dá a beber dela a todas as nações às quais 
te envio. (…) Eu tomei a taça da mão de Javé e fiz que bebessem dela 
(…) Jerusalém, (…) Judá (…) Egipto (…) Hus (…) Ascalon, Gaza, 
Acaron (…) Azoto, Edom, Moab (…) Amon (…) Tiro (…) Sidónia 
(…) Dadã, Tema e Buz (…) Zambri (…) Elam (…) Media (…) Norte 
(…) Um após outro fiz com que todos os reinos que existem sobre a face 
da Terra bebessem. E o rei da Babilónia beberá depois deles.” 
(Jr 25,15-26)
- Só perguntamos: E os outros povos da Terra quase todos 
desconhecidos de Jeremias, mas certamente não de Javé? Não 
“gostariam” também eles de “provar” de tal vinho da ira de Javé?! 
Acaso concebe-se um Javé-Deus hipotecado apenas na salvação ou 
castigo de um povo tão pequeno, numa parcela da Terra tão pequena, 
num espaço do Universo que não tem qualquer significado?!
- “Eu convocarei a espada contra todos os habitantes da Terra (…) Tu 
porém, anunciarás todas estas coisas e dir-lhes-ás: Javé ruge lá do alto, 
da sua santa morada (…)” (Jr 25,29-30)

- Que Terra? Que alto? Que morada? Que rugir de Javé? Se a Terra é 
minúscula partícula no espaço, se o céu não tem alto nem baixo, se 
Deus - a existir - está em toda a parte? Ah, que Deus tão pequenino 
estes bíblicos criaram! Deus, por ser infinito e eterno contém tudo 
o que existe fora e dentro do espaço – espaço infinito – e todo o tempo, 
tempo que só existe para os que participam no ciclo: nascimento, 
crescimento, morte. Defini-lo-íamos como O TODO ABSOLUTO ONDE 
TUDO SE INTEGRA, DO ÁTOMO ÀS ESTRELAS, AO UNIVERSO 
QUE NÃO PODERÁ SER SENÃO INFINITO. (Aliás, se o Universo, 
do qual conhecemos apenas uma pequeníssima parte, não é infinito, o 
que haverá para além dele?). A Bíblia está toda ela construída sobre a 
ignorância total da realidade Terra-Universo e não merece, por isso, 
qualquer credibilidade, como os teólogos, num exercício intelectualmente 
desonesto, “impõem” às populações ignorantes. Lamentável!