terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 160/?


À procura da VERDADE em EZEQUIEL
1/13

- Diz-se na Introdução: “O profeta Ezequiel exerceu a sua actividade 
entre os anos 593 a 571 a.C. Sacerdote exilado na Babilónia, com uma 
parte do seu povo, anuncia aí as sentenças de Deus. (…) Ezequiel, 
no entanto, sabe que o sistema passado está a agonizar de maneira 
irrecuperável: Jerusalém será destruída. (…) Com a sua linguagem 
simbólica, Ezequiel indica os passos para a construção de um mundo 
novo: (…) Converter-se a Javé, assumindo o seu projecto; e, a partir 
daí, construir uma sociedade justa e fraterna, voltada para a liberdade 
e a vida.” (ibidem)
- Que belas palavras, não são? Mas…o que é isso de se converter a 
Javé? Qual é o projecto de Javé? - também já noutro lugar 
perguntámos. Uma sociedade justa e fraterna tem de ser “dirigida” 
pela “batuta” de Javé? E que liberdade? Que vida? Depois, 
sabendo Ezequiel, como certamente outros intelectuais do tempo, 
que o sistema político judaico estava agonizando e que crescia o 
poderio da Babilónia, não seria difícil de prever - profetizar - a queda 
e destruição de Jerusalém…
- “No dia (…), de repente, abriram-se os céus e eu tive visões divinas. 
(…) A palavra foi dirigida ao sacerdote Ezequiel (…) Javé colocou 
a mão sobre ele. (…) Eu vi o seguinte: (…) algo parecido com 
uma pedra de safira, em forma de trono; e nele, lá no alto, algo 
parecido com um ser humano. (…) Era a aparência visível da glória 
de Javé. Quando O vi, caí imediatamente com o rosto no chão e 
ouvi a voz de Alguém que falava comigo.” (Ez1,1-4 e 28)
- Comenta-se: “Na base da vocação profética, em Israel, há sempre 
um contacto com o divino, uma nova e significativa experiência de 
Deus. (…) A glória de Javé é o próprio Deus enquanto Se revela no 
seu poder e santidade, no brilho ofuscante em cujo centro se 
vislumbra uma silhueta humana.” (ibidem)
- É espantoso como a fé do “nosso” comentador parece obnubilar-lhe 
o pensamento! Afinal, Ezequiel usa uma linguagem simbólica 
ou real? Ou - como também já perguntámos - umas vezes é ou 
considera-se simbólica e outras é ou considera-se real? Afinal, 
Ezequiel viu realmente Deus com forma humana ou pensou 
que viu tal forma, certamente influenciado pelo Génesis, onde Deus 
criou o Homem à sua imagem e semelhança?
Depois, porque é que Ezequiel atribui às suas visões o carácter de 
divino? Se eu disser que estas nossas escritas são de inspiração divina, 
quem não duvidará? Melhor: quem acreditará? Não teremos pelo 
menos tantas razões para acreditar que são divinas como para 
acreditar que não são? E abriram-se realmente os céus ou… é 
simbólico? Javé pôs a mão em cima do profeta ou… é simbólico? E 
o trono? E a pedra de safira - que teria de ser bem grande para fazer 
de trono? E que céus? Que alto? Não há aqui, povoando a 
imaginação de Ezequiel, a leitura do Pentateuco? E viu realmente 
Deus ou não? E ouviu realmente ou não? Com que voz? E as 
formas eram bem distintas ou… envoltas em bruma, pois já 
Moisés não pudera ver a Deus face a face, mas só de costas e 
morreria se de outro modo acontecesse? Lembram-se? Não há 
aqui uma encenação de Ezequiel para tornar mais credível as suas 
“profecias” junto do povo que com ele estava já no exílio?
Finalmente, como se arrisca o “nosso” comentador a falar em 
“contacto com o divino”? Que contacto? Em visões tal qual um 
sonho que bem poderia ser divino ou diabólico como um 
pesadelo? Ou… ali, no real? A descredibilidade deste Ezequiel 
acentua-se, logo de início, com tais interpretações-comentários!…


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