quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - A análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 198/?



À procura da VERDADE no livro de MALAQUIAS – 1/2

- Diz-se na Introdução: “Nesta época (440 a.C.), surge o último dos 
profetas clássicos. Malaquias mostra que a submissão a um frio 
código de leis não tem sentido. (…) O profeta relembra um facto 
essencial: Judá é o povo escolhido e amado por Javé.” (ibidem)
Nós perguntamos: Quem terá sido o primeiro a chamar profetas – e 
profetas de inspiração divina – a estes escritores que mais não 
fizeram do que exprimir as suas ideias acerca do que viam e 
pressentiam a nível político e social? Depois, que os judeus se 
tenham autointitulado “povo eleito”, nada a dizer; que uma religião, 
como a cristã, tenha aceitado tal como verdade de inspiração 
divina, é que já é totalmente questionável ou inadmissível.
- “Palavra de Javé a Israel, por intermédio de Malaquias (…): 
Maldito o fraudulento que, tendo no seu rebanho um animal 
macho, Me oferece em sacrifício um animal defeituoso. Pois Eu 
sou o grande Rei (…).” (Ml 1,1 e 14)
- Quando se oferece, deve dar-se o melhor, não é? Mas sobre 
ofertas ao Templo e sacrifícios já dissemos tudo: grande 
invenção dos sacerdotes para se banquetearem à custa do povo, 
comendo e bebendo do bom e do melhor, e tudo em nome de 
Javé!…
Resta notar que a expressão “animal macho” exclui as fêmeas, 
lançando-as implicitamente no rol dos defeituosos… Machismo 
ou anti-feminismo?!
- “Javé é testemunha entre ti e a mulher da tua juventude, à qual 
foste infiel, embora ela fosse a tua companheira, a esposa unida 
a ti por uma aliança. Acaso Deus não fez dos dois um único ser, 
dotado de carne e espírito? E o que é que esse único ser 
procura? - Uma descendência da parte de Deus! Portanto, 
controlai-vos para não serdes infiéis à esposa da vossa juventude. 
Eu odeio o divórcio - diz Javé, Deus de Israel (…)” (Ml 2,14-16)
- Interessante! Muito interessante, esta fidelidade já aqui exigida 
440 anos antes de Cristo. Jesus irá dizer o mesmo, no Evangelho 
de Marcos 10,1-12.
Mais acutilante é o ódio ao divórcio, por parte de Javé, quando, 
uns séculos antes, a Lei mosaica, em Deuteronómio 24,1-4, 
permitia ao homem repudiar e divorciar-se da sua mulher da qual 
se havia desgostado, não dando tal privilégio à mulher. Só Jesus, 
a quem chamaram de Cristo, irá igualizar os sexos, condenando o 
divórcio fosse ele de iniciativa do homem ou da mulher.
Mas o texto continua eivado de machismo. Nele, a mulher não 
é “tida nem achada” nem para o pecado da infidelidade, nem para o 
direito ao divórcio…

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

E mais um Natal aconteceu


O NATAL, fenómeno histórico-religioso de sucesso

1 – Não há nenhum documento que prove que o Nascimento de Jesus foi a 25 de Dezembro. A festa começou a ser celebrada pelos cristãos, em meados do séc. IV, nessa altura do ano, para contraporem aos festejos em honra do nascimento dos deuses solares, sobretudo o deus Mitra, que se celebravam no solstício de Inverno, por todo o Império, prolongando-se por vários dias, incluindo o dia 25.
2 – O Natal continuou a celebrar-se por todo o mundo cristão, mais ou menos por essa data, tendo tido um grande impulso com S. Francisco de Assis que, pela primeira vez, criou um presépio na cidade de Gréccio, Itália, em 1223.
3 – Há apenas umas décadas, o Natal ainda se celebrava com todo o seu simbolismo, nas famílias cristãs: Missa do Galo, na noite de 24, colocação do sapatinho junto à chaminé por onde entraria o Menino Jesus e prendinhas colocadas pelos pais nesse sapatinho alegremente descobertas pela criançada, na manhã seguinte, dia 25, acreditando ser prenda do Menino-Deus. Neste dia, novamente Missa, seguida de um belo almoço em família…
4 - Entretanto, no primeiro quartel do séc. XX, chegou o Pai Natal, figura inspirada no bispo S. Nicolau – séc. IV – que ficou conhecido por dar esmolas aos necessitados, aproveitado por várias empresas para a sua publicidade, em tempos natalícios, colocando-se a sua morada lá para o Polo Norte.
5 – Este Pai Natal, com o qual veio também a árvore, fez com que todo o misticismo natalício se perdesse. Do Menino restam as belas canções que se vão ouvindo nos inúmeros concertos que enchem as igrejas, mas gente com espírito mais de arte musical do que de crença no Menino-Deus.
6 – Agora, é a stressante azáfama da compra das prendas que se irão dar – ou trocar – tanto a miúdos como a graúdos, e que aparecem colocadas debaixo de uma pequena/grande árvore, na sala principal, havendo comezaina toda a noite até de madrugada, só com interrupção para a entrega das tais prendas…

Mas… é mais uma festa! Oxalá que seja de paz e de reunião entre os familiares, mesmo os desavindos por questiúnculas normalmente sem importância.

E por isso, ALEGREMO-NOS, CANTEMOS E DANSEMOS todos! Os crentes, porque nasceu o Deus-Menino, o Salvador, o penhor da sua salvação eterna…; os não-crentes, porque o Natal é um hino à VIDA, esta dádiva divina ou da Natureza a que tivemos a sorte de aceder, sem termos feito nada para a merecermos…

BOAS FESTAS E FAÇAM O FAVOR DE SER FELIZES!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Dia 8 de Dez – festa da Imaculada Conceição de Maria



A história verosímil de Maria 

e o que dela fizeram os criadores do cristianismo


Maria, uma bela rapariga de Nazaré, na Galileia, terá sido violada por algum soldado romano, já que Roma era o ocupante da Palestina, naquele séc. I ac., e os ocupantes tinham os seus direitos sobre a população, incluindo a satisfação das prementes necessidades fisiológicas do sexo. (Obviamente, deixou de ser virgem naquele momento, mas Virgem continuaram a chamar-lhe, traduzindo incorrectamente – já Mateus, 1-23, já os exegetas posteriores – o versículo do profeta Isaías, 10, 7-14: “A jovem dará à luz…” por “A virgem dará à luz…”)
Encontrando-se grávida e estando prometida em casamento, o seu noivo de nome José– um cavalheiro, diga-se! – não a quis desrespeitar nem vilipendiar e desposou-a mesmo assim. Nasceu Jesus, judeu esperto e pensando estar destinado a mudar o mundo, passando-o da vilania, da tirania e da exploração dos pobres, em que se encontrava, para a justiça e fraternidade universal, apregoando que todos os homens são irmãos, porque todos filhos do mesmo Deus, não havendo lugar nem a senhores nem a escravos. Pagou tal aventura e coragem com a morte e morte de cruz, suplício normalmente aplicado pelos romanos ocupantes aos revoltosos ou aos que não queriam pagar os impostos exigidos por César.
(Infelizmente, Jesus enganou-se: dois mil anos passados, nem justiça nem fraternidade universal! Mas deu origem a uma revolução cultural/temporal e a uma religião, tendo os fundadores – Paulo, alguns discípulos e evangelistas – aproveitado as suas ideias revolucionárias para o divinizarem, lhe chamarem o Messias, o Cristo ou Enviado de Deus, o Salvador, o – que descaramento! – Filho de Deus, passando a chamar-se Jesus Cristo ou JC.)
Depois, tendo ela acompanhado apenas discretamente a vida de Jesus, pois ocupava-se em ir tendo outros filhos de José, fizeram-na a Mãe de Deus e Mãe dos Homens, a Mãe da Igreja, a Mãe dando à luz no presépio, já que não houve lugar na estalagem para ela…, a Mãe sofredora junto à cruz. Uma figura sem dúvida simpática, facilmente criando emoções no coração dos crentes.
Assim, ao longo destes dois milénios, o seu culto foi sempre dos mais acarinhados pelos seguidores dos três credos cristãos (católicos, protestantes e ortodoxos). Cultos, obviamente, acompanhados de toda a espécie de mitos e crendices, chegando-se a afirmar ter ela aparecido a pastores, em grutas ou arbustos, gerando-se uma onda de santuários e de peregrinações, tudo muito bem aproveitado pelo clero local para da crendice fazer negócio e… “salvar as almas, através de Maria”!
Entretanto, os papas católicos (passar-se-á certamente o mesmo com os outros…), sempre atentos aos bons negócios que a religião a que presidem lhes possa proporcionar para encher os cofres do Vaticano, publicaram dois dogmas: o da Assunção de Maria ao Céu em corpo e alma (Pio XII) e o dogma da Imaculada Conceição (Pio IX). Dois dogmas (que, por sê-lo, não podem ser questionados pelos crentes – viva a democracia!) que não fazem qualquer sentido e que revelam quão grande é a incompetência e estultícia daqueles papas. É que afirmar que alguém pode subir em corpo e alma para o Céu é tão disparatado como pensar que o Céu é um lugar onde há casas e casinhas e corpos celestes para alimentar com néctares divinos e onde anjos e santos cantam e dançam e servem a Deus, Deus que está sentado no seu magnífico trono, numa parafernália de matizes de luzes e sons todos divinos… (Que bonito! Mas que nonsense!) E para haver uma imaculada concepção, isto é, Maria ter sido concebida sem pecado original, no acto sexual entre Isabel e Zacarias, era preciso que tivesse havido tal pecado. Ora, é óbvio que, não merecendo a Bíblia qualquer credibilidade histórica em relação aos ditos primeiros pais da humanidade, Adão e Eva, pelos quais teria vindo o pecado ao mundo – o dito pecado original – não se pode dar qualquer credibilidade a tal invenção agostiniano-medievalesca de pecado.
Hoje, a saga mariana está mais viva que nunca. Digamos que, já por ser mãe, já por ser mãe de Jesus, tem toda a nossa simpatia. Mas que as igrejas cristãs têm ultrapassado tudo o que seria razoável em relação ao seu culto, por consensual e humano, não há dúvida. E em todas as igrejas há, pelo menos, um altar com a imagem da Virgem; e imagens da Virgem, as mais diversas e as mais originais, com os nomes também os mais diversos e originais, há-as por todo o mundo cristão, assim como há muitos santuários a ela dedicados, uns de renome mundial, como Fátima, Lurdes ou Guadalupe, outros – incontáveis! – em muitos recantos, cimos de montes ou campinas, cada aldeia ou aglomerado populacional orgulhando-se do seu, pontos convergentes de festas e romarias…
Tudo muito bonito! Tudo muito comovente! Tudo muito humano, do ponto de vista emocional. Mas… tudo baseado em falsidades, mitos, invenções, efabulações! E até se gosta! E até se reza! E até se canta!
Ah, linda Mãe Maria, o que fizeram de ti!...

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 197/?


À procura da VERDADE no livro de ZACARIAS 2/2

- “Dança de alegria, cidade de Sião; grita de alegria, cidade de 
Jerusalém! Eis que o teu Rei vem a ti: Ele é justo e vitorioso. 
Ele é pobre, vem montado num jumento, num jumentinho, filho 
de uma jumenta. Ele destruirá os carros de guerra de Efraim e os 
cavalos de Jerusalém; quebrará o arco de guerra. Anunciará paz 
a todas as nações e o seu domínio irá de mar a mar, do rio Eufrates 
até aos confins da Terra.” (Zc 9,9-10)
- É realmente um texto que parece anunciar a entrada de Jesus Cristo, 
em Jerusalém, montado num jumentinho e referida por Mateus 21,4-9 
e por Marcos 11,1-11.
No entanto, poder-se-á sempre perguntar: Cristo procedeu de tal modo 
para cumprir as Escrituras que conhecia realmente bem, querendo-se 
afirmar como rei, como veio a fazê-lo mais tarde, perante Pilatos, 
embora o seu reino não fosse deste mundo…, ou foram realmente as 
Escrituras inspiradas para de tal facto darem notícia uns 300 anos 
antes? – Bem mais credível parece a primeira hipótese.
Ainda se comenta, a propósito de 9,9-10: “A mudança esperada (…) 
será obra do Messias (…). Notar o júbilo da saudação programada para 
os tempos messiânicos (…)” (ibidem)
Sinceramente, só com bastante fé é que se descortina aqui um 
Messias e júbilos messiânicos. A alegria da dança e do grito poderia 
provir da relativa paz que se vivia na época. Aliás, atente-se no 
comentário: “(…) O texto acompanha com precisão a campanha 
militar de Alexandre Magno e a destruição de Tiro em 332 a.C. É 
a mão de Deus que julga os opressores e se vinga das cidades 
vizinhas, crónicas inimigas de Israel (…)” (ibidem)
E não era o Rei esperado, mais uma vez, um rei salvador?
Mistério é a afirmação “Ele é pobre…”. Que significado terá realmente?
- “Naquele dia, procurarei destruir todas as nações que vierem lutar 
contra Jerusalém. Derramarei um espírito de graça e súplica sobre 
a casa de David e sobre os moradores de Jerusalém e eles olharão para 
Mim. Contemplarão aquele a quem trespassaram, chorarão por ele 
como quem chora por um filho único (…)” (Zc 12,9-10)
- Comenta-se: “Em contexto apolcalíptico (…), o povo recebe um 
espírito novo (…) e dá-se a morte misteriosa de um «Trespassado» 
(…). João 19,27 viu nisto um elemento da paixão de Jesus que 
assumiu os pecados de todos.” (ibidem)
O texto de Zacarias é por demasiado confuso para se concluírem 
certezas. Que trespassaram Jesus, que Jerusalém O contemplou e 
houve quem chorasse a sua morte, não há dúvidas, a fazer fé nos 
Evangelhos. Mas isso justifica esta suposta profecia?
- “Eis que virá o dia de Javé (…) Então Javé será o rei de toda a Terra 
(…) A cidade nunca mais será condenada à destruição e assim 
quem morar em Jerusalém estará sempre em segurança. (…) As 
famílias da Terra que não forem a Jerusalém adorar o Rei, Javé dos 
exércitos, ficarão sem chuva. Por exemplo, se a família do Egipto 
não quiser sair de casa e não vier, cairá sobre ele a praga com que 
Javé vai ferir as nações que não subirem para celebrar a Festa das 
tendas.” (Zc 14)
- Diz-se, comentando: “Capítulo tardio, talvez da época dos Macabeus, 
é chave de ouro do livro (…): o esplendor de Jerusalém coincide 
com a instauração definitiva do reino de Deus. (…) As nações 
converter-se-ão e afluirão a Jerusalém. (…) A festa das Tendas (…) 
era na época a solenidade mais popular, proclamava a soberania do 
Deus criador e a sua realeza sobre o mundo.”
Diríamos nós: As palavras são bonitas, mas parecem não saciarem a 
nossa sede de Verdade… Então, vamos considerar mais uma vez 
Jerusalém como “morada de Deus”, sendo necessário ir lá para 
adorar esse mesmo Deus? E “estará sempre em segurança quem morar 
em Jerusalém”? E que ameaça é aquela de se ficar sem chuva se não 
se for a Jerusalém adorar o Rei-Javé? Pior: ou celebras a Festa das 
tendas ou… levas com uma praga de Javé!…
É! As palavras bonitas não conseguem apagar a triste ideia desta 
arbitrariedade divina, castigando assim indiscriminadamente, por 
razões… nenhumas! Só nos resta perguntar se não teria sido aqui 
que Maomé se foi inspirar para inserir a ida a Meca, pelo menos 
uma vez na vida, nos seus cinco preceitos fundamentais do seu Corão...

sábado, 24 de novembro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 196/?


À procura da VERDADE no livro de ZACARIAS 1/2

- Diz-se na Introdução: “A primeira parte do livro (…) contém os 
oráculos do profeta Zacarias, contemporâneo de Egeu (520 a.C.) (…). 
Zacarias, em oráculos e visões (…) estimula (…) a construírem o 
Templo, símbolo da fé e unidade nacional (…) e incentiva a 
formação de um novo quadro político, centrado no leigo Zorobabel 
e no sacerdote Josué. A segunda parte (…) foi escrita no período 
em que os gregos dominavam a Palestina (333 a.C.) (…). O autor 
anuncia o aparecimento do Messias com três características: rei, 
bom pastor e “trespassado”. Ao ler esta segunda parte, é impossível 
não lembrar Jesus que entra em Jerusalém montado num jumentinho 
(rei-messias), ou quando afirma: «Eu sou o bom pastor», Ou ainda 
quando sofre a paixão e morte na cruz.”
Perguntaríamos:
1 – Seria necessário, na economia divina, haver dois profetas para 
apelarem à reconstrução do Templo?
2 – Fé e unidade nacional…, leigo e sacerdote a formarem um novo 
quadro político; isto afinal é religião ou política?
3 – Porque se atribui a Zacarias o texto de 333, quando Zacarias 
viveu cerca de 200 anos antes?
4 – Onde a base para que tais textos se possam referir ao judeu 
Jesus quem chamaram de Cristo?
- “Tive uma visão durante a noite. Vi um homem montado num 
cavalo castanho (…) O anjo que falava comigo (…) (1ª visão); 
Levantei os olhos e vi quatro chifres. Perguntei ao anjo que falava 
comigo (…) (2ª visão); Levantei os olhos e vi um homem (…) 
Então o anjo que falava comigo (…) Veio ao seu encontro outro 
anjo (…) (3ª visão); Javé mostrou-me Josué, o chefe dos sacerdotes, 
parado à frente do anjo de Javé. E Satanás estava de pé, à direita de 
Josué para o acusar. (4ª visão); O anjo que conversava comigo (…) 
Vejo um candelabro todo de ouro (…) (5ª visão); Vi um livro a 
voar: O anjo que falava comigo (…) (6ª visão); O anjo que falava 
comigo aproximou-se e disse: Levanta os olhos e vê (…) É uma 
vasilha que avança (…) Ergueu-se a tampa de chumbo e havia 
dentro da vasilha uma mulher sentada. O anjo disse: «Ela é a 
maldade.» (7ª visão); Levantei os olhos novamente e vi quatro 
carros (…)” (8ª visão) (Zc 1-6)
- São visões que não vale a pena transcrever. E mesmo as anotações 
estas visões parecem-nos ser um esforço inglório para lhe dar 
alguma credibilidade… Que são de difícil interpretação, não há 
dúvida. Mas notemos que as visões são nocturnas, há sempre 
um anjo presente e até aparece Satanás…
A propósito, diz-se: “Satanás desempenha aqui o papel de promotor de 
acusação na sessão celeste; só mais tarde será assimilado ao Demónio, 
espírito do mal, inimigo de Deus e do Homem.” (ibidem)
Não se entende muito bem o que o nosso exegeta quer dizer com 
aquela “sessão celeste”. Que só mais tarde se chame Satanás ao Diabo, 
parece-nos irrelevante.
E a maldade, terá sido encarnada por uma mulher por ser do género 
feminino?!…
Em tempo de remate: Que caras, que rostos teriam aqueles anjos, 
aquele Satanás? Como seriam as suas falas? Que voz? Ou continua 
tudo sendo simbólico, sem caras, sem rostos, sem vozes, tudo sendo… 
figuras de retórica, para Zacarias apresentar as tais ideias 
político-religiosas?
Talvez nos respondam os exegetas: São simbólicas umas, outras 
fundadas na realidade. Josué seria, ali, certamente bem real… 
Mas nota-se que a confusão do real e do metafórico - instalada ao 
longo de toda a Bíblia - continua…

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 195/?


À procura da VERDADE no livro de AGEU

- Diz-se na Introdução: “Findo o cativeiro da Babilónia, (…) ano 538 
a.C., (…) o profeta Egeu entra em cena, (520 a.C.) com uma missão 
precisa: reunir os compatriotas à volta da causa comum que era a 
reconstrução do Templo. (…) Se o Templo for reerguido, tudo correrá 
melhor, pois Deus habitará de novo, no meio do seu povo (…).” 
(ibidem)
Deus a precisar de um Templo para habitar no meio do povo é, pelo 
menos, querer materializar o imaterializável. Não se percebe é se é 
opinião do profeta se do nosso exegeta. Seja de quem for, não deixa de 
ser bizarra e de um nonsense total. Os inventores do cristianismo, a 
partir do NT, inventarão também a eucaristia e a hóstia onde permanece 
aprisionado o Deus vivo... E, claro, uma habitação para ele, 
proliferando por toda a parte as igrejas, capelas e catedrais, os 
templos que substituíram o Templo antigo.
- “Assim diz Javé (…): Então, vós achais que é tempo de habitardes 
tranquilos em casas confortáveis, enquanto o Templo está em ruínas? 
(…) Então, eles puseram mãos à obra na reconstrução do Templo de 
Javé dos exércitos, seu Deus.” (Ag 1)
- Ainda se comenta: “O Templo virá a ocupar um lugar insubstituível no 
novo arranjo institucional.” (ibidem). Constata-se, portanto, mais uma 
vez, a importância religioso-política de um símbolo aglutinador do povo 
bem “trabalhado” pelos seus dirigentes, aqui o profeta ajudando, ao 
motivar o povo para o trabalho de reconstrução, em nome de Javé. Teria 
sido certamente compensado por isso… Na Terra, claro!
- “Vou sacudir todas as nações e, então, as riquezas das nações hão-de 
vir para cá e assim encherei este Templo com a minha glória, diz Javé 
dos exércitos.” (Ag 2,7)
- Porque há-de Javé querer um Templo cheio de riquezas? E riquezas 
roubadas? E o que é a “glória” de Javé? E quem traz as riquezas 
roubadas das outras nações? Ah, que abominável classe sacerdotal 
aquela, a viver à custa do Templo e dos impostos cobrados ao povo!... 
E que palavras tolas postas pelo profeta na boca deste Javé que, sem 
qualquer pejo, apela ao roubo e à injustiça.
A designação de “Javé dos exércitos” não será a mais feliz. Mas, está 
na lógica de uma Bíblia toda ela guerreira, com Javé ao serviço do 
seu povo eleito. Grande Javé! Mas tão apoucado pelos que lhe chamam 
Deus…

Este é um livro pequeníssimo! A mensagem de VERDADE – 
procurada e não encontrada ao longo de toda a Bíblia – também não 
parece, aqui, ser grande!

E já nos estamos aproximando do fim…

sábado, 10 de novembro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 194/?



À procura da VERDADE no livro de SOFONIAS

- “Palavra de Javé (…): Eu vou acabar com tudo o que existe sobre a 
face da Terra (…) Acabarei com homens e com animais, acabarei com 
as aves do céu e os peixes do mar; destruirei (…) Eliminarei (…) 
Eliminarei (…) Eliminarei (…) Estenderei a minha mão contra Judá 
(…) Pedirei contas aos nobres e príncipes (…) Um clamor 
levantar-se-á (…) Está próximo o grandioso Dia de Javé (…) Será 
um dia de cólera (..), angústia e aflição (…), devastação e ruina (…) 
trevas e escuridão (…) “ (Sf 1)
- Lê-se na Introdução: “O profeta viveu e exerceu a sua actividade 
em tempos dramáticos para a região (…), na década de 640 a 630, 
pouco antes de Jeremias. O dia de Javé impõe-se como tema 
central da mensagem. (…) É o dia da cólera e da destruição que 
inspirou o “Dies irae” da Idade Média.” (A partir do texto do 
Dies irae - O dia da ira - Mozart compôs uma obra monumental, 
vozes e orquestra, colocando nela todo o terror que tal dia inspira. 
A ouvir!)
Nós perguntamos: Alguém entende ou entendeu o que é 
realmente este “Dia de Javé”? Quando? Como? Onde? Bem 
mais parece que o “Dia de Javé” será o dia da morte de cada um. 
O meu, o teu dia… O resto é pura retórica literária, sem qualquer 
conteúdo, nitidamente inspirado, não por Javé, mas pelo tais anos 
dramáticos em que o escritor vivia.
- “Grita de contentamento, filha de Sião! Alegra-te, Israel! (…) 
Javé eliminou o teu inimigo. Javé, o rei de Israel, está no meio 
de ti. Nunca mais verás a desgraça.” (Sf 3,15)
- Comenta-se: “Este trecho foi acrescentado no pós-exílio.” 
(ibidem) 
Portanto, cerca de 100 anos depois. De acrescentos, já dissemos 
tudo. E porque se alegra Israel? Porque Javé eliminou o seu 
inimigo. 
Sempre Javé como protagonista da História. Uma total aberração! 
Apetece dizer que Deus tem mais que fazer do que andar ali a 
satisfazer os caprichos/necessidades de Israel, que se auto-intitulou
 “seu povo eleito”. E, sem comentários, para não nos repetirmos, 
terminemos mais este pequeno livro.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

A VIDA: milagre, drama ou comédia?



 Os objectivos da vida de um ser humano

A propósito do feriado religioso de 1 de Novembro, para evocar santos e mortos, falemos não da morte mas da… VIDA!

Nota importante: Se és pessimista ou com tendência para a depressão, não leias o que se segue. Limita-te a sorrir à Vida, este dom gratuito que recebeste e que nunca mais se repetirá para ti. Por isso, “carpe diem!”, vive cada momento da tua vida o mais intensamente que puderes, mesmo… dormindo! E isso te bastará…

Situemo-nos para uma boa análise:
A VIDA apareceu na Terra – tendo-se dado as condições necessárias para que tal “milagre” acontecesse – há cerca de 3.5 mil milhões de anos, com as primeiras bactérias a multiplicarem-se nas lagunas aquecidas pelo Sol, após um longo processo de transformação de matéria inorgânica (hidrogénio + metano + amónia + vapor de água) em aminoácidos ou moléculas orgânicas. O ser humano aparece, nesta saga evolutiva, a um dado momento do Tempo recente: apenas há cerca de 4 milhões de anos.
Mas se a VIDA apareceu na Terra, devido às condições óptimas de calor e humidade que a proporcionaram, ela deverá ter aparecido e deverá existir em muitos outros sistemas solares semelhantes ao nosso, neste Universo conhecido. (O muitíssimo que ainda há de desconhecido nele e, sobretudo, para além dele, é mistério, podendo-se supor infinito e eterno, confundindo-se com o próprio Deus, numa concepção metafísica.)
O que sabemos é que a saga da VIDA se passa num universo de matéria e energia, universo em que tudo está em movimento, tudo se transformando, nada se perdendo, havendo um aparente – ou real? – eterno retorno do mesmo ao mesmo através do diverso.
Todos os seres, vivos e não vivos, tal como as bactérias ou as estrelas, que se iniciam no Tempo, integram-se nesse movimento de eterno retorno ou, melhor, de eterna transformação.
É nesta realidade inquestionável, que se desenrola a saga da vida de um ser humano. E podemos perguntar que valor tem essa vida, vida que, momento a momento, se inicia ou desaparece em alguma parte do mundo. Terá algum objectivo, alguma finalidade, alguma missão específica? – Tudo leva a crer que não. Cada vida humana é apenas mais uma, tal como a de um qualquer outro animal, de uma qualquer planta, uma qualquer bactéria, uma qualquer estrela: pertencendo ao Tempo, num dado momento começa, noutro, forçosamente, tem de acabar, fazendo apenas parte dessa universal transformação em que matéria e energia estão em contínuo movimento, nada parecendo poder fugir ao eterno movimento transformacional, na cadência monótona e invariável da sucessão dos anos, dos dias, das horas, dos segundos...
Assim sendo, a vida de um ser humano não tem qualquer objectivo, qualquer missão, qualquer finalidade. Aparecemos na VIDA, por mero acaso, ou sorte, vindo do nada ou da Terra, ou – se forem crentes! – de Deus. Fazemos parte dessa fantástica saga que engloba matéria e energia sempre em movimento, usando e multiplicando átomos e moléculas, na replicação das nossas células. Depois, quando a energia do organismo não lhe permite fazer mais essa replicação – uns 80, 90 ou 100 anos depois do início – regressamos ao donde viemos: o Nada ou a Terra, berço do nosso aparecimento. Sem qualquer objectivo! Sem qualquer missão! Sem qualquer finalidade! Existimos simplesmente…
Aliás, constatamos que a grandíssima maioria dos humanos que já existiram, que existem ou que existirão, nada deixaram ou nada deixarão de útil à humanidade: viveram, vivem ou viverão apenas… Os que deixaram tais utilidades são recordados e louvados por isso. Durante um determinado tempo. Nada mais, pois também eles, corpo e alma, inexoravelmente se reintegraram no perpétuo movimento, do qual um dia emergiram, pela tal sorte ou acaso da saga da VIDA!

Terminemos estas reflexões filosófico-existenciais, apelando ao SORRISO e à ALEGRIA de termos vindo à VIDA, de podermos pensar tudo isto e de estarmos ainda vivos! Lembremo-nos que nunca mais teremos tal oportunidade!... E se não sorrirmos agora, quando vamos SORRIR?! E Cantar? E dançar?
Viva, pois, a VIDA enquanto dela formos figurantes activos!
Nota final:
Contra tal dura – ou fantástica?! – realidade, as religiões têm tentado colmatar a natural frustração do ser vivo pensante que é o Homem. E com sucesso: vendem fantasias de levar à emoção e às lágrimas e à crença nelas. Que bom, que lindo não seria um Céu eterno de felicidade, após esta vida que tantas vezes é madrasta, já por nossa culpa, já pelas circunstâncias de pessoas e acontecimentos que nos rodeiam ou rodearam!
E, pese embora sejam fantasias – fantasias que geraram as mais belas obras de arte alguma vez produzidas pelo Homem, da pintura à música, à escultura, à arquitectura… – nada, mas mesmo nada nos impede de acreditar nelas e integrá-las como parte fundamental do nosso imaginário quotidiano. São reconfortantes e ajudam ao sempre desejável SORRISO!

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 193/?



À procura da VERDADE em HABACUC 2/2

- “Ai de quem diz a um pedaço de madeira: “Acorda!” E à
pedra muda: “Desperta!” Pode o ídolo ensinar? (…) De que 
serve um ídolo para que um artista se dê ao trabalho de o 
esculpir?” (Hab 2,18)
- Os ídolos! Sempre o temor da adoração dos ídolos em vez 
da adoração de Javé! Certamente o artista que os esculpia 
na rocha ou na madeira tirava daí o seu ganha-pão, e só 
adorava o ídolo quem muito bem quisesse ou… a quem o 
rei ordenasse!
E ao longo dos tempos? Quantos tiveram, quantos têm a 
profissão de santeiros? E que artistas que eles são! Fizeram, 
fazem imagens perfeitas de virgens, santos e santas, mas 
também de anjinhos e de diabos, que isto do divino abrange 
a todos… E há imagens esculpidas em todos os materiais, 
mais nobres uns que outros, de Cristos, virgens e santos. 
Depois, ainda temos os numerosíssimos pintores: quantos não 
deixaram em suas telas toda a espécie de santos, pintando-os 
com o mesmo à-vontade e maestria que pintaram reis e tiranos, 
pois a arte não olha muito a essas diferenças de “somenos 
importância”. Não é a expressão do belo que lhes interessa? 
Seja na posição devota, seja na de carrasco com o machado 
cortando a cabeça do mesmo santo, mãos esguichando sangue?
Já noutro lugar perguntamos: Quem sabe distinguir com certeza 
o que é venerar uma imagem e o que é adorá-la? Não parece 
mais adoração do que veneração toda essa fé nos santos e na 
Virgem que percorre o mundo cristão?
Bem pregam os sacerdotes que só se adora o Deus invisível, 
mas ninguém consegue acreditar totalmente em tal realidade. 
É que é muito mais cómodo, muito mais prático adorar o seu 
santinho, o santo da sua devoção, ali no seu altar, com aquela 
carinha tão bem esculpida e melhor pintada, e a ele fazer todas 
as preces pois é ele, e não o Deus escondido, que lhe tem feito 
tantos milagres, tem acudido em momentos de aflição de vaca 
que tem dificuldade em parir ou de filho que se foi para a guerra 
e enfim voltou são e salvo, quando outros não tiveram a mesma 
sorte, vindo apenas em cadáveres ou, estropiados, condenados 
para toda a vida, como se acidente tivessem sofrido além na 
curva da estrada…
E imagens, até as há do Espírito Santo e do Deus-Pai! – entidades 
obviamente invisíveis porque puros espíritos. Mas como não é 
fácil para um humano acreditar naquilo que não vê, nem cheira, 
nem ouve, nem apalpa, nem sente…
- “Ainda que a figueira não brote e não haja fruto na videira, ainda 
que a oliveira negue o seu fruto e o campo não produza colheita, 
ainda que (…), eu alegrar-me-ei em Javé e exultarei em Deus, 
meu salvador. O Senhor Javé é a minha força. Ele dá-me pés de 
gazela e faz-me caminhar pelas alturas.” (Hab3,17-19)
- Realce-se a beleza literária do excerto. No entanto, quando as 
intempéries provocadas pelas forças da Natureza nos levam o 
fruto do nosso esforço, nada mais nos resta senão pôr nas mãos de 
Deus a próxima colheita. Mas não se deixa de perguntar, revoltado: 
“Porquê a mim, meu Deus?”
(Fim de mais um último pequeno livro!)

sábado, 20 de outubro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 192/?


À procura da VERDADE em HABACUC 1/2

- Introdução: “(…) O profeta interpela o próprio Deus acerca 
da violência e da opressão que invadem o país. (…) Dirige a 
Deus um veemente apelo (…) contra o opressor que exagerou 
na missão de instrumento escolhido por Deus. (…) Mas insiste 
na certeza de que um dia a justiça se há-de tornar realidade 
palpável, porque o Deus dos justos é o Deus vivo na História. 
(…) Teve o arrojo de apelar a Deus contra o próprio Deus 
cuja intervenção na História parecia incompreensível. Será 
preciso punir um mal com um mal maior? Não andará Deus 
apoiar o triunfo de uma força injusta?” (ibidem)
Realmente Hababuc deve ter sido confrontado, como nós, 
com as ditas intervenções de Deus na História, na interpretação 
que os profetas faziam das guerras em que Israel ora saía 
vencedor ora derrotado e oprimido, a ponto de as achar 
desastradas e incompreensíveis, porque exageradas.
Nós perguntamos mais uma vez: Porque havemos de acreditar 
nas interpretações que os ditos profetas faziam da história de 
Israel? Mais: Que invenção foi essa (e os nossos exegetas 
continuam na mesma senda…) de considerar Deus a dirigir a 
mesma história? Tudo nos parece muito mais um golpe 
político-religioso do que qualquer tipo de inspiração divina, 
não passando as supostas profecias de pura intuição face ao 
desenrolar dos acontecimentos.
- “Até quando, Javé, vou pedir socorro sem que me escutes? 
Até quando clamarei a Ti: “Violência!”, sem que me tragas a 
salvação? Porque me fazes ver o crime e contemplar a injustiça? 
(…) Porque olhas para os traidores e Te calas quando um ímpio 
devora alguém mais justo do que ele? (…) Então Javé 
respondeu-me: (…) Quem não é recto vai morrer, enquanto o 
justo viverá pela sua fidelidade. (…) Ai daquele que acumula o 
que não é seu (…) Ai de quem junta dinheiro injusto em sua 
casa (…) Ai de quem constrói com sangue uma cidade (…) 
(Hab 1,2)
- Perguntamos: Porquê acreditar que o ímpio ou perverso vai 
morrer e o justo vai viver? Não é isso que se constata: tanto 
morre um como o outro, tendo ambos o mesmo destino: o pó de 
onde vieram…
E as maldições serão para cumprir onde? – Na Terra, parece 
que não, pois raros são os que conseguem enriquecer com o seu 
trabalho honrado. No céu… sabe-se lá! Nunca ninguém veio de 
lá cá dizer se há ou não céu e como é esse estar 
contemplando Deus face a face por toda a eternidade!…

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Onde a verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 191/?




À procura da VERDADE no livro de NAUM 2/2


- “Javé é um Deus ciumento e vingador! Javé é vingador e sabe 
enfurecer-Se. Javé vinga-se dos seus adversários e é rancoroso 
com os seus inimigos. (…) Quem resistirá à sua cólera e 
enfrentará o furor da sua ira? (Na 1,2-6)
- Dos ciúmes, iras e furores de Javé já tudo dissemos. Enfim, 
considerar adversários de Javé os adversários do povo de 
Israel é uma totalmente indecorosa apropriação, resultando 
numa total descredibilização de Javé-Deus. O “nosso” exegeta 
corrobora tal indecorosa apropriação: “Naum vê Deus como 
destruidor de Nínive, capital da Assíria, a grande potência 
opressora da época. (…) Javé, Senhor do Universo, também é 
Senhor da História; como tal, dirige os acontecimentos.” 
(ibidem)
- “Javé restaura a vinha de Jacob e também a vinha de Israel.” 
(Na 2,3)
- Note-se o comentário: “Javé vai restaurar o reino do Sul 
(Judá) e o do Norte (Israel); este fora destruído pela Assíria 
em 722 a.C. O profeta imagina talvez a reunificação de todo 
o povo, tendo como capital Jerusalém. (…)” (ibidem)
E nós perguntamos: É Javé que vai restaurar? Deus anda por
ali assim a restaurar cidades ou reinos destruídos por outros 
reinos, e reinos considerados como mão castigadora do 
mesmo Javé?…
Depois, como podemos dizer “o profeta imagina talvez…”? 
Então, não é ele inspirado por Deus? Não é a sua palavra 
revelada? Mais: este Javé andando ao serviço de um povo, 
parece-se com os ídolos que os povos ditos pagãos 
adoravam - e também não poucas vezes os israelitas - que 
por isso eram tão duramente castigados pelo mesmo Javé!
- “Ai da cidade sanguinária e traidora, cheia de rapina, 
insaciável de despojos!
Estalo de chicotes, ruído de rodas girando, cavalos a 
galope, carros que pulam, cavalos que se empinam, espadas 
a luzir, lanças que faíscam! Multidões de feridos, montão 
de cadáveres, corpos sem conta, tropeça-se nos cadáveres.
Isto por causa das muitas seduções dessa prostituta, formosa 
e hábil feiticeira que enganava as nações (…) Vou levantar 
a barra da tua saia até à altura do rosto; vou mostrar às 
nações a tua nudez (…) Porventura és melhor que Tebas? 
(…) O teu exército não é de homens mas de mulheres (…)” 
(Na 3,1-13)
- O estilo é belo, pictórico, sóbrio, acutilante! A crueza, 
muita. A sensualidade sugestiva com o levantar das saias 
da prostituta até ao rosto,… gostosa! O “olho por olho” 
manifesta-se com o lembrar de Tebas e a derradeira frase 
não agradará certamente a feministas!…
Também aqui se comenta: “O Deus do Universo e da 
História destrói a cidade que era símbolo de perenidade, 
estabilidade e firmeza. Javé realiza a inversão desse modo 
de conceber a História (…): Nínive (…) terá a mesma sorte 
que Tebas (…) que ela havia saqueado no ano 667 e 
demolido em 663 a.C.” (ibidem)
Apenas perguntamos: Não sendo o povo egípcio “povo 
eleito de Javé” porque recebeu castigo tamanho? A lógica 
do castigo e do oprimido-opressor só se aplica ao “povo 
de Deus”? E, mais uma vez, como aceitar um Javé que 
castiga quem Ele usou como seu braço para castigar o 
pecado do povo eleito?
Esta Bíblia é um nonsense total!…